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CRISE MILITARES | Comandantes militares, parte do regime golpista, colocam cargos à disposição

Os comandantes do Exército, Marinha e Força Aérea decidiram colocar seus cargos à disposição do novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, em uma reunião no começo da manhã desta segunda (29).

terça-feira 30 de março de 2021 | Edição do dia

Eles querem acompanhar a saída do general Fernando Azevedo da pasta, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro nesta segunda após seguidas negativas de apoio político ao governo federal.

Segundo um interlocutor de Azevedo, o limite da relação dos dois foi atingido a partir da semana passada, quando Bolsonaro voltou a insinuar que queria o apoio do Exército para aplicar medidas de exceção como o estado de defesa em unidades da Federação que aplicam lockdowns contra a pandemia.

A relação entre ambos já vinha desgastada pelo que um aliado do presidente qualificou de falta de apoio político das Forças Armadas, decididas a se afastar dos fardados que ocupam o governo federal.

Se Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica) saírem juntos, isso terá sido inédito. Os dois últimos podem ficar, caso Braga Netto os convença a evitar mais turbulência.

O alto escalão do Exército se reuniu na madrugada desta terça-feira para discutir substitutos, em primeiro lugar para o lugar do atual comandante do Exército, Edson Pujol. A ideia é montar uma lista com candidatos, atuais generais quatro estrelas, para submetê-la à Presidência da República. Entre os mais cotados estão os nomes de Marco Antônio Freire Gomes, José Luiz Freitas, Marcos Antonio Amaro dos Santos e Paulo Sérgio.

Freitas se formou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1979 e seria o mais indicado na linha de que antiguidade é posto, como mais antigo no Exército. Segundo a colunista Malu Gaspar, ele, porém, não estaria em primeiro lugar na preferência de Bolsonaro, que tem expressado apreço pela nomeação de Marco Antônio Freire Gomes, atual Comandante Militar do Nordeste e ex-secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional no governo de Michel Temer. Freire Gomes se formou na Aman um ano depois que Freitas, o que poderia causar algum desconforto, mas também é o nome defendido com unhas e dentes por Braga Netto.

O almirante Almir Garnier, hoje Secretário-Geral do Ministério da Defesa, substituiria Ilques Barbosa no comando da Marinha.

A rusga entre os golpistas nas Forças Armadas e o próprio Bolsonaro representam um importante estremecimento nas relações internas entre os atores desse regime autoritário. A resultante mais provável para essa crise no imediato é que depois dessas ameaças de rupturas, se garanta uma maior representação no governo de alguns setores do Centrão e que o comandantes militares encontrem uma forma, negociada com o governo, de delimitar mais fortemente as forças armadas do governo, sem levar a uma ruptura que poderia ter consequências imprevisíveis.

Essas fissuras nas alturas habilitam os trabalhadores a emergirem contra todas as alas do regime do golpe institucional: Bolsonaro, militares, STF, governadores e parlamentares. O PT busca seu lugar no interior desse regime, e Lula orienta alianças com a direita (em especial com PSDB) através dos seus governadores, como disse Gleisi Hoffmann. Não podemos confiar nessa estratégia de conciliação de classes. De nenhum deles virá a saída para a pandemia.

As batalhas contra os efeitos da pandemia do coronavírus, o desemprego e os ataques econômicos dos golpistas devem andar lado a lado com a defesa dos nossos direitos democráticos, levantando uma campanha para por abaixo a Lei de Segurança Nacional. Essa batalha exige um programa emergencial contra a crise sanitária que ataque os capitalistas e envolve para nós a imposição pela luta de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana como saída independente de todas as alas desse regime golpista, imposta pela força da mobilização que dê à população o direito de decidir sobre os rumos do país, enfrentando os escombros da ditadura que seguem vivos na impunidade de assassinos e torturadores, enfrentando os capitalistas que querem arrancar nosso sangue e enfrentando todas as instituições do regime que aprovam reforma atrás de reforma pra que trabalhemos até morrer.




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