×

CRISE DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS CARIOCAS | Crise da UERJ e UFRJ e surgimento de um novo movimento estudantil

quinta-feira 21 de maio de 2015 | 00:24

Passados seis dias de ocupação da reitoria da UFRJ e um dia depois de assembleia geral dos estudantes da UERJ que votou indicativo de paralisação em todos os cursos até o dia 28, o movimento estudantil continua se desenvolvendo nas duas universidades.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro, tal como a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, UERJ, foi sacudida pelos cortes de verbas no início do ano que afetou os terceirizados e as bolsas estudantis e levou diversos campi a adiarem as aulas. Muitos estudantes debatem, hoje, na ocupação da reitoria se aceitam ou não o indicativo da reitoria que as aulas voltem a sua normalidade amanhã. Esta proposta encontra viva resistência de muitos estudantes, uma vez que os terceirizados em vários campi só receberam os salários de abril e ainda há dívidas trabalhistas de todo o ano que nem a empresa terceirizada, nem a reitoria ou o governo Dilma se responsabilizam.

Esta situação ganha contornos ainda mais dramáticos em alguns locais. No campus de Macaé desta universidade (UFRJ) os terceirizados sequer receberam o salário de abril. Frente a este descaso com a situação dos terceirizados, muitos estudantes debatem nesta madrugada como se posicionar amanhã, quinta-feira, na reunião do Conselho Universitário que debaterá assistência estudantil, e se medidas de luta como a ocupação da reitoria devem seguir e como aprofundar sua mobilização, que tende a se combinar com a greve dos professores e técnicos-administrativos das universidades federais, votados para quinta-feira que vem, dia 28.

Na UERJ, também afetada por cortes de verbas, efetuadas não pelo governo Dilma mas por seu aliado Pezão do PMDB, vários cursos realizaram assembleias no dia de hoje (20 de maio) onde além de referendar o calendário proposto pela assembleia geral estudantil de ontem, organizaram sua pauta e organização.

Cursos como Serviço Social, Ciências Sociais, História e Psicologia todos votaram paralisações até semana que vem. Tanto Serviço Social como Ciências Sociais paralisarão suas atividades até sexta-feira para que o movimento estudantil se expresse ativamente em meio à paralisação nacional do dia 29 e junto à luta contra a precarização de sua universidade expressem a luta contra o PL 4330 e as MPs dos ajustes de Dilma.

Os cursos de História e Psicologia seguirão, até o momento, o indicativo geral de parar até quinta-feira e confluir com o chamado a manifestação de todas as universidades nesta mesma data. Todos estes cursos, e também a assembleia do Direito, votaram aderir a manifestação convocada amanhã pela associação dos professores, a ASDUERJ, na frente do palácio do governo.

Estas assembleias de cursos na UERJ são um passo adiante, reunindo centenas de estudantes em cada um destes cursos, para que os estudantes tomem em suas mãos a organização desta luta e mesmo onde sua mobilização encontre alguma resistência dos professores, como está ocorrendo em algumas salas da psicologia, os estudantes se organizem para debater suas pautas e tomarem as ruas.

Este curso, bem como o Serviço Social, possivelmente outros cursos, além de votar o calendário geral aprovado no dia 20 de maio, também votou organizar uma grande manifestação no dia 25 pelo direito à creche para todas as estudantes, professoras e funcionárias, concursadas ou terceirizadas.

No curso do Serviço Social também foi aprovado um chamado a todos centros acadêmicos e estudantes do Rio de Janeiro para que coordenem suas lutas e organizem um encontro onde possam aprofundar a visão, e a luta comum contra esta crise do sistema universitário.

A crise destas universidades, símbolo do sistema universitário público do Rio de Janeiro, é muito maior do que uma crise de falta de pagamento de terceirizados e corte de bolsas de estudantes, trata-se de uma crise que abre o questionamento de que lugar estas universidades terão para os governos e as elites no Brasil em meio à recessão que está se desenvolvendo e aos profundos cortes nos orçamentos públicos.

Está colocado ao movimento estudantil coordenar as lutas entre estas universidades, coordenar-se com os professores, técnicos-administrativos e terceirizados nas mesmas, mas também, avançar da luta em defesa das universidades, contra estes ataques, para a luta contra os ajustes do governo Dilma e os cortes de Pezão. Também está colocada a necessidade de se erguer um movimento que ajude a questionar o lugar das universidades no capitalismo brasileiro e possa, em meio a esta crise, ajudar a criar universidades verdadeiramente democráticas: abertas aos trabalhadores e negros e que produzam conhecimento para os trabalhadores e a população, e não para os lucros.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias