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CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA | Consórcio quer boicotar a paralisação em Florianópolis

segunda-feira 19 de fevereiro de 2018 | Edição do dia

FOTO:Felipe Carneiro / Hora de Santa Catarina

Usuária do transporte público de Florianópolis procurou o Esquerda Diário para fazer uma denúncia. O Consórcio das cinzas está boicotando SINTRATURB. Segue a baixo a carta aberta da moradora:

“Consórcio Cinzas, a paralisação dos motoristas e cobradores na próxima segunda-feira (19), convocada pelo sindicato da categoria (SINTRATURB), é um direito previsto em Lei que não comprometerá muito mais o serviço de transporte do que o cotidiano, desgastante e torturador, a que as empresas de transporte submetem os trabalhadores da Grande Florianópolis. Não será um dia de paralisação que fará muita diferença no diário caos que é o trânsito desta cidade.

Há mais de 120 anos, o oligopólio das concessões do serviço de transporte público em Florianópolis é garantido através de relações espúrias entre administradores (notadamente o executivo e legislativo municipal) e donos e herdeiros das empresas desse agora nebuloso Consórcio, isso quando estes não ocupam eles próprios cargos de administradores. Em consequência disso, e da necessidade de se manter a lógica do sistema de “mobilidade” submetida a interesses exclusivamente econômicos (e mesmo que isso fosse legítimo, ainda assim poderíamos questionar a sua eficiência), mantendo um viés classista, criando bolhas na cidade, barrando conexões, principalmente entre bairros e regiões mais ricas e mais pobres, mal atendendo os morros, sendo insuficiente, caro, mantendo um padrão machista de contratação e oferecendo pouquíssima segurança a seus usuários, tanto no que diz respeito aos terminais quanto aos ônibus e suas escassas manutenções. Por tudo isso se mobilizam os trabalhadores, e também por seus direitos. Todos os anos. Há mais de vinte anos.

Entendo ser inadequada a atitude desse consórcio em utilizar-se das mídias digitais e de seu contato direto com os usuários do transporte na cidade para enviar essa difamação da mobilização dos trabalhadores por e-mail, pois a paralisação PENALIZARÁ SEUS LUCROS E SEUS INTERESSES, e não a população. A população pode aproveitar e pensar se o caminho, aliás, não é de se unir a esta paralisação, que não se dará apenas no setor de transportes. É preciso mesmo que a sociedade sinta as consequências do desmonte dos direitos trabalhistas e do golpe contra os direitos civis mais fundamentais da população brasileira desde 1964, agora novamente sob ameça de intervenção dos militares numa clara chantagem do presidente golpista Michel Temer.

Destaco que hoje,segunda-feira, dia 19 de fevereiro, é um dia de luta! E contamos com a presença de todos os trabalhadores para podermos protestar juntos por serviços públicos de qualidade, com utilização correta dos impostos que pagamos e cobrança do que nos devem empresas que nos roubam cotidianamente e sorrindo.

Mesmo que ocorra a suspensão da greve, o serviço de transporte deste consórcio é por si um prejuízo para a cidade – e gostaríamos muito de poder implementar a tarifa zero a partir de uma licitação justa, com participação popular e não a portas fechadas com a guarda municipal agredindo manifestantes contrários, como ocorrido em 2013. O que funciona normalmente em Florianópolis é um sistema de exclusão e de tortura contra boa parte de população, trabalhadores e trabalhadoras que não têm escolha a não ser se submeter às trocas exaustivas de veículos numa mesma viagem, a desconexão entre bairros que faz com que não se chegue ao Córrego Grande partindo do sul da ilha sem pegar quatro ônibus ou caminhando alguns quilômetros a pé. Não é um dia longe desse inferno que vai penalizar a cidade, muito pelo contrário, talvez ajude a mais uma vez tentar mobilizá-la."

Veja abaixo o comunicado do Consórcio, em boicote à greve dos trabalhadores:




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