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MUNDO OPERÁRIO | Como o medo do desemprego pode aumentar a exploração e precarização na vida do trabalhador?

Em meio a crise sanitária que enfrentamos hoje, quantas vezes por dia não encontramos nossos companheiros de trabalho, vizinhos, pessoas nos transportes públicos totalmente esgotados? É notório o esgotamento no semblante de todos os trabalhadores, um esgotamento que surge da exploração que sofremos todos os dias, exploração que vem do nosso trabalho, estamos esgotados, estamos sendo explorados, mas ainda assim, temos um trabalho. Trago nesse texto a dura realidade da nossa classe em um momento recorde de desemprego, onde o sofrimento diário é melhor que ausência de salário.

quarta-feira 14 de abril de 2021 | Edição do dia

Imagem: Skeeze/Pixabay

Frente a conjuntura, fica claro que Bolsonaro, Dória e companhia não estão interessados em, de fato, garantir um avanço no combate a COVID-19, assim como, a melhoria no dia a dia do trabalhador, muito pelo contrário, segue atuando de forma irracional, privilegiando empresários, onde se apoiam em sua política e faz com que jovens, homens e mulheres tenham que se expor a humilhações e explorações para seguirem sobrevivendo. Passamos por um processo que fica fácil identificar que não existe mais uma profissão ou trabalhador específico que sofre no dia a dia a precarização, com a presença cada vez mais acentuada da terceirização, fica muito claro que a precarização na vida do trabalhador, é tão certa quanto o aumento dos preços dos alimentos como temos visto ultimamente.

Em diálogo com alguns trabalhadores terceirizados, notamos que o nível de exploração que sofrem, ainda sim, é considerado melhor pelos mesmos pelo fato de visualizarem pessoas passando fome.

O Brasil registra recorde de desemprego atualmente, a ausência de emprego somado a crise sanitária traz para a realidade do trabalhador e trabalhadora o medo de ficar sem renda e o medo de morrer, seja pelo vírus ou seja pela fome, como um dos trabalhadores terceirizados citou. Já são 14,3 milhões de trabalhadores desempregados, milhares de trabalhadores dependendo do auxílio emergencial de Guedes, que olhando para o preço do item básico de sobrevivência de todo trabalhador que é o gás de cozinha, daria apenas para arcar com o gás e alguns itens para se alimentar, mas e as contas? E o aluguel? Essas interrogações são presentes no dia a dia de todos os trabalhadores precarizados que por longas horas de trabalho são explorados e oprimidos para garantirem sua sobrevivência e, em cima dessas interrogações, o patrão, se aproveita e ataca, totalmente legitimado pela política genocida de Bolsonaro.

O empresariado ataca os trabalhadores impondo seu ritmo de trabalho e mantendo sua sede de lucro, os trabalhadores por sua vez se expõe a locais insalubres, executam tarefas cada vez mais pesadas, percorrem longas jornas de trabalho, se acidentam, estendem mais horas de trabalho quando ao sair da empresa, entram em seus carros e ligam o aplicativo da Uber ou pegam suas motos e vão fazer entregas para complementar a renda fixa do mês e não ter que passar fome.

A escassez de emprego aumenta a necessidade do trabalhador de aguentar firme o trabalho, independentemente de estarem doentes ou estarem executando tarefas acima do seu limite, até mesmo porque, algumas empresas oferecem bonificações por ausência de atestados no mês, o que implica, diretamente, trabalhadores irem ao trabalho doentes, podendo estar contaminado e contaminar outros trabalhadores, pelo medo de perder um valor a mais no salário, que por mais que seja pouco, o possibilita ter um pouco a mais do que somente pagar as contas. Essa metodologia que, em primeira instância, faz com que os patrões se mostrem como bons patrões, mostra na verdade a mais obscura face dos capitalistas, onde preferem manter os trabalhadores em situações precárias e jogar nas costas da classe trabalhadora toda crise que eles mesmos criaram.

Não há nada no mundo que às mãos da classe trabalhadora de conjunto não tocou, não há processo produtivo que seja desconhecido aos trabalhadores, não faz sentido que os capitalistas e empresários queiram que sigamos com medo, colocando nossas vidas em risco todos os dias, seja no transporte ou no trabalho, despejando em nossas costas toda a crise que eles mesmos criaram.

É a união dos trabalhadores que permite combater o desemprego, como estamos vendo as operárias terceirizadas das empresas que fornecem a LG, se colocarem em ato até a patronal e com sua força convencerem os efetivos entrarem em greve para que todos eles pudessem lutar pelos seus empregos, como vemos os trabalhadores de telemarketing que estão ameaçando entrar em greve porque estão sem salário, enfim, é a organização da classe trabalhadora que permite que a gente consiga garantir os nossos empregos e que não utilizem esse medo que nossas famílias passem necessidades para que possamos ser mais explorados, e nesse combate temos que ter em mente que devemos combater todo o regime do golpe, para derrubar Bolsonaro, Mourão e os golpistas.

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