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SURGE UMA NOVA JUVENTUDE NO BRASIL | Com mais de 400 jovens nasce a FAÍSCA: juventude anti-capitalista e revolucionária

No último sábado dia 02 de abril foi fundada a FAÍSCA - juventude anti-capitalista e revolucionária, impulsionada pelo MRT e independentes. Saiba como foi o lançamento e faça parte dessa juventude que surge para se transformar numa forte alternativa de luta e organização para os jovens estudantes e trabalhadores.

domingo 3 de abril de 2016 | 23:14

Com delegações do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraíba, também de São Paulo, Campinas, Santo André, São Bernardo do Campo, Osasco, Marília, Araraquara, Ourinhos, entre outros, o lançamento foi um grande sucesso.

A mesa foi composta por Jéssica Antunes, coordenadora do CAELL - Centro Acadêmico de Letras da USP; Tatiane Lima, membra da gestão proporcional do CACH - Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp, pela Chapa "Sobre Jandiras e Simones"; Vitoria Barros, estudante secundarista do CAIC do Rio de Janeiro; Arthur Lins, estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Adrielli Melges, estudante secundarista da E. E. Carlos Gomes de Campinas, Alexandre Supertramp, jovem trabalhador e estudante da Unesp de Marília; Flavia Telles, membra da gestão proporcional do CACH - Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp, pela Chapa "Sobre Jandiras e Simones" e Virginia Guitzel, militante travesti do Pão e Rosas. No plenário havia membros do Centro Acadêmico de Educação da USP (CAPPF), do Centro Acadêmico de Serviço Social da UERJ (CASS), do Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG (CAFCA) e do Diretório Central de Estudantes da UFABC.

O Esquerda Diário conversou com alguns membros da Faísca para comentarem como foi o lançamento e as resoluções. Abaixo dos comentários dos membros da juventude, publicamos a declaração política votada no Encontro que sintetiza as discussões e desafios que a FAÍSCA se coloca. Para ver todas as resoluções votadas no lançamento clique aqui. Conheça também a página da FAÍSCA no Facebook.

Jéssica Antunes comentou que: "O lançamento da FAÍSCA foi muito entusiasmante para todos nós que estávamos presentes. Ficamos contentes porque vieram muitas pessoas novas que viemos atuando juntos recentemente em diversas lutas e que resolveram assumir pra si essa tarefa apaixonante de construir uma juventude anticapitalista e revolucionária em todo o país. Sabemos que muitos vieram porque estão vendo que desde junho de 2013 a juventude mostrou muita força, assim como nas lutas que ocorreram depois com a dos secundaristas de São Paulo, Goiás e agora Rio de Janeiro, mas também porque está sentindo a necessidade de dar uma resposta para a crise que vivemos no Brasil.

Muitos estão vendo a necessidade de se organizar e no lançamento foi chamativo a quantidade de negros, mulheres e LGBT, que foram também a maioria dos que falaram.

Nosso sentimento e espírito é de ser uma verdadeira FAÍSCA na luta contra o a direita neste país, tanto a que quer fazer um impeachment contra Dilma para colocar um governo ainda pior, mas também esta direita que está com o PT atacando os trabalhadores e a juventude. Queremos ser uma faísca contra o capitalismo, enfrentando todas as opressões de um ponto de vista revolucionário e se aliando a classe trabalhadora em suas lutas e por uma uma nova sociedade sem exploração e opressão. Sabemos que há muito mais jovens que estão dispostos a assumir esse desafio, por isso, votamos uma declaração frente a crise política nacional que vamos fazer chegar em dezenas de milhares pelo país e discutir nas escolas, universidades e locais de trabalho. Votamos fazer um Congresso de fundação onde vamos aprofundar a discussão do programa da FAÍSCA ainda mais e temos certeza que vamos estar mais fortes, pois todos saíram do lançamento muito animados".

E completou: "De imediato, como expressamos em nossa declaração,

vamos exigir que as entidades como a UNE e a ANEL, bem como os grêmios, DCE´s e CA´s organizem um plano de luta contra o impeachment e os ataques do governo do PT.

Como uma das campanhas centrais definimos com hierarquia a questão da luta pela educação e votamos além da solidariedade ativa aos professores e estudantes do Rio de Janeiro uma campanha contra os cortes na educação, por permanência, cotas raciais, fim do vestibular e estatização das universidades privadas, sob controle de estudantes, professores e trabalhadores".

Alexandre Supertramp comentou sobre o importante eixo ligado a juventude trabalhadora "Nós queremos que a FAÌSCA não seja uma juventude apenas universitária, mas esteja organizando jovens trabalhadores nas fábricas, telemarketings, logísticas e todos os setores de trabalho precário onde estão estes jovens, assim como um amplo setor de jovens que estão desempregados e não tem acesso à educação.

Votamos organizar uma forte campanha contra o trabalho precário e o desemprego

dizendo abertamente que as empresas que demitem ou fecham devem ser estatizadas sob controle operário

Thamara Oliveira, que participou das ocupações de São Paulo no ano passado, comentou “Fiquei muito contente em ver dezenas de secundaristas presentes no lançamento da FAÍSCA, vindos de várias cidades de SP, RJ, MG e RS.

Vários estudantes secundaristas falaram e trouxeram muita energia para o lançamento, mas é só o começo, agora vamos em todo o país buscar novos secundaristas para serem conosco essa FAÍSCA revolucionária

No lançamento se expressou um forte sentimento contra todo tipo de opressão. Sobre isso, Virginia Guitzel comentou que "Além de exigir creches e fraldários nos locais de trabalho e estudo, votamos lutar com muita força pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, por isso foi bem legal a apresentação da Luana Hansen que colocou bastante eixo neste tema, por isso é fundamental lutar pela separação da Igreja do Estado, o que também remarcamos no Encontro. Debatemos a necessidade de seguir dando peso para nossa luta pela liberdade sexual e de identidade de gênero, queremos dizer um basta de mortes de LGBT´s em nosso país. Votamos lutar pela retirada das tropas brasileiras do Haiti e pelo fim do genocídio da juventude negra, assim como pelo fim do genocídio à população indígena e pela demarcação imediata das terras".

"A gente também se posicionou contra a lei-antiterrorismo do governo Dilma que facilita a repressão aos movimentos sociais, votamos uma campanha contra os cortes nas artes e cultura ao mesmo tempo que vamos lutar por uma cultura que não atenda aos interesses privados. Achamos também fundamental lutar pelo debate de gênero nas escolas e rechaçar a Lei Escola Sem Partido", reforçou Jéssica.

Jéssica finalizou dizendo que

Votamos que o Esquerda Diário será um instrumento a ser tomado por todos os jovens que estão a frente desta nova juventude

como uma ferramenta privilegiada para chegar a centenas de milhares de jovens em todo o país e que ao mesmo tempo vamos lançar um portal da juventude FAÍSCA. E como não podia deixar de ser, votamos fazer como os estudantes franceses que neste momento estão protagonizando uma forte luta ao lado dos trabalhadores. Chamamos todos os jovens a construir junto com a gente!".

Diana Assunção, dirigente nacional do MRT fez uma saudação em nome da militância do MRT ao lançamento desta nova juventude, colocando a necessidade da juventude avançar na perspectiva da revolução socialista o que somente é possível lutando pela construção de um partido revolucionário. Nicolás Del Caño, ex-candidato a presidente na Argentina pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT na sigla em espanhol) também enviou uma calorosa saudação, leia aqui.

Ao final do lançamento houve shows de Luana Hansen e Yzalú, apresentações artísticas, DJ´s e muita festa.

Reproduzimos abaixo a declaração aprovada no lançamento.

Por uma nova juventude anticapitalista e revolucionária frente a crise política no Brasil

1. Uma nova juventude pra uma nova situação política

O Brasil está fervendo, a discussão política sobre os rumos do país rompeu as portas dos palácios dos colarinhos brancos e invadiu a vida da gente comum. O mundo também está fervendo, de Ferguson à Paris, da África do Sul aos secundaristas de São Paulo. A profunda crise econômica chegou ao Brasil, a marolinha era tsunami, junho de 2013 sacudiu o país. A juventude enfrentou os ataques dos governos e do Estado que buscavam descarregar a crise sobre nossas costas.

Nós somos parte dessa geração que vem resistindo, somos criadores e criados pelas jornadas de junho de 2013. A nova situação política de forte crise precisa de uma solução, e a juventude está chamada a ser parte dessa resposta. Nós atendemos a esse chamado e estamos decididos a lutar por uma saída revolucionária para o Brasil, que possamos levar adiante ao lado da classe trabalhadora, única força social capaz de transformar esta sociedade pela raiz.

2. Contra o impeachment verde e amarelo e a Lava-Jato da direita

A crise política tá na boca do povo, tá na fila pro busão lotado, na praça da escola, no horário do almoço, nas bibliotecas das universidades. Está na TV, no facebook, no twitter. Todo mundo está pensando em como se posicionar. A direita quer ser “o futuro da nação”, pintada de verde-amarelo com figuras de jovens liberais como Kim Kataguiri. O reacionário juiz Sérgio Moro, que não foi eleito por ninguém, fez escola política nos EUA e ganha mais de R$ 80 mil por mês, está usando medidas arbitrárias contra alguns políticos em detrimento dos outros. Não para acabar com a corrupção, mas para fortalecer esse poder de “justiça” reacionário e poder usar de medidas ainda mais arbitrárias e duras contra a população pobre, os trabalhadores, a juventude negra.

Não apoiamos a Lava-Jato pois essa operação é uma das medidas para abrir um espaço claro para a direita avançar seja pelo impeachment, seja pelas eleições antecipadas que tanto espera Aécio Neves e Marina Silva. É para acabar com um cartel de corrupção e abrir espaço para outro. Os corruptos devem ser investigados e punidos, mas não por essa justiça também corrupta e seletiva, e sim pelo povo. Por isso também somos contra este impeachment e qualquer manobra parlamentar ou judiciária que signifique um punhado destes políticos retirar o governo atual passando por cima da decisão de milhões de pessoas.

Enquanto os trabalhadores e nós jovens não estivermos em luta contra o impeachment e os ataques do governo do PT de forma independente, muitas propostas que parecem “democráticas” como eleições gerais ou referendo revogatório vão rapidamente se transformar na alternativa das elites de direita para impor um governo que vai piorar ainda mais a situação da população. Por isso não podemos nos enganar com um discurso de “Fora Todos! Eleições Gerais!”, que não se coloca contra o impeachment, como faz a Juventude do PSTU e o Juntos! do PSOL.

3. Contra os ataques do governo PT que governa para os ricos

O PT que hoje esbraveja contra a direita foi o próprio responsável por ela estar se fortalecendo. O PT é um partido que está mergulhado como a direita na farra da corrupção com o dinheiro de nosso trabalho, que está rifando a Petrobrás, retirando a previdência, o seguro-desemprego, que negou nesses 13 anos o direito ao aborto, que manda tropas militares para o Haiti, e que cumpre um papel criminoso de se encastelar nos sindicatos e entidades estudantis para impedir que lutemos contra os ataques.

O PT e organizações como CUT, UNE, UBES, e mesmo as correntes políticas que buscam uma posição “crítica” ao governo para se pintar de combativos como o Levante Popular da Juventude, querem usar o sentimento correto de rechaço à direita pra fortalecer seu governo, poder aumentar os ataques e provar para os empresários que pode governar em tempos de crise.

Exigimos que as centrais sindicais e entidades estudantis rompam sua subordinação ao governo para levar adiante um plano de luta contra o impeachment, as manobras golpistas do poder judiciário e os ataques do governo do PT.

4. Por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força da mobilização

Com a luta contra o aumento da passagem, mas também com a luta secundarista, vimos que qualquer conquista, por fora de uma mudança realmente estrutural, vai aos poucos sendo retiradas de nós. Com essa lição, frente à crise política não queremos apenas barrar o impeachment e os ataques e depois disso deixar tudo como está. Sem mudar as regras do jogo não adianta mudar os jogadores.

Por isso, queremos abrir a discussão com todos os jovens da necessidade de lutarmos por uma Assembléia Constituinte imposta pela força da mobilização para atacarmos a impunidade pela raiz, julgar todos os corruptos por júri popular, eleger novos deputados e juízes que sejam revogáveis a qualquer momento, por nós e não por eles mesmos, e que todos recebam o salário de uma professora. Podemos reduzir a jornada de trabalho e dividir os empregos entre os jovens desempregados, que já chegam a 20%, lutar pelo não pagamento da dívida pública para ao invés de mandar nosso dinheiro para os imperialistas, colocar na saúde e na educação que estão uma calamidade, além de estatizar todo o ensino privado e impor o fim do vestibular, garantindo educação pública, gratuita e de mesma qualidade para todos os jovens do país, fazer finalmente a reforma agrária, entre outras transformações estruturais.

Para nós, os problemas estruturais do país só poderão ser resolvidos com uma revolução, que dê lugar a um governo dos trabalhadores e do povo pobre, mas estamos lado a lado com cada jovem e trabalhador que ainda não concorda com essa perspectiva mas está disposto a lutas como estas que aqui colocamos.

5. Acabar com o capitalismo ao lado da classe trabalhadora

Neste sistema baseado na acumulação do lucro, todos trabalham e alguns poucos enriquecem. O capitalismo é uma sociedade de exploração e opressão que, para lucrar sobre o trabalho precário do povo negro, perpetua a ideologia racista, o padrão de beleza europeu, a violência policial e a miséria na periferia. Que mantém a ideologia machista, que quer impedir nossa livre sexualidade, impede a livre construção de nosso gênero, prega a individualidade, mas quer que todos sejamos iguais e caibamos em suas caixinhas. Queremos ser linha de frente na luta contra toda forma de opressão, junto às mulheres, negros e LGBTs mas com a perspectiva da luta por uma outra sociedade.

A juventude que grita por direito à cidade, ao lazer, à cultura, à arte, ao corpo, não pode se contentar com as amarras que esse sistema nos impõe. Por isso acreditamos que cada jovem do Brasil deve se colocar na perspectiva de lutar por uma revolução social, que bote abaixo esse sistema de uma só vez, não busque consertar o que não tem solução, e construa uma sociedade sem exploração e opressão, onde “sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.

A classe trabalhadora, que tudo produz e tudo sustenta com seu trabalho, é a única força social capaz de realizar essa revolução, paralisando o sistema e impondo um governo dos trabalhadores e da população pobre. Por isso a nossa juventude, com decisão e convicção revolucionária, quer se colocar a frente de construir essa perspectiva ao lado dos trabalhadores, queremos ser a faísca que vai incendiar a classe operária, queremos abrir o caminho para o gigante acordar e dar passos largos nessa batalha histórica, que acreditamos que vamos vencer, contra a classe exploradora. Basta de pedir, vamos impor a revolução que nos dará o direito ao pão, mas também às rosas.

Neste Encontro, decidimos dar a essa juventude o nome de FAÌSCA – Juventude revolucionária e anti-capitalista, impulsionada pelo MRT (Movimento Revolucionário de Trabalhadores) e independentes. A partir daqui, voltaremos a cada lugar onde estudamos ou trabalhamos, e vamos batalhar pra disputar os corações e as ideias de nossos colegas pra esse projeto. Queremos nos dirigir a centenas ou milhares de jovens para debater um programa para essa juventude revolucionária e anticapitalista que seja votado em um primeiro Congresso de nossa juventude. Vamos juventude, fazer história nessa vida.

Declaração da FAÍSCA – Juventude revolucionária e anti-capitalista
Aprovada no encontro do dia 2 de abril de 2016

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