×

Crise ambiental | Cresce apelo internacional por jornalista e indigenista desaparecidos em região amazônica marcada pelo garimpo ilegal

Colaborador do jornal britânico The Guardian, Dom Phillps, e o servidor licenciado da FUNAI, Bruno Pereira foram vistos pela última vez no domingo de manhã. Dom esperava colher depoimentos de moradores constantemente ameaçados por garimpeiros e madeireiros.

terça-feira 7 de junho de 2022 | Edição do dia

Foto: Joao LAET / AFP/ Reprodução

Bruno Pereira e Dom Phillips foram vistos pela última vez no domingo de manhã na região do Atalaia (AM), conforme áudio enviado pelo próprio Bruno, onde informava que eles voltariam no dia 6, segunda-feira. O sumiço do indigenista e do jornalista ganhou repercussão internacional, com enfase no histórico de violência sofrida por indígenas, marcados por conflitos com garimpeiros, madeireiros e caçadores ilegais.

As famílias pedem urgência e rapidez na procura dos dos desaparecidos. Em nota pública, a esposa de Dom Phillips, do The Guardian, implorou às autoridades brasileiras: ’’Quero implorar às autoridades brasileiras que busquem meu marido, Dom Phillips, e seu parceiro de expedição, Bruno Pereira, com urgência. No momento em que faço este apelo, eles já estão desaparecidos há mais de 30 horas no Vale do Javari, uma das regiões mais conflagradas. Na floresta, cada segundo conta, cada segundo pode ser vida ou morte. Sabemos que, depois que anoitece, se torna muito difícil se mover, quase impossível encontrar pessoas desaparecidas.’’

A Amazônia (principalmente região do Amazonas) é marcada pela ação de caças e pescas ilegais que têm se combinado com outros tipos de crimes, como o narcotráfico. Junte-se a isso, todo tipo de atividade ilegal com garimpeiros e madeireiros, permeada por muita violência contra povos que residem na região, e um histórico de violência também contra intelectuais e ativistas.

No entanto, essa situação agravante na região é reflexo do descaso do Estado com o governo federal, seja no desmantelamento de órgãos de proteção como a FUNAI, cortando cada vez mais o orçamento para fiscalização e o combate ao garimpo ilegal e a consequente prevenção da violência, deixando a região a mercê de todo tipo de crime, e mais que isso, deixando confiantes latifundiários e mercenários de todo tipo, que são base desse governo. Como há décadas a violência que vem sendo praticada pelos garimpeiros contra a comunidade yanomami, e se expressou de forma bárbara no recente caso de sumiço de uma comunidade inteira depois de denuncias de estupros de crianças e territórios incendiados em Roraima.

Enquanto isso, a política do governo Bolsonaro, Mourão e militares, junto ao congresso e o STF, pretendem ampliar esse cenário catastrófico com o reacionário pacote de destruição ambiental, a PL 490, o Marco Temporal, e a PL191, o que na prática significa liberação mineração em mais 3 milhões de equitares nas terras indígenas, gerando mais lucros para o agronegócio.

Os Indígenas vem se mobilizando contra esses ataques, como no acampamento em Brasília no ano passado, reunindo milhares de diversos povos, ativistas e apoiadores, com as mulheres indígenas na linha de frente. A luta incansável dos povos originários mostra o caminho para derrotar esse pacote de destruição e todos os ataques desse regime político herdeiro do golpe institucional, ao contrário da aliança com a direita como vem fazendo o PT e Lula junto a Alckmin.

"É preciso fortalecer uma ampla campanha democrática e internacional pelo aparecimento com vida do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Ao mesmo tempo sabemos que não é possível confiar nas instituições desse governo que deliberadamente aprofunda a destruição ambiental, a perseguição aos povos originários e consequentemente aos ativistas e intelectuais aliados dessa causa, por isso precisamos lutar por uma investigação independente desses crimes, com organismos representativos dos povos originários, direitos humanos, sindicatos e movimentos sociais e que o Estado seja responsabilizado. Os nossos sindicatos, Centrais sindicais, como a CUT e CTB, dirigidas pelo PT e PCdoB precisam estar a serviço de fortalecer essa batalha.", declarou Letícia Parks, fundadora do Quilombo Vermelho, ao Esquerda Diário.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias