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Coronavírus e as igrejas: Deus está mesmo no controle?

Com a crise do coronavírus, as igrejas evangélicas tem se colocado na vanguarda do negacionismo. Será que Deus está mesmo no controle?

segunda-feira 16 de março de 2020 | Edição do dia

Na quarta feira passada o Rio de Janeiro e todo Brasil entrou em estado de alerta. O coronavirus que teve seus primeiros infectados na China se espalhou por todo mundo e chegou no Brasil. E esse é o país de Bolsonaro, que avançou com a reforma da previdência; é o Estado de Witzel que é abertamente inimigo dos trabalhadores negros e pobres das favelas; e a Prefeitura é a da figura do bispo Marcelo Crivella, que no final do ano passado atacou a categoria dos trabalhadores da saúde. Bolsonaro ignorou nesse final de semana toda medida de prevenção e participou (junto de mais uns pingados de gente) da manifestação pró AI5 no Rio. Witzel e Crivela ao invés de garantirem matérias de prevenção e atendimento de qualidade pelo SUS estão adotando medidas autoritárias contra os trabalhadores.

Nessa situação toda as igrejas evangélicas também estão cumprindo seu papel contendo a indignação e a possibilidade de revolta dos trabalhadores. Nos cultos dizem para milhares que se você tem fé deus vai te salvar, dizem que essas crises de doenças pelo mundo são os sinais da volta de cristo e que, portanto, o povo cristão deve seguir a vida de forma ordeira e tranquila, pois logo os escolhidos serão salvos no arrebatamento.

As igrejas cumprem um papel ideológico a serviço dos interesses da burguesia, aqui no Brasil desde do governo Temer a bancada evangélica no congresso se reunia para avançar com a reforma da previdência. Nas eleições para presidente as igrejas fizeram grandes cultos para os fieis depositarem seus votos em Bolsonaro, esses fiéis são trabalhadores e trabalhadoras negras e negros que depositam toda sua indignação, revolta, raiva do racismo, machismo e do capitalismo, em votos e ofertas missionárias. Após as eleições as grandes figuras das igrejas evangélicas ganharam bilhões de isenções fiscais, esse foi o presentinho do governo em troca do apoio eleitoral e dos votos em favor de Bolsonaro.

Porém nesse estado de emergência que todo país se encontra, inclusive a nível mundial na prevenção do coronavirus, as igrejas estão cumprindo um papel ainda mais nefasto e ideológico na vida dos trabalhadores. Edir Macedo que é um grande representante das igrejas nessa situação de risco de vida dos trabalhadores pobres e negros, o próprio diz que não é para acreditar nisso, que tudo não passa de uma mentira e que isso é obra de Satanás, esse é o mesmo pastor que se enriquece cada vez mais com os dízimos dos fiéis, esses fiéis em sua esmagadora maioria são mulheres negras trabalhadoras domésticas e terceirizadas que mensalmente depositam sua oferta enquanto Edir Macedo enche seus bolsos de dinheiro e negocia com a burguesia ainda mais exploração aos trabalhadores. Outro representante da bancada evangélica que representa os interesses da burguesia é o Marcos Feliciano, que abertamente em suas missões religiosas se coloca como um racista, machista e homofóbico em suas falas.

É um absurdo que a vida dos trabalhadores pobres e negros seja tratada com tamanho descaso. A classe trabalhadora será a principal afetada nessa epidemia do coronavirus, mais uma vez o capitalismo coloca sobre nossas costas toda crise que ele mesmo cria.

A grande questão disso tudo é que o coronavirus esta longe de ser cumprimento das escritas sagradas ou algo titulado do sempre tão falado Satanás, o coronavirus é de responsabilidade do colapso do capitalismo no mundo. Parte do alastramento do vírus em escala mundial representa o desgaste e as misérias do capitalismo para nos que somos parte da classe trabalhadora. É inadmissível que o governo não garanta saúde publica de qualidade e de prevenção ao coronavirus e não podemos aceitar essa crise nas nossas costas como algo profético da volta de Cristo. Os conflitos, as guerras diretas e indiretas entre os países, as nações, a fome, a peste, as doenças não são sinais do apocalipse ou da volta de um salvador, são sinais de que o capitalismo precisa acabar e que ele é o principal gerador de todas essas contradições que sobrecaem nas vidas dos trabalhadores e juventude.

A crise internacional dos países imperialistas se reflete diretamente aqui no Brasil, isso dentro da lógica burguesa significa ainda mais ataques e retiradas dos nossos direitos. Somos cotidianamente os que mais usam os transportes públicos precários, os que não tem acesso a saúde e educação de qualidade, a burguesia avançou com a reforma da previdência, Witzel continua comemorando cada morte pelas mãos da polícia, os índices de desempregos e violência estão aumentando cada vez mais, não podemos achar que isso são sinais de uma vida melhor em outro plano espiritual. Para a classe trabalhadora e juventude viver uma vida que realmente possa valer a pena é preciso lutar para que vejam que a nossa saúde vale mais que o lucro deles, lutar por todas as medidas imediatas necessárias para combater o contagio do vírus, assim como por um Sistema Único de Saúde 100% estatal sob controle dos trabalhadores e contra os ataques dessas figuras da extrema direita e dos imperialistas no mundo.




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