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CORREIOS | Concurso dos Correios é cancelado, mas para a ECT tudo vai bem

sexta-feira 23 de outubro de 2015 | 00:00

Concurso dos Correios é cancelado, mas para a ECT tudo vai bem
Os Correios anunciaram recentemente (08/10) o cancelamento do concurso público para contratação e cadastro reserva de funcionários para a estatal. No texto curto, disponível no site oficial dos correios, lê-se:

“Por determinação do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST), do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, os Correios suspenderam temporariamente a realização de concurso público que estava previsto para este ano.
O cancelamento do certame não afeta a qualidade e eficiência operacional, uma vez que desde 2011 o efetivo da empresa foi aumentado em 13 mil novas vagas. Com isso, os Correios passaram de 107 mil trabalhadores em 2010 para os 120 mil atuais. “.
Obviamente se trata de um ajuste frente à crise econômica. A primeira vista alguém pode até pensar que está certo, que contratação é gasto desnecessário. Mas o que quer dizer na prática? Como já relatamos neste Esquerda Diário em diversos artigos, hoje nos Correios existe um déficit enorme de trabalhadores. Ou seja, quem trabalha nos Correios, além de receber um dos pisos salariais mais baixos dentre os trabalhadores de estatais, tem que fazer o trabalho por vários. Se o cancelamento não afeta a qualidade e eficiência, por que o concurso foi anunciado, em primeiro lugar? Ostentação? Simplesmente não é verdade.

A população sabe que as correspondências atrasam, as encomendas atrasam, e até mesmo os serviços expressos tem prazos desrespeitados. Muita gente pensa que estamos sempre em greve, já que a empresa faz de tudo pra parecer que só há atrasos durante as paralisações. O que justifica a constante contratação de mão de obra temporária, os MOTs, para realizar os mesmos serviços que os efetivos, porém com condições precárias (sem garantia de emprego, sem treinamento, sem benefícios, sem direito de organização sindical, já que são demitidos se tentam se mobilizar, e muitas vezes sequer recebem seus salários)? É ou não é pra tapar o sol com a peneira e garantir pelo menos parte da entrega? O movimento nas agencias segue alto, o e-commerce (vendas pela internet) tem aumentado muito de 2011 pra cá, gerando grandes contratos volumosos, como o do Mercado Livre, que movimenta centenas de mercadorias por dia. Como pode ser que o concurso de repente, não seja mais necessário?

Relatos de carteiros de diversos Centros de Distribuição Domiciliária (CDDs), e também de operadores de triagem e transbordo (Ott) do Complexo de Valinhos (SP), apontam no sentido inverso ao discurso da empresa. Trabalhadores sobrecarregados, e a chefia se aproveitando do fato de estarmos “devendo horas” (veja mais aqui) por causa da greve pra exigir mais e mais dos trabalhadores. A pressão é cada vez maior. Nas agencias, longas filas de espera, principalmente porque a ECT e o Banco do Brasil utilizam o Banco Postal para “furar” a importante greve dos bancários e propagandeia aos quatro ventos que nos Correios também somos bancários, exceto na hora de negociar o salário.

Isso mostra que o cancelamento do concurso, assim como a negativa em oferecer um aumento real aos trabalhadores, na mesma linha da intransigência que o governo e a patronal vem tendo frente a greve dos bancários, nada mais são do que tentativas de impor que os trabalhadores devem pagar pela crise, salvaguardando os altíssimos salários e lucros dos políticos e empresários. Pagamos com redução de salários, cortando na qualidade de vida de nossas famílias, trabalhando mais para que não contratem (mantendo assim centenas de pessoas desempregadas ou trabalhando em empregos precários e sem garantias), enquanto na vida deles tudo permanece igual.

Como vimos na greve, em que apesar de tudo barramos um enorme ataque ao plano de saúde, somente a nossa organização pode se contrapor a este projeto de Correios precarizado e privatizado, baseado na superexploração dos trabalhadores. Não podemos perder o espírito de luta e unidade que surgiu durante a greve, é hora de nos reunirmos e discutirmos em toda a base. A reivindicação por contratação de efetivos, bem como de efetivação dos terceirizados que estão na ativa, é legítima e necessária para os trabalhadores e para a população.




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