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TRIBUNA ABERTA | Crônica de uma jovem estudante e trabalhadora da região metropolitana do Recife

quarta-feira 24 de março de 2021 | Edição do dia

Foto: Bruno Campos / Jornal do Comércio

01/03/2021

Há algumas semanas tenho usando o transporte público com uma certa frequência para acompanhar a minha mãe ao médico e tenho percebido em vários coletivos que além dos passageiros comuns do dia a dia, tem aumentado também a presença de alguns jovens e adolescentes pobres que encontram na informalidade a oportunidade de conseguir alguns trocados para sobreviver. Esses no entanto, oferecem um serviço um tanto necessário para o momento de crise sanitária que vivemos: eles borrifam álcool nas mãos dos passageiros e também limpam os ferros que servem de apoio para o grande número de passageiros que estão em pé. Em seguida se identificam e dizem o que lhes trouxeram aos coletivos em mais um momento crítico da pandemia. A resposta é obvia, a fome e a necessidade de ajudar a família. Esses jovens trabalhadores informais estão em busca de algum dinheiro em troca do álcool que distribuem nas nossas mãos.

Fiquei surpresa ao me dar conta de que quanto mais a pandemia se prolonga, mais precárias e variadas são as atividades que as pessoas mais pobres vem desempenhado para driblar a fome, uma vez que somos os mais atingidos pelas desigualdades sociais do país.

O que essas linhas de ônibus têm em comum? Talvez seja o fato de terem um grande número de passageiros na saída dos terminais integrados e ao longo do seu percurso! E essa seja talvez uma estratégia dessas pessoas que tem pressa e fome.

Em um momento de sérias restrições das atividades comerciais por conta da quarentena, somos levados a exercer atividades que se fazem necessária apenas temporariamente, a partir das brechas encontradas no sistema capitalista para conseguir levar um trocado para casa. Certamente essas pessoas não pretendem viver dessas atividades, apesar de sua permanência devido ao descaso dos órgãos competentes e do retardo nas medidas de segurança e combate ao COVID-19, toda essa situação tende a um dia passar. Enquanto as medidas coletivas corretas não forem postas em prática e a vacinação não chega para toda a população, essas pessoas vão sobrevivendo com o que lhes é possível. Esses indivíduos estão na margem da margem do trabalho informal, uma vez que nem como ambulantes, devido ao grande número de pessoas desempregadas já exercendo essa atividade, eles conseguem o mínimo de renda.

A Tribuna Aberta não necessariamente expressa os pontos de vista do Esquerda Diário e do MRT


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