quarta-feira 1º de março de 2017 | Edição do dia
O Carnaval de Rua em Jundiaí tem crescido cada vez mais e se consolidando como grande evento cultural, festivo e de exaltação da diversidade. Na contramão desse crescimento, a Prefeitura de Jundiaí procurou estipular um horário para o término dos eventos (a partir das 19:30 com dispersão total até as 20:30).
Utilizando de gás lacrimogenio e balas de borracha, a PM e a GM atuaram mais uma vez de maneira truculenta não apenas nos processos de dispersão dos blocos de carnaval mas também de grupos e pessoas que se reuniam em bares ou outros estabelecimentos localizados no perimetro onde realizavam- se os eventos.
Durante essas atuações várias pessoas saiam assustadas, afetadas pelo gás e em alguns casos com ferimentos de foliões e participantes dos blocos. Frente a esse quadro vários blocos de carnaval em Jundiaí escreveram a carta aberta que o Esquerda Diário republica na íntegra:
NOTA BLOCOS DE JUNDIAÍ
Jundiaí, 01 de março de 2017. #QuartaFeiraDeCinzas
O Carnaval de 2017 confirmou a importância dos blocos de rua para Jundiaí. A importância desta festa vai para além do seu impacto econômico (só no turismo movimentou R$ 6,6 bilhões este ano) e constitui elemento central da identidade cultural brasileira.
Este Carnaval também consolidou o carnaval de rua jundiaiense como um espetáculo de relevância nacional (com o Chupa Que É de Uva e o Refogado do Sandi atraindo quarenta e vinte mil pessoas, respectivamente) e expressiva diversidade cultural, étnica e de gênero.
Por fim, marcou uma maior presença dos órgãos públicos, o que trouxe vantagens e desvantagens.
Reconhecendo os acertos no apoio das equipes de Trânsito, da Polícia e da Guarda durante os blocos e da Secretaria de Cultura, infelizmente relatos de violência institucional após alguns blocos ganham o centro do debate.
E não poderia ser diferente: eles ameaçam o futuro do carnaval de rua da cidade e, de maneira mais ampla, da liberdade de associação e reunião na cidade. Em três casos houve dispersão com bombas de gás lacrimogêneo ou gás de pimenta, ameaçando a integridade física dos populares e criminalizando a festa de rua. Repudiamos esta violência.
Neste ano, houve a imposição de um toque de recolher na cidade. Nenhum bloco poderia continuar suas atividades depois das 20:30 (com a orientação de acabar às 19:30). Depois das 22:00 nenhuma atividade poderia acontecer. Os blocos seguiram rigorosamente esta orientação até o momento, diga-se de passagem.
No entanto, era claro como esta imposição teria dificuldades de prosperar. Durante o maior feriado festivo do país as pessoas foram obrigadas a desocupar as ruas mais cedo do que fazem nos demais dias do ano.
Os bares, clubes e estabelecimentos de lazer, se mantivessem suas atividades e recebessem os foliões, poderiam ser vistos como uma continuação dos blocos e estarem sujeitos ao toque de recolher. Aglomerações nas ruas seriam blocos, também sujeitas ao toque de recolher.
O maior problema foi essa decisão, que ignora o significado e o histórico do que é o Carnaval.
É óbvia a importância da dispersão dos blocos que reúnem milhares de pessoas (e que deve ser feita com instrumentos pacíficos), assim como é temerária a decisão de estabelecer toque de recolher na cidade.
Quando os blocos se dispersam, as pessoas se diluem em pequenos grupos nos bares, festas, clubes e também pelas casas. Proibir e combater tais encontros cria um cenário explosivo (gerando conflitos) e ameaça a continuidade do crescimento do carnaval jundiaiense. Aliás, já vimos este ano.
A Prefeitura de Jundiaí precisa se posicionar sobre esses graves casos de violência institucional e, acima de tudo, mediar a situação.
Hoje, a imagem do carnaval de rua foi criminalizada e há uma sensação de insegurança em estar nas ruas depois das dez da noite. O toque de recolher foi instaurado e precisa ser retirado com urgência.
Bloco Bagacerxs
Bloco Basta Vir e Se Divertir
Bloco Carne com Queijo
Bloco Chupa que é de Uva
Bloco Galo Doido
Bloco Kekerê
Bloco Leões da Hortolândia
Bloco do Loki
Bloco Mamãe Eu Quero
Bloco Refogado do Sandi
Bloco Super Poderosa
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