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PESQUISA | Covid mata mais preto e pobre do que rico em São Paulo. Veja mapa da desigualdade

quinta-feira 18 de março de 2021 | Edição do dia

A ideia de que o virus não distingue cor nem classe social não é totalmente verdadeira. Não porque o virus checa a conta bancária da vítima antes de atacar, mas porque classe social e cor determinam as condições de segurança sanitária, alimentação, tratamento, acesso à saúde de qualidade, e assim por diante. A constatação dessa terrível verdade se vê no mapa da Covid abaixo, produzido pelo estudo Social Inequalities and Covid Mortality in the City of Sao Paulo (Desigualdades sociais e mortalidade pela Covid na cidade de São Paulo).

Se você mora em Cidade Tiradentes, Guaianases, Parelheiros ou mesmo Freguesia do Ó, as chances de você morrer de Covid são muito maiores do que se você mora no Jardim Paulista, Alto de Pinheiros ou Higienópolis. O virus não odeia pobre nem reconhece melanina, mas o capitalismo escancara os impactos do virus em uma cidade tão desigual quanto São Paulo. É como se, dentro da cidade, houvesse diferentes São Paulos.

A taxa de mortalidade em um bairro como o Brás chega a 192,3 mortes a cada 100 mil habitantes enquanto que no Jardim Paulista são 48,1 mortes a cada 100 mil habitantes. Se compararmos mapas como esses com mapas de expectativas de vida, as diferenças de cores seria semelhante. Ainda segundo a pesquisa, “Para além do dinheiro, a cor da pele é o fator mais preponderante para o risco de perder a vida por causa do Sars-CoV-2, uma vez que entre pretos e pardos as taxas de mortalidade são 81% e 45%, respectivamente, mais altas que as de pessoas brancas.”

Isso ocorre pois os negros tendem a ter renda menor num país tão racista quanto o Brasil, portanto menos condições de ter um tratamento melhor do que o do branco, bem como boa parte dos trabalhadores da periferia estão sendo obrigados a pegar transporte público todos os dias para ir trabalhar, não tiveram direito à quarentena. Preto e pobre em São Paulo, e em muitas outras cidades, se expõem mais ao vírus.

As conclusões da pesquisa reforçam a ideia de que o capitalismo não dá mais, que é preciso destruí-lo antes que ele destrua ainda mais vidas, famílias, histórias e gerações.




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