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CHILE | Declaração do Comitê de Saúde e Segurança do Hospital Barro Luco Trudeau

Reproduzimos por esse meio a declaração proveniente da primeira reunião do Comitê de Saúde e Segurança, assinada por 14 organizações políticas e sociais distintas.

quarta-feira 20 de maio de 2020 | Edição do dia

Há mais de 2 meses do início da crise da saúde, após o desenvolvimento da pandemia do Coronavirus a nível mundial, no Chile existe mais de 43 mil casos de contágio, 450 mortos e milhares de casos de Covid-19 assintomáticos, dos quais não há clareza pois foram considerados pelo governo muito tarde.

Nesses dias, a crise deu um salto, e o colapso de muitos hospitais é eminente. Não temos nenhuma dúvida: Piñera e Mañalich são responsáveis do aumento explosivo de casos, são eles que obrigaram milhares de trabalhadores de lugares não essenciais a trabalhar. Foi o governo o que quis instalar uma “nova normalidade” e foram eles que abriram os shoppings, tudo para resguardar a ganância dos empresários. Agora eles tem a coragem de culpar o povo, mas o verdadeiro irresponsável e criminoso tem nome e sobrenome: Sebastian Piñera.

No âmbito da saúde, isso tem sido particularmente crítico, o sistema público está a borda do colapso, com um aumento sustentado de funcionários contagiados até as primeiras mortes, somado os milhares que estão em quarentena, inclusive se está obrigando a voltar a trabalhar os funcionários que deram positivo sem realizar testes que comprovem que efetivamente já não se encontram contagiados. Essa situação está agravada pela falta de testes, de insumos, de camas e de ventiladores mecânicos, que são a consequência imediata de anos de deterioração da saúde pública, com um modelo defendido e aprofundado tanto por governos da direita como os da ex Concertación e a ex Nova Maioria.

Seguir mandando milhões de trabalhadores não essenciais a trabalhar é condenar o sistema público ao colapso, pondo em risco a vida do povo, incluindo todas e todos os trabalhadores da saúde, que estado na linha de frente, somos os primeiros a pagar cada um dos passos que dá o governo. Nós advertíamos desde hoje: a chamada lei de Proteção ao Emprego, que votaram desde a direita até o Partido Comunista é dar o sinal livre para demissões e suspensões, pagando com nosso seguro desemprego reduzindo nossa renda ou recebendo bônus insignificantes, brincando com a vida dos trabalhadores e do povo. Deixar sem sustento as famílias trabalhadoras somente resultará em pior saúde, maior super lotação e miséria para milhões, o que aumentará o colapso do sistema de saúde.

A atual crise tirou as dúvidas de que o governo, os Carabineros e as Forças Armadas não se interessam a saúde de nossas famílias. Temos sido nós que se esforçamos para cuidar de nós mesmos, através da lavagem das mãos, distanciamento social, uso de máscaras como medidas básicas, porque realmente nos importa a saúde dos nossos.

Diante essa situação de crise econômica e de saúde, surge a necessidade de nos organizarmos, pois temos visto como as grandes organizações de trabalhadores como a CUT se mantém no silêncio e na inação. E nos organizamos através do Comitê de Saúde e Segurança que, se bem foi convocado pelos e pelas trabalhadoras agrupados na Fenats do Hospital Barros Luco, hoje é conformado por diferentes organizações sociais, de mulheres, políticas e sindicais, das mãos de trabalhadores, estudantes e colonos, os principais afetados pela crise.

Nos organizamos porque hoje é mais urgente que nunca ouvir as agitações em voz alta para lutar e exigir medidas urgentes para enfrentar a pandemia e a crise econômica, como também retomar as demandas da Revolta de Outubro que hoje se mostram mais necessárias que nunca. O governo quer que fiquemos calados, mandam os militares as ruas e os carabineros reprimem qualquer intenção de protesto. Organizarmos e protestar é uma necessidade vital, diante um governo que joga com nossa vida. Não ficaremos calados e assumimos a tarefa de unir trabalhadores da saúde, estudantes, colonos e usuários em geral.

Por isso quem se organiza nesse Comitê aposta dar uma luta para que os trabalhadores da saúde, a primeira linha de combate contra essa pandemia, não sejam expostos de forma não necessária e irresponsável, pois entendemos que sem eles o sistema entra em colapso por completo e com ele toda a população especialmente os setores mais vulneráveis. Não somente buscando coordenar a entrega de insumos, tão urgente hoje, se não fundamentalmente por meio da exigência as autoridades, que falam de armazéns cheios, mas, no entanto, não distribuem em medidas adequadas de proteção nem medidas básicas de tratamento, como camas e ventiladores, destinadas ao conjunto da população. Porque a saúde é um direito e não um negócio como até agora se vem manejando.

Junto com isso acreditamos ser necessário acabar com as demissões e suspensões de trabalho em meio a essa pandemia que joga as nossas famílias as ruas e totalmente vulneráveis aos piores embates dessa crise.

Por últimos, acreditamos ser necessário assinalar que isso é um esforço de todos. Por isso mesmo fazemos um chamado a todas as organizações de trabalhadores, de estudantes, de mulheres e colonos, assim como toda pessoa que deseje se organizar frente a crise, a fazer parte desse Comitê e dessa luta para mostrar que a saída a atual crise econômica e sanitária não tem que ser ao custo da vida da maioria. Que seja quem as provocaram, os responsáveis de resolver-las.

Querem pagar com nossas vidas a crise sanitária e econômica! Não mais contágios por falta de insumos! Nenhuma família na rua na pandemia!




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