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Crise esmaga renda de metade dos brasileiros enquanto Guedes dá 1,2 trilhões para os bancos

Os mais afetados pela pandemia e crise econômica, que trouxe a paralisação de seus empregos e consequentemente maior ameaça de corte salarial ou demissão, são as mulheres (64%), mais jovens (75% entre 16 à 24 anos) e mais velhos (65% acima de 50 anos).

domingo 12 de abril de 2020 | Edição do dia

Pesquisa do Instituto Locomotiva, dilvulgada pelo Estadão, aponta que 51% das pessoas afirmaram ter perdido renda nesta epidemia, que se combinou com uma forte crise econômica, já era anteriormente projetada por muito analistas econômicos.

De acordo com os dados coletados, 51% já tivera sua renda cortada; 88% estão preocupados e 58% muito preocupados com demissões; mesma proporção vale para quem acredita que a renda familiar será prejudicada (88%) e 53% esperam um forte impacto; 6 em cada 10 trabalhadores dizem que suas empresas estão com as atividades suspensas.

Os mais afetados pela pandemia e crise econômica, que trouxe a paralisação de seus empregos e consequentemente maior ameaça de corte salarial ou demissão, são as mulheres (64%), mais jovens (75% entre 16 à 24 anos) e mais velhos (65% acima de 50 anos).

Vemos que as mulheres, jovens e mais velhos são os grupos mais impactados pela ameaça de desemprego e redução salarial, o que mostra os limites claros das medidas de quarentena dos governadores por fora de ações para proteger as condições de vida destes trabalhadores, o que pode facilitar a contaminação e força da doença caso ocorra infecção; se considerarmos os impactos da crise nos mais velhos, esse perigo é redobrado.

Por outro lado, os 40% de trabalhadores que continuam a trabalhar (4 em cada 10 afirmam que mantém a atividade econômica), entre os quais 37% não trabalha de casa, sofrem com a falta de condições e de proteção contra o coronavírus.

Levando em conta as propostas de Bolsonaro em sua MP que garante o corte de salários e deixa livre para os capitalistas realizarem demissões massivas, como estamos vendo nos EUA, onde 16 milhões de trabalhadores já buscam o auxílio desemprego, se mostra um fato dado os impactos degradantes nas condições de vida dos trabalhadores.

A matéria do Estadão e o presidente do Instituto, Renato Meirelles, sugerem que neste momento os trabalhadores devem cortar suas despesas para aguentar os trancos da crise.

"As pessoas precisam agir como empresas e precisam agir rapidamente. O que as empresas estão fazendo? Renegociando os custos fixos. Essa é a ação número um: cancele ou reduza pacotes de serviços. Renegocie seu contrato de aluguel e o valor do condomínio. Os gastos com moradia costumam afetar em 30% do orçamento das pessoas.". Afirma Renato Meirelles.

Essa sugestão de que pessoas se comportem como empresas é uma das receitas favoritas do mercado e de toda ideologia liberal que trata todos como empreendedores e ignora as diferentes realidades entre as classes sociais.

As famílias de trabalhadores não receberam trilhões do governo com plano de resgaste e ajuda, como o Banco Central e Paulo Guedes fazem com grandes empresários e banqueiros, esses últimos pela sua vez continuam a negar empréstimos baratos para pequenos empregadores, mesmo recebendo 1,2 trilhões do governo.

Chega a ser piada de mau gosto se levarmos em conta os dados do IBGE que apontam que 60% dos brasileiros tiveram renda média inferior ao salário mínimo (R$ 928) a sugestão de corte de gastos. Se trata de uma sugestão de que cortem com alimentos e passem fome? Na mesma lógica entra o auxílio de 600 reais do governo, que mesmo sendo insuficiente, tarda para chegar aos mais necessitados.

Milhões de famílias que dependem de trabalhos com baixa remuneração e que foram jogados na informalidade e/ou desemprego graças as reformas neoliberais como a Reforma Trabalhista nos últimos anos, se enfrentam agora com a MP de Bolsonaro e Guedes, que são um prelúdio da destruição da CLT e de direitos que Bolsonaro, com sua sonhada Carteira "Verde e Amarela", pretende impor aos trabalhadores brasileiros.

Entre a defesa da normalidade econômica obscurantista de Bolsonaro, que defende o retorno dos trabalhadores aos postos de trabalho para assim gerarem lucros aos patrões e verem sua vida em risco com o salto de infecções e mortes que essa medida traria, e o isolamento social horizontal das quarentenas defendidas pelos governadores e Maia, que não levam em conta a necessidade de testes massivos e nem a tremenda desigualdade que coloca em cheque a efetividade de isolamento domiciliar num país onde milhões vivem em pequenos cômodos e quartos compartilhados, sem acesso à água potável e serviços públicos de saneamento básico.

Entre estas duas falsas alternativas dos governos capitalistas que se colocam em choque, os trabalhadores tentam se equilibrar entre a ameaça do desemprego e do contágio pelo coronavírus.

É necessário que os trabalhadores se proteja como classe. Se Bolsonaro já propôs o corte de 4 meses dos salários de trabalhadores, é necessário que os trabalhadores defendam suas condições de vida e trabalho. É preciso anistiar todas as contas de água, luz, aluguel, internet e serviços essenciais; a garantia de 100% dos direitos e dos salários para os que estão em quarentena e os que ainda continuam a trabalhar, que também devem ter sua saúde garantida; a proibição de demissões, com nacionalização das propriedades de patrões que demitam e controle operário da produção; e uma série de medidas para que a crise não seja paga pelos trabalhadores, enquanto os capitalistas buscam salvar como podem seus lucros, destinando milhões a dificuldades e penúria com cortes de salário e demissões.




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