Na última semana alguns bairros da cidade de Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), ficaram sem água por três dias. E caso que se repete há mais de década na região escancara como, em plena pandemia, os cuidados sanitários são negados à população pobre, de maioria negra.
sábado 12 de setembro de 2020 | Edição do dia
Foto: UOL
“A cidade recebe todos os dias novos prédios de luxo. Nesses prédios não falta água. A água só falta nos bairros mais altos da cidade, nos mais distantes, onde tem pobre. A canalização da cidade não foi construída pensando nesse aumento da população, além de ser muito antiga. No meu bairro tem um vazamento de água antes de chegar ao reservatório. Quando a água vem com força, os canos não suportam a pressão. Será que o dinheiro do rico é melhor que o do pobre?” – essas são as palavras de Maria Aparecida, moradora do bairro Morro do Cruzeiro há 22 anos.
Já foram feitas uma série de reclamações para a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa – uma estatal na mira da privatização pelo governador Romeu Zema), mas, ao invés de alguma solução, o que chega são as caras contas de água todos os meses, sem nenhum desconto, enquanto o auxílio emergencial do governo federal cai para R$300 e Zema oferece um auxílio estadual de R$39 – uma ofensa ao povo mineiro, que amarga o preço dos alimentos nos supermercados. O auxílio emergencial deveria ser de ao menos R$2000 reais, que era a média salarial no Brasil antes da mais recente onda de demissões e rebaixamento salarial, e as contas de água e luz deveriam ter sido suspensas no início da pandemia.
Em um país onde mais de 30 milhões de pessoas não têm água encanada em casa, o serviço mal é garantido plenamente para as demais. E em Minas Gerais o problema se liga diretamente à poluição da água pelas grandes empresas mineradoras, como a assassina Vale, e com o desmonte da Copasa com o objetivo de privatização. Para Romeu Zema, capacho de Bolsonaro, não importa que o direito à água potável em casa seja básico e fundamental para lavar as mãos - uma das principais formas de prevenção à Covid-19. Por isso nos colocamos não apenas contra a privatização da Copasa, mas dependemos que seja 100% estatal, gerida pelos trabalhadores e controlada pela população, pois, diferente dos empresários, são esses os que mais se interessam em garantir um bom serviço de saneamento básico.