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Colômbia: greve nacional e mobilizações nesta quinta-feira contra o pacote de Duque

Centrais sindicais, movimentos sociais, estudantis, camponeses, indígenas, entre outros, convocaram uma greve nacional para 21 de novembro e uma mobilização nacional contra o que os organizadores chamam de "pacote Duque".

terça-feira 19 de novembro de 2019 | Edição do dia

Cada vez mais setores vem se somando a convoatória contra o pacote do presidente Iván Duque, conforme a data foi se aproximando, expressando o enorme descontentamento que o povo colombiano acumulou ao longo dos últimos anos.

Ainda será visto o impacto deste dia de protestos do 21N em todo o país, que será acompanhado por mobilizações realizadas em Bogotá, bem como nas principais cidades do país. Mas, como já reflete na mídia local, ela vem tendo uma dinâmica crescente, depois que inicialmente as centrais sindicais e movimentos sociais convocaram no início de outubro no calor do que vem acontecendo no continente.

A manifestação está ganhando cada vez mais força e até agora há confirmação de mobilização em 12 departamentos, uma lista que está aumentando. As mobilizações e protestos estudantis ocorridos em outubro, em Bogotá e nas principais cidades do país, contra a crescente repressão e a violação de acordos do governo sobre o orçamento educacional, já demonstraram forte descontentamento contra o governo de Duque.

A greve nacional da Colômbia ocorre no contexto das mobilizações que vêm ocorrendo em vários países da América Latina, como em Honduras, Haiti, mas especialmente no Equador, Chile e na situação convulsiva na Bolívia, onde as pessoas deste país resistem ao golpe. Até vários meios de comunicação de Bogotá destacaram esse impacto sobretudo do Chile.

Assim, na revista La Semana, que não tem nada de progressista ou de esquerda, noticiou da seguinte maneira: “Depois de assistir na televisão como as multidões foram às ruas em vários países para expressar sua indignação, chegou a vez da Colômbia. Protestos distantes estão se aproximando. Depois dos ’coletes amarelos’ na França e dos libertários em Hong Kong, a convulsão social chegou à América Latina (...). Mas a mobilização social que mais impressionou - massiva, agressiva e sustentada - foi a do Chile, até então considerado um país modelo (...) ”.

E não é por menos o medo da Colômbia ingressar nesse clima regional. É um país no qual a direita e a burguesia rançosa, com seu neoliberalismo imperante (uma cópia do modelo chileno), levou a população colombiana a níveis muito altos de desigualdade, uma juventude altamente precarizada, onde a repressão e o assassinato de líderes sociais, sindicais, camponeses e indígenas é um fato comum.

As razões da greve e das mobilizações

A mobilização é motivada pelo pacote do presidente Iván Duque, que contém a reforma previdenciária, trabalhista e tributária, contra o holding financeiro (que elimina o controle direto do Estado sobre o dinheiro das empresas financeiras estatais), contra a privatização, contra a corrupção (São quase 50 bilhões por ano apenas por causa da corrupção), contra o aumento de tarifas (como a eletricidade), por um salário mínimo que cubra a cesta básica familiar, pelo cumprimento de acordos com trabalhadores estatais, Facode e estudantes, os cortes de gastos , contra o aumento do desemprego, pelo direito de protestar, contra a criminalização e estigmatização de quem luta.

Além do aumento da violência contra o povo, assassinatos de indígenas, homicídios de líderes sociais, dissidentes das FARC e, recentemente, o massacre de 18 menores em um bombardeio do exército no departamento de Caquetá.

De acordo com muitos meios de comunicação, e como se pode ver nas redes sociais, as marchas serão enormes, se sentindo o descontentamento social e raiva pelo pacote de Duque.

O governo está com medo, tanto que decretou para este 21N o fechamento das fronteiras, até se fala em militarização das cidades e, conforme expressou nesta segunda-feira pela ministra do Interior, Nancy Patricia Gutiérrez, se estuda um decreto para que prefeitos e governadores "adotem medidas especiais para manter a ordem pública em suas jurisdições, como restringir o porte de armas ou toque de recolher". E todos sabemos o que eles querem dizer com "medidas especiais", que nada mais são do que o poder de prefeitos e governadores de reprimir as marchas.

Por sua vez, a mídia pró-governo tenta desencorajar mobilizações, enfatizando que o pacote de Duque ainda não existe. Grupos de aposentados das forças armadas demonstraram apoio a repressão das mobilizações nas cidades, especialmente em Medellín. Para este dia, também se aquartelou o Exército Nacional. Ao mesmo tempo, foram instauradas ações judiciais reivindicando direitos individuais para não permitir as marchas, buscando responsáveis pelas mobilizações em caso de “distúrbios”, uma maneira de gerar falsos positivos judiciais.

Enquanto isso, artistas como Carlos Vives, Aterciopelados, entre outros, manifestaram seu apoio às mobilizações do 21N. Aparentemente, existem muitas razões para sair às ruas mais uma vez, desde a posse deste governo, manifestações como mobilizações, protestos e expressões artísticas ganharam força .Embora o medo tenha se espalhado e se temam as repressões e infiltrados da Polícia Nacional nas mobilizações, a tendência é encher as ruas. Nesta ocasião, as mobilizações podem ser enormes, de modo que o governo já demonstrou medo com todas as medidas que está tomando. A força que vem do continente, das manifestações de Porto Rico, Equador e Chile, que revelam, no caso da Colômbia, o cansaço popular com as medidas capitalistas.




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