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ECT | Correios aumentam tarifas e apresentam plano de austeridade

sexta-feira 11 de dezembro de 2015 | 00:00

O Diário Oficial da União publicou hoje (10) portaria autorizando o aumento das tarifas dos serviços postais e telegráficos, nacionais e internacionais, prestados exclusivamente pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). A correção das tarifas, como as de entrega de cartas e telegramas, será 8,89% e ajudará a diminuir o déficit no orçamento da estatal, que deve chegar a R$ 2 bilhões até o fim do ano.

Segundo informações da Agência Brasil, além da revisão das tarifas, o novo presidente dos Correios, Giovanni Queiroz, informou que medidas administrativas também fazem parte do pacote previsto. Ele quer adiar a renovação das frotas de carros e caminhões da empresa, que atualmente ocorre a cada cinco anos. Ou seja, apenas para começar, quem paga pela má gestão, corrupção e privilégios de alta cúpula que sempre houve na empresa são novamente a população e os trabalhadores, com aumento de preços e sucateamento da frota.

Os contratos de 4,8 mil imóveis que a empresa aluga serão também revistos, verbas publicitárias e de patrocínio serão cortadas e até o horário de funcionamento das agências poderá sofrer alterações. Para o ano que vem, o objetivo é cortar R$ 1,7 bilhão em gastos e aumentar em R$ 300 milhões a receita da empresa.

A estatal informou que, com a atualização nos preços, o envio de uma carta não comercial, por exemplo, que hoje custa R$ 0,95, passará para R$ 1,05. A carta comercial, que hoje custa R$ 1,40, subirá para R$ 1,50. A carta social, voltada aos beneficiários do Programa Bolsa Família, permanecerá com tarifa de R$ 0,01.
A expectativa dos Correios é que, com esse realinhamento, haja crescimento de R$ 780 milhões por ano nas receitas da empresa.

Atacar direitos

Queiroz quer contar com a participação dos 120 mil trabalhadores dos Correios para implementar as medidas de ajuste. Na terça-feira (8) ele se reuniu com representantes de sindicatos e associações dos empregados, e grupos de trabalho foram formados para apresentar soluções até o fim de janeiro. “Não conseguiremos avançar se não tivermos a participação dos trabalhadores na ponta. Se não nos unirmos para fazer essa reforma, vamos ver os Correios se acabarem”, ressaltou.
Como já noticiamos, uma das medidas midiáticas da nova gestão foi reduzir os salários da alta cúpula. Esta medida tem a função de justificar todos os ataques que virão aos trabalhadores. Como se receber “apenas” o mesmo salário que a presidente – R$28 mil – fosse um grande sacrifício a ser seguido pelos trabalhadores, já que todos deverão cortar na carne.

Como parte das medidas de austeridade, Queiroz quer atacar o Acordo Coletivo, alegando que alguns itens são muito onerosos. Numa empresa que oferece os menores salários dentre as empresas estatais, com centenas de trabalhadores lesionados devido ao trabalho repetitivo e extenuante, um convênio médico que dia a dia é menos aceito nas clínicas e hospitais, quais são estes privilégios que devem ser atacados?

A recompensa por fazer durante anos a ECT funcionar apesar de não contratar funcionários e apesar das condições precárias de trabalho, durante os anos em que os lucros batiam recordes foi... nada, e agora quem paga o preço são os mesmos trabalhadores, que jamais “trabalharam menos” ou provocaram os prejuízos, muito pelo contrário.

Apesar da dificuldade financeira, a hipótese de abrir o capital da empresa para empresas privadas ainda não está no horizonte, segundo Queiroz. “Os Correios são um instrumento de integração social, e se você privatiza, quem entra é para ganhar dinheiro, e essa ação social desaparece. E com isso haveria corte de pessoal, desemprego”, disse.
No ano passado, a empresa apresentou um lucro líquido de R$ 9,9 milhões e, em 2013, o lucro foi de R$ 800 milhões.

Mas é difícil acreditar nesse discurso. Todo o sentido da reestruturação tem sido a privatização. Com terceirizações, desvinculando setores mais “lucrativos” dos demais, realocação de funcionários, aumento na prestação de serviços a terceiros. A exemplo da Pretrobras, a intenção parece ser continuar essa privatização aos pedaços e aprofundar a terceirização. Além disso, áudios vazados e informes de representações sindicais apontam para uma lógica de funcionamento de empresa privada, com perseguições a trabalhadores que adoecem, e aumento de metas.

O exemplo recente da Vale do Rio Doce, responsável pela maior tragédia ambiental e social do Brasil em Mariana, é só a demonstração mais cabal de que privatizar não traz benefícios à sociedade nem aos funcionários, mas apenas a meia dúzia de burgueses que só visam lucro. Mas essa compreensão está longe de significar que manter as estatais tais como estão bastaria aos trabalhadores. Muito pelo contrário. Precisamos de uma ECT 100% estatal, com estatização das agências terceirizadas, e efetivação de todos os trabalhadores, e também com o fim dos privilégios dos políticos carreiristas e corruptos. É necessário acabar com esses privilégios, abrir as contas, e rever, sim todos os gastos esdrúxulos e desvios. Confisco dos bens dos corruptos que enriqueceram nesse processo. E colocando a empresa pra funcionar de forma racional e sustentável a serviço da população e dos trabalhadores, com condições de trabalho e qualidade nos serviços e não para perseguir lucros.

Foto: Fentect

Com informações da Agência Brasil




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