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CORONAVÍRUS | Covid-19 na África: sem água e com 3 respiradores para 5 milhões de pessoas

A República Centro-Africana é um país localizado na África Central que possui um número escasso de máquinas de ventilação mecânica, 3 aparelhos para os 5 milhões de habitantes, o que vai abrir um cenário muito profundo de crise, pois os respiradores mecânicos são o tratamento indicado para pacientes em caso grave de Covid-19.

sexta-feira 10 de abril de 2020 | Edição do dia

Em Serra Leoa são 18 aparelhos respiradores para 7,5 milhões de habitantes, em Burkina Faso 11 para 19 milhões. Segundo a ONG Comitê de Resgate Internacional a Somália possui 15 leitos de UTI para quase 15 milhões de pessoas, no Maluí são 25 leitos para 17 milhões e em Uganda 55 leitos de UTI para 43 milhões de habitantes.

A Itália, país com maior número de mortes e infectados, chegando a mais de 18 mil óbitos por covid-19 tem 5 mil leitos de UTI para 60 milhões de habitantes.

A tragédia está anunciada no continente africano, a precariedade do sistema de saúde evidencia uma problema estrutural do capitalismo que nos países da África aparece de forma ainda mais latente, a saúde pública nunca deu conta de atender os trabalhadores e agora com a pandemia do coronavírus aponta a um cenário de catástrofe. As questões sanitárias e as condições de higiene e saneamento das populações africanas também são outro problema grave, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância na África Ocidental e Central mais de um terço da população não tem acesso a água potável, na região subsariana 250 milhões de pessoas não têm acesso à água para lavarem as mãos.

A epidemiologista Anna Roca que trabalha para a Unidade de Gâmbia da Escola de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres em entrevista à BBC Mundo comentou sobre as péssimas condições de higiene e a falta d’água e sobre os limites das quarentenas impostas a trabalhadores que seguirão trabalhando:

“Para obter água na Gâmbia, é preciso sair de casa e coletá-las nas torneiras públicas. Portanto a higiene não é uma prioridade, porque não água para lavar as mãos continuamente [...] Em países que as pessoas ganham o dinheiro do dia , onde não existe a possibilidade de poupar, onde a maioria das trocas comerciais é informal, o impacto pode ser muito grande e rápido.”

Por conta da precariedade da vida e dos empregos no continente africano, milhões de trabalhadores terão que seguir com suas jornadas de trabalho diárias para terem o que comer, e por falto de recursos de governos locais não terão condições de exercer suas funções no trabalho sem estarem expostos ao vírus. Além disso, a crise econômica que vem antes do coronavírus poderá precarizar ainda mais a vida de trabalhadores não só na áfrica, mas também na Ásia e na América Latina, segundo um estudo da ONU, 500 milhões de pessoas podem ser jogadas à pobreza por conta da pandemia do coronavírus, ⅓ desses novos pobres estaria na África subsariana e no sul da Ásia, 10% na América Latina e 40% no leste da Ásia e no Pacífico.

A medida que a pandemia avança e vai deixando seus primeiros mortos na África, vemos que governos burgueses de países desse continente que nada tem a ver com seu povo e com os trabalhadores há muito tempo não se importa com suas vidas, e sim com os lucros de capitalistas, principalmente, de países imperialistas. Ainda que o tráfico de negros africanos e a escravidão tenha acabado a séculos, a estrutura precária de vida, saúde, moradia, sanitária e trabalho dos negros africanos ainda hoje evidenciam como o racismo é parte estruturante da acumulação capitalista nos dias atuais. Os trabalhadores africanos devem tomar em suas mãos toda produção de seus países frente o projeto de rapina imperialista, colocando todos os recursos dos países para salvar vidas e não para enriquecer banqueiros estrangeiros através de dívidas públicas. Só assim se poderá construir novos leitos de UTI e respiradores, além de garantir álcool em gel, máscaras e testes massivos para a população.

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