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Cursinho Alternativo da Unesp de Marília realiza importante ato na Unesp!

sexta-feira 15 de maio de 2015 | 00:16

CAUM em Luta

Com palavras de ordem, cartazes e tambores pelo saguão e corredores da Unesp de Marília os manifestantes gritavam: “Pelo fim do vestibular, trabalhador tem direito de estudar e sem pagar!”, “O corte de bolsas não vai passar, os estudantes do CAUM estão aqui para lutar!”.

Essa palavra de ordem dizia respeito a um dos motivos principais do ato: no último mês, sem nenhum aviso prévio, o recurso de duas bolsas foi cortado do Cursinho, debilitando todo o planejamento do projeto. Este ataque da Reitoria vem em um cenário no qual o cursinho acabava de se reorganizar após o corte de metade das bolsas no ano de 2014. Em assembleia os professores e estudantes do cursinho entenderam que se tratava não de um ataque aos bolsistas, mas de um ataque à classe trabalhadora de Marília, que terá a qualidade do cursinho prejudicada.

“Não vai passar nenhuma expulsão, estudantes em luta pela reintegração!”

Outro motivo central da manifestação foi a luta contra a expulsão autoritária de 17 estudantes da Unesp de Araraquara que lutaram por permanência estudantil.
Os estudantes entenderam que a defesa das bolsas passava antes pela defesa do direito de lutar. A expulsão dos estudantes abriria caminho para mais cortes aos trabalhadores, pois limitaria a resistência do movimento estudantil. Os estudantes seriam expulsos com base em um regimento herdado da ditadura militar que diz ser proibido a manifestação político-partidária.

Desta forma, assim como o CAUM já prestou solidariedade aos metroviários, aos professores da rede estadual, e a diversas outras categorias, protagonizaram também um importante ato em defesa dos estudantes ameaçados de expulsão. O grito “Não vai passar nenhuma expulsão” ecoou por toda a Unesp, e com certeza cumpriu um papel importante na revogação das expulsões que foi votada no dia seguinte no Conselho Universitário da Unesp .

Por que atacam o CAUM?

O CAUM sistematicamente é atacado por ser um cursinho militante, que diferentemente de outros cursinhos pré-vestibulares, não se limita a uma lógica assistencialista de simplesmente fazer uma espécie de “reparo” a um ensino público de má qualidade. Pelo contrário, a perspectiva do projeto é a auto-organização da classe trabalhadora para lutar pelo fim do vestibular e estatização das universidades privadas. Por isso, permanece em luta, e suas decisões pedagógicas passam pela perspectiva para além do vestibular. É organizado por meio de assembleias com voz e voto de professores e estudantes. Os estudantes do cursinho conquistaram também espaços no movimento estudantil da Unesp, podendo ter seus representantes em encontros estaduais do movimento, e em assembleias locais. Foi através da luta que hoje é reconhecido por toda a comunidade de Marília e região por ser um cursinho pré-vestibular que luta pelo fim do vestibular.

O CAUM incomoda por ter dado exemplos de luta nos últimos anos, desde a incorporação dos estudantes que antes eram classificados pela Unesp como ouvintes, agora absorvidos pelo cursinho, abolindo os processos seletivos excludentes para entrada no cursinho. Foram destacadas também a luta pelo direito de uso da biblioteca, Laboratório de Informática e Restaurante Universitário, a luta pela acessibilidade de estudantes com deficiência motora, entre outras batalhas vencidas ou em curso. O CAUM chegou a expandir esta luta estadualmente nos últimos anos através dos fóruns de cursinhos, e do movimento estudantil da Unesp incorporando suas pautas.

É desta forma que o cursinho acaba sendo um polo aglutinador da classe trabalhadora sistematicamente excluída das universidades, bem como vem erguendo importantes barricadas na luta contra as opressões dentro da Unesp, local onde os negros da cidade se sentem a vontade, e onde as opressões de gênero e sexualidade são combatidas nas próprias aulas, sendo “Opressões” uma disciplina da grade.

Com o Brasil entrando nos ritmos de crise econômica, e com a diminuição das verbas da universidade, os cortes são seletivos. Os projetos que produzem conhecimento voltado aos grandes capitalistas recebem incentivos, ao passo que os projetos voltados à comunidade, como o CAUM, são atacados. O cursinho decidiu não abaixar a cabeça e defender que os capitalistas paguem por sua crise!

Em depoimento sobre a manifestação da noite do dia 06, Ana Carolina Fulfaro, uma das coordenadoras do CAUM, militante da Juventude As Ruas e do Movimento Revolucionário dos Trabalhadores descreveu:

“Quando os estudantes das periferias, das escolas públicas, do EJA de Marília e região, entraram aos gritos com megafones e cartazes, a Unesp se arrepiou. Quando esses, que pagam os impostos que sustentam a universidade, e que enfrentam a barricada do Estado que é o vestibular, passavam em frente as salas dos universitários gritando com toda força “pelo fim do vestibular”, e “a expulsão não vai passar” recuperaram o melhor da combatividade histórica dos oprimidos e explorados! É uma noite para não ser esquecida. Foi um aviso: nos organizaremos para barrar os cortes!”




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