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III CONGRESSO DA ANEL | Como construir a greve geral da educação sem expressar as lutas dos estudantes?

sexta-feira 5 de junho de 2015 | 15:41

O segundo dia do 3º Congresso da ANEL foi aberto por uma Mesa sobre Educação integrada por diversos representantes sindicais, do ANDES, FASUBRA, SINASEFE, Oposição Alternativa da APEOESP, oposição sindical de professores do Paraná, além de um membro da Comissão Executiva Nacional da ANEL (CEN) e um estudante chileno.

As falas dos representantes sindicais problematizaram a contradição do lema Pátria Educadora do governo Dilma. Compartilharam a reflexão de que a prática dos cortes impostos por Dilma somam-se a uma política consciente por parte do PT que aprofunda um projeto neoliberal de educação, de financeirização, por um lado, porém aprofundado com níveis recordes de subsídios à instituições de ensino privadas, e, por outro, de precarização do ensino público, como por exemplo foi feito com a expansão precária do REUNI. A fala de Gibran Jordão, representante da FASUBRA e militante do PSTU, relembrou os números exorbitantes de estudantes que estão lançados às universidades privadas no país (5 dos 7 milhões) e como o governo se viu obrigado a pisar no freio em seu projeto de expansão de mão de obra barata e técnica, devido a retração do mercado.

Junto à João Zafalão, representante da Oposição Alternativa e também militante do PSTU, Gibran defendeu a necessidade de construir uma grande greve geral da educação, como já estamos fazendo, em suas palavras, para derrotar os ajustes fiscais e concluiu com a afirmação de que a ANEL é uma alternativa real de luta para os estudantes .

A fala de Lucas Brito, membro da CEN e militante do PSTU, denunciou o compromisso do governo com a Kroton-Anhanguera (o segundo maior monopólio de ensino privado do mundo), argumentou sobre a responsabilidade da ANEL em organizar a mobilização da juventude, citando a luta dos estudantes baianos, reivindicou que a ANEL é hoje uma referencia nacional e internacional que está disposta a construir uma grande greve estudantil que será parte da greve geral.

A diminuição do Congresso da ANEL após Jornadas de Junho (1200 estudantes, contra 2300 do último) e a ausência de expressão na Mesa da base dos estudantes mobilizados ou em greve, como os que estão travando importantes lutas no Rio, Bahia, Piauí etc., levanta um profundo questionamento aos argumentos da direção do PSTU enquanto ala majoritária na entidade, como a ANEL construirá uma greve geral da educação se mantém a mesma lógica de expressar figuras sindicais descoladas da construção e estímulo às bases de estudantes protagonistas de lutas em curso. Na UERJ, UFRJ, UFF, nas estaduais baianas e diversas universidades pelo país os estudantes começam a entrar em cena e essa lógica que os companheiros do PSTU carregam se mostra superada, não serve aos grandes anseios e desafios que estão colocados.

A agitação de greve geral feita pelos companheiros do PSTU e denúncias à UNE se mostram abstratas incapazes de transformar a ANEL numa alternativa real de direção para a juventude que começa a se mobilizar. A crise do FIES está assolando milhares de jovens no país inteiro, dos quais o sonho da universidade foi despedaçado pela crise de projeto de educação do capital, em geral, e a crise do ciclo lulista no Brasil, em particular. A UNE está abraçada com o governo, fechando os olhos para o endividamento da juventude em prol dos lucros dos monopólios privados e muito ofensiva em disputar os espaços de organização da juventude para desarticulá-la, como vemos que estão em diversos DCEs e Centros Acadêmicos pelo país.

Como fazer para ter de fato uma greve geral estudantil

A greve geral da educação só é possível a partir de uma articulação e mobilização real dos estudantes. Cabe à ANEL disputar a base de milhares de jovens contida na UNE e o novo movimento estudantil que aprofunda suas reivindicações por permanência e defesa dos trabalhadores como um questionamento à universidade e sociedade de classe. Para isso deverá ter uma política concreta, dar espaço para que estes estudantes em luta se expressem, fazendo com que o congresso já sirva como um acumulo à articulação das mobilizações e greves, mobilizar todas as entidades que dirige para esse fim, disputando inclusive o programa que armará a juventude para a construção de um forte movimento estudantil que abra caminho e fortaleça a luta dos trabalhadores.

A disputa real para a construção de uma forte greve geral da educação, para que o movimento estudantil retome o seu papel de sujeito histórico e responda às demandas sociais contra a miséria que oferecem os governos deve partir de uma delimitação clara com as políticas das burocracias sindicais. É preciso ter claro que o governo é o real inimigo da juventude. É pelas políticas do PT que estão vindo os ataques, não há nenhum progressismo nos ajustes em prol dos lucros e dos privilégios dos representantes políticos da ordem. Não apenas a defesa de um militante do PT na Mesa sobre debates da esquerda revela que existe uma diferença dos companheiros do PSTU com essa máxima, como também a falta de denúncia e exigência incisivas contra a CUT, que não mobilizou nada de sua base de 22 milhões de filiados no 29M. Essa postura só poderá levar a uma ação oportunista, sem combater os inimigos dentro do movimento operário não haverá a greve geral tão gritada e propagandeada neste congresso.

Como instrumento para coordenar os setores em luta e dar passos para uma verdadeira greve geral estudantil é necessário construir para o curto prazo um grande encontro nacional contra os cortes do governo do PT, superando os limites desse congresso com um amplo chamado à juventude e a oposição de esquerda da UNE, bem como todos os setores antigovernistas. É preciso que as lutas em curso guiem o espírito para a ampliação da mobilização a nível nacional.




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