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ABSURDO | Com 70 presos contaminados no Complexo da Papuda – DF, escancaram-se as condições nos presídios brasileiros

Boletim recente da Secretaria de Segurança Pública mostra que 71 presos testaram positivos ao COVID-19. Entretanto, resultados disponibilizados pela Secretaria de Saúde do governo do DF contradizem esse número, mostrando que há mais infectados.

quarta-feira 22 de abril de 2020 | Edição do dia

Na noite dessa segunda-feira (20), um novo boletim da Secretaria de Segurança Pública mostrou que 71 presos testaram positivos ao COVID-19 no Complexo Penitenciário de Papuda - DF. Um preso já ficou acamado, e os outros testados positivos ainda passaram por contraprova, frente a todos os 400 testados no complexo. Mais de oito presos chegaram já infectados nessa quarta-feira e foram isolados. Entretanto, a Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal diz que na verdade o complexo possui 85 presos contaminados, o que equivale a 10,5% de todos os casos registrados no Estado. Nenhum outro complexo tem tantos confirmados com o vírus e presidiários seguem apavorados com a grande possibilidade de contaminação

A situação é tão desumana que o pedido pela Defensoria para conceder direito de ligações aos presos foi negado pela Justiça de Moro. O descaso com a vida dos presos e trabalhadores do complexo é tanta que a juíza titular da Vara de Execuções Penais, Leila Cury, diz que “não há descontrole da situação” no complexo

Com esse quadro absurdo de contaminações, somados às condições que vivem os presos antes e durante a pandemia, como denunciamos em outras matérias, vemos que os Estados têm uma política de extermínio para os presidiários no país. Em uma fala, Moro, o mesmo do Pacote Anticrime, diz que os presos não são prioridade para receber testes. Olhando para as políticas do Ministro da Justiça e dos governadores quanto aos presos, o que se mostra é um confluência no sentido de fazer a população negra pagar pela crise da pandemia, uma vez que a maioria da população carcerária é composta por negros, com 40% deles tendo sido presos injustamente, sem julgamento.

Sem água encanada, sem boa alimentação, com o estresse da vida em cárcere, os presos são um dos setores da sociedade que mais paga pela crise e, em Estados como o de São Paulo, a mando de Dória, os detentos estão sendo obrigados a produzirem máscaras sem ao menos terem acesso a elas. Ao mesmo tempo, as grandes indústrias têxteis seguem sem ser centralizadas pelo Estado para tomar essa tarefa, de maneira a atender a urgente demanda por EPIs para os trabalhadores dos setores essenciais e para todos os outros que seguem trabalhando por não poderem contar com o minúsculo auxilio de R$ 600 do Governo Federal, que tarda a chegar a amplos setores dos trabalhadores para poderem se isolar.

Frente a isso, nós do Esquerda Diário colocamos que é urgente um plano emergencial de centralização da econômica para que possamos realmente responder à crise, produzindo EPIs, equipamentos médicos e construindo leitos de UTI. Também é urgente a produção de testes massivos, já temos como exemplo os testes feitos na Unicamp com reagentes 100% nacionais, que as indústrias químicas e a Petrobrás poderiam estar fabricando. Tudo isso deveria estar no controle dos trabalhadores, por meio de comitês em cada local de trabalho e com uma coordenação nacional, pois não podemos contar com os Governadores, o Judiciário e Bolsonaro, que somente priorizam os lucros e não as vidas dos trabalhadores e da população de presos – uma política racista e contra a classe trabalhadora.




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