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TECNOLOGIA E NOSSAS VIDAS | Cozinhando o cérebro? O que seu celular e o forno micro-ondas têm em comum?

quarta-feira 12 de agosto de 2015 | 14:26

O celular não foi a primeira invenção da humanidade para comunicação sem fio. Muito antes deles, já usávamos o clássico aparelho de rádio para ouvir notícias, músicas que, aparentemente, vinham do nada. Se eram as ondas de rádio que traziam as notícias de muito longe, as ondas que comunicam os celulares são chamadas micro-ondas. Mas assim como precisamos sintonizar numa frequência específica para ouvir a nossa rádio favorita, as diversas operadoras e tecnologias (2G, 3G e 4G) usam diferentes “estações” para mandar as suas mensagens.

A faixa de micro-ondas varia de 1.6-30GHz [1], o que significa em termos físicos que esta onda é bem menor que uma onda de rádio, alcançando o tamanho da ponta do seu dedo. Consequência disso é que elas não conseguem ir muito longe, mas por outro lado, suas antenas são pequenas. Você possivelmente já viu umas antenas brancas de cerca de 1 metro em cima de prédios. Essas antenas são responsáveis por cobrir toda a cidade e garantir que a sua ligação seja mantida ou sua mensagem de “zapzap” seja entregue. Dependendo da distância entre as pessoas, essas ondas vão passando por dezenas de antenas, sendo recebidas e retransmitidas numa velocidade tão alta que parece que estamos falando instantaneamente.

E se essas ondas andam pelas cidades, atravessam paredes, montanhas, porque muitas vezes ficamos sem sinal ou não conseguimos completar uma ligação? Ondas eletromagnéticas (nome genérico para todas essas ondas que falei) podem ficar “presas” se estamos dentro de uma estrutura tipo gaiola metálica (como os vergalhões de um prédio por exemplo) e aí não conseguimos ver nenhuma barrinha de sinal. Não completar a ligação já tem a ver com a operadora, que para fins lucrativos considera que nunca todos os seus clientes falarão todos ao mesmo tempo. Sendo assim, elas instalam menos antenas e pode ser que numa hora de “rush” as conexões com todas as antenas próximas de você estejam ocupadas e você tenha que esperar.

E afinal? Nosso cérebro está cozinhando

Como eu disse, o que chamamos de micro-ondas é uma longa faixa do espectro eletromagnético (uma espécie de arco-íris que contém várias ondas além das que citei) e o nosso forno trabalha numa frequência muito específica de 2,45GHz. Isso não é aleatório, esta é frequência na qual as moléculas de água (que estão presentes em todos os alimentos) se “agitam” aumentando a temperatura. No Brasil, os celulares da tecnologia 4G operam muito próximo dessa frequência (2,5GHz), ou seja, você está colocando um forninho do lado do seu cérebro.

Isto está para mudar, provavelmente nos próximos anos. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) é o órgão federal que regulamenta o uso das ondas eletromagnéticas e irá promover essa mudança da faixa de operação. O governo cobra (e caro!) pelo aluguel de faixas do espectro e assim como os leilões do petróleo, acontecem leilões para que as operadoras consigam frequências para trabalhar. O “leilão do 700MHz” aconteceu em setembro de 2014 [2] e alugou essa faixa, que antes era da TV, para que as operadoras usem para o 4G. Mas não pense que estão mudando por conta de nossas cabeças, a faixa onde atualmente operam são muito ruins para transmissão. E, infelizmente, esse leilão será pago por nossas contas telefônicas.

Mas não fique tranquilo! Independente da tecnologia do seu celular (3G, 2G, 4G), eles são fontes emissoras de radiação e a Organização Mundial da Saúde [3] alerta para os riscos da exposição. Vários estudos investigam o efeito a curto prazo, que podem afetar a pressão arterial, frequência cardíaca, atividade cerebral e o sono. Outros estudos buscam a relação entre tumores cancerígenos cerebrais e o uso de celular. Por via das dúvidas, evite manter o celular próximo da cabeça ou outros órgãos sensíveis e, sempre que possível, use fone de ouvido ou viva-voz.

[1] http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/ems2.html
[2] http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/4g-o-leilao-furado-4240.html
[3] http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs193/en/




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