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Continua a luta em defesa do Hospital Universitário da USP

Babi DellatorreTrabalhadora do Hospital Universitário da USP, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário

quinta-feira 30 de julho de 2015 | 00:00

Nesta terça-feira, no circo-escola da comunidade São Remo, zona oeste de São Paulo, a Secretaria de Saúde do SINTUSP (Sindicato do trabalhadores da USP) realizou uma reunião ampla de construção da campanha em defesa do Hospital Universitário, contando com a presença de trabalhadores e estudantes da Universidade de São Paulo, moradores da região e também representantes da comunidade.

O HU perdeu mais de 200 funcionários no plano de demissão voluntária implementado pelo reitor Marco Antônio Zago na USP. Essa baixa no quadro de trabalhadores não foi recomposta, pois a contratação de novos funcionários continua congelada pela reitoria da universidade, enquanto seguem os cortes no orçamento. Com isso, a situação do hospital vem se agravando, gerando filas imensas de espera em consultas e exames, assim como cargas de trabalho intoleráveis para os funcionários. Os serviços estão sendo reduzidos ou cortados, como no caso dos leitos de internação, que já fecharam mais de 56 leitos desde o ano passado, ou nos casos do ambulatório de ortopedia e pronto socorro de oftalmologia.

A solução apresentada ano passado pela reitoria e pelo governo estadual do PSDB foi desvincular o hospital da universidade, transferindo sua gestão para uma fundação privada de saúde. Este processo já ocorreu em grande parte da rede de saúde paulista, como no Hospital das Clinicas, e o resultado foi visível: os serviços foram precarizados, os escândalos de corrupção só aumentaram, demitem funcionários públicos e contratam trabalhadores menos qualificados por menores salários, terceirizam, além de restringirem parte do hospital apenas para as pessoas com convenio privado de saúde, sendo que antes o serviço era inteiramente público.

As OSS (Organizações Sociais de Saúde) representam a privatização do serviço de saúde, e como empresa privada, seu objetivo é abrir espaço para o lucro, e não o bem estar da população, ainda que digam não ter fins lucrativos. Isso tanto é verdade que são inúmeros os casos de “meta” nos hospitais controlados pelas OSS, como a Fundação Faculdade Medicina, que hoje controla grande parte dos equipamentos de saúde da Região Oeste. Essas “metas” fazem os médicos terem uma rotina de atendimento acelerado, isto é, não dão quase nenhuma atenção ao paciente para que possam cumprir o número de consultas do seu dia. Fora da administração direta do Estado, a saúde passa a ser tratada escancaradamente como mercadoria, e não mais como um direito de acesso a todos. Com isso, a própria precarização do SUS é utilizada como justificativa para que o Estado passe para as mãos de empresas privadas o serviço essencial da saúde.

Além destes pontos, diversas falas de trabalhadores e moradores da região enfatizaram que a luta deve seguir, pois foi lutando na greve do ano passado, com os atos de rua e campanhas politicas, que a permanência do HU na USP foi mantida até agora. O Hospital Universitário tem uma importância sem igual para a zona oeste, por ser conhecido como um hospital de excelência. Ele cumpre ainda a função essencial de servir como hospital-escola aos estudantes de medicina da Universidade, e tem sua eficiência nesta formação reconhecida por todos os profissionais da área da saúde.

A luta em defesa do HU não se limita neste hospital, mas em defender a saúde publica de toda a zona oeste. Isso porque a prefeitura do PT em São Paulo também não cumpre seu papel com as Unidades Básicas de Saúde, onde nenhuma sequer foi construída nos últimos vinte anos e as atuais UBS e AMA’s não dão conta de toda a demanda da região.

Para seguir essa luta em defesa da saúde pública a reunião aprovou fazer uma campanha de fotos com cartaz que expresse as demandas: por mais verbas pra saúde; pela construção de mais 13 UBS’s na região; contra a desvinculação do HU e contratação imediata de funcionário através de concurso público. Levaremos essa proposta para os trabalhadores da saúde da Zona Oeste e para os usuários.

A próxima reunião será dia 22/08 às 16h no Circo Escola da São Remo. Participe e chame seus amigos e familiares!




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