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RUMO AO 8M: | Contra Damares e a extrema direita: tomar as ruas sem dar nenhum passo atrás em nossas pautas históricas

A ministra Damares Alves defende abstinência sexual para a juventude e submissão das mulheres. Nós do Pão e Rosas lutamos por educação sexual laica nas escolas para que a juventude expresse sua sexualidade e identidade de gênero. Por isso nesse 8 de março dizemos não ao obscurantismo defendido por religiosos e políticos conservadores!

Pão e Rosas@Pao_e_Rosas

domingo 8 de março de 2020 | Edição do dia

O 8 de março que hoje celebramos em luta nos localiza, nós mulheres feministas, numa batalha contra muitos oponentes e seus planos, sendo a maior expressão deles Jair Bolsonaro (PSL), um presidente fruto da continuidade do golpe institucional em nosso país e um grande machista, racista e misógino à quem repudiamos veementemente, assim como cada um de seus ataques contra os trabalhadores, como a recém aprovada Reforma da Previdência, que golpeiam primeiro as mulheres e os setores oprimidos de nossa classe, escancarando seu projeto econômico de nos fazer sangrar em nome da submissão aos interesses imperialistas e do lucro dos mais ricos e por outro lado, um projeto de governo que é também ideológico e que avança contra cada direito democrático conquistado com luta por nós mulheres e pelos demais grupos oprimidos como os negros, indígenas e LGBTs, atuando para fazer retroceder nossos avanços nos mínimos e já insuficientes direitos sobre nossos corpos ou nossas vidas. Exatamente por isso, o 8 de março deve ser um grito independente das mulheres contra Bolsonaro através da nossa mobilização.

No entanto, nosso grito independente contra Bolsonaro, passa também por aprofundar nossas diferenças com cada uma das mulheres que levam à frente esse projeto e que atuam para disputar a consciência das mulheres da nossa classe, cuja aliança, para nós feministas é decisiva para vencer qualquer batalha econômica ou ideológica contra esse governo e seus interesses. Não à toa, todas elas silenciam frente ao machismo e misoginia de Bolsonaro, assim como em relação a cada um dos ataques que ele golpeia contra a classe trabalhadora composta majoritariamente por mulheres, sendo uma parcela gigantesca dela mulheres negras, nos permitindo ver de forma muito clara que se o gênero nos une, a classe nos divide.
Damares Alves, o rosto feminino do governo Bolsonaro, uma mulher que não nos representa

A Ministra Damares, à frente do ‘Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos’, é enquanto parcela feminina do time de Bolsonaro, talvez o maior exemplo de mulher que não nos representa. Um rosto feminino que em nosso país se expressa a cada dia de forma mais reacionária, inclusive contra os direitos das mulheres - o principal público da pasta que dirige, construindo um trabalho que quer impor uma ideologia única de família, cristã inclusive, onde as mulheres ocupam um papel submisso dentro dos lares, isso combinado a nenhuma defesa real dos direitos humanos, contra os quais inclusive Bolsonaro já se posicionou contra inúmeras vezes.

Foi inclusive recentemente, à luz do 8 de março, que Damares ao lado de Bolsonaro, lançou sua última pérola em forma de projeto, o #TudoTemSeuTempo, uma campanha que propõe a abstinência sexual como forma de contracepção sexual, algo que parece ter saído no mínimo dos porões obscuros da idade média, onde a população era privada do conhecimento exatamente para que não questionasse a servidão que lhes era imposta - algo que inclusive caí como uma luva para um governo que quer anular o potencial de luta das mulheres que nos últimos anos foram linha de frente de várias batalhas, tanto ideológicas como as políticas e econômicas, sendo uma parcela expressiva desses rostos de jovens e meninas. Querem “castrar” os corpos da juventude exatamente num momento onde mais desmontam a educação e lhes roubam o futuro, fazendo-os ingressar cada vez mais cedo no mercado de trabalho cada vez mais precário em suas novas formas.

Uma Ministra que demonstra querer arbitrar inclusive sobre a cor da roupa que vestem as meninas e os meninos; para além de proferir barbaridades para justificar os problemas de opressão que não está realmente preocupada em resolver e que seriam responsabilidade de sua pasta, como quando por exemplo Damares atrelou o alto índice de violência sexual que sofrem as mulheres e meninas na Ilha de Marajó ao fato das meninas lá não usarem calcinhas - segundo ela, propondo então levar uma fábrica de calcinhas para a ilha, ao invés de levantar um programa sério, que aliás precisaria existir em todo país, frente a escandalosa cultura do estupro, que fez em 2018, por exemplo, 13 vítimas ao dia no Estado de Minas.

Foi também iniciativa da pasta de Damares extinguir no ano passado os comitê

s de gênero, diversidade e inclusão, que tinham como objetivo promover a prevenção da violência de gênero e LGBT, assim como de imigrantes e outros setores oprimidos. Ainda que se conteste a efetividade da política de comitês, é impossível deixar de ressaltar o quanto a extinção dos órgãos corresponde ao alinhamento não só ideológico e reacionário, mas também econômico e político de Damaris e Bolsonaro, que não exitam em retirar das mulheres e dos setores oprimidos os poucos apoios por parte do Estado que as restam, economizando às custas de nossas vidas.

Inúmeros exemplos, para além dos que nem listamos aqui, que colocam na ordem do dia que nesse 8 de março marchemos também contra Damaris e seus nefastos planos para impor sobre nossos corpos e vidas seus planos, que incluem nos fazer retroceder em nossas pautas históricas, como da legalização do aborto e para que seja também seguro e gratuito, oferecido pelo SUS. Pautas que para nós do Pão e Rosas têm, mais do que nunca, que seguir como um eixo em que não recuamos em nossas lutas. Se Bolsonaro e Damares estão em campanha permanente contra os nossos direitos, sigamos também em campanha permanente pela defesa deles, sem dar nenhum passo atrás.

Avançar na exigência de cada uma de nossas pautas com um programa de independência de classe

Ligado à cada combate ideológico contra os planos de Damares e Bolsonaro, precisamos ter clareza também de existem batalhas políticas em defesa de nossos direitos democráticos e econômicos, lutas que não podemos pensar separadas inclusive, pois no capitalismo a opressão se dá em conjunto com a exploração, não à toa são as mulheres, os negros, indígenas e LGBTs os setores mais atingidos pelos miseráveis planos que eles têm para nossas vidas, que nada valem diante de suas sedes de lucro - como bem ilustra o exemplo da resposta do Ministério da Mulher em relação ao estupro das meninas na Ilha de Marajó, onde a saída oferecida beneficia os empresários numa falsa resolução de um problema que é social e só poderia se dar com sério combate à violência sexual e de gênero que se aprofunda nos lugares com maior desigualdade social.

Por tudo isso que só as mulheres e os setores oprimidos, numa aliança com a classe trabalhadora da qual fazem parte, podem arrancar das mãos deles cada um dos nosso direitos, sem nenhuma ilusão de que um mero acordo em torno da agenda democrática basta para darmos os braços aos setores que articulam os ataques econômicos desse governo que é inimigo das mulheres. E é nesse sentido que a nossa luta contra o autoritarismo de Bolsonaro, que se aprofundou nas últimas semanas, não pode se desenvolver na ilusão de que lutarão por nós Rodrigo Maia (DEM) e os demais setores que todo o tempo pactuam com Bolsonaro a intenção comum de garantir que se aprovem Reformas que também custam muito da vida das mulheres e dos trabalhadores.

E ligado à esse exemplo não podíamos deixar de apontar a contraditória postura dos governadores do PT e do PCdoB no Nordeste que se propuseram eles mesmos à aplicar a Reforma da Previdência nos Estados que dirigem, os mesmos que curiosamente não ofereceram através de suas Centrais Sindicais - a CUT e a CTB, uma resistência real contra a aprovação desse ataque quando ela se deu por iniciativa do governo federal e que na Greve Geral chamaram os trabalhadores à não sair de casa, estratégia essa que agora se mostra bastante alinhada com a postura que adotaram. Essa batalha, pela inclusão do eixo contras as Reformas da Previdência nos estados também viemos e seguiremos travando desde o Pão e Rosas, inclusive na construção do 8M, saiba mais aqui.

Contra toda contraditória popularidade de Damares que se apoia nos elementos mais atrasados da população, assim como se apoiou Bolsonaro para se eleger - só o que justifica sua popularidade hoje, com vemos nas pesquisas, é hora de intensificarmos nossa resposta nas ruas, com fortes colunas de mulheres, negr@S, LGBTs, indígenas e trabalhadores por todo país, colocando toda nossa força na rua neste 8 de março contra o autoritarismo e os ataques de Bolsonaro, como as Reformas da Previdência que aprovam nos estados e que não aceitamos, assim como por Justiça para Marielle Franco e Anderson, cujo assassinato completa dois anos dia 14 de março e por quem também tomaremos as ruas, além de não darmos nenhum passo atrás em nossas pautas históricas como a legalização do aborto.

Venha marcham com o Bloco do Pão e Rosas que nesse 8M se concentrará às 13h na Av. Paulista, n. 1853. Confirme sua presença em nosso evento: https://www.facebook.com/events/1078406262509122/.




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