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Brutalidade Machista | Coagindo por acesso a comida, garimpeiros estupram mulheres e crianças yanomâmi

Junto ao aumento da atividade do garimpo na reserva indígena Yanomami, aumentaram também os absurdos casos de abuso sexual e incluindo estupros como pagamento por comida.

terça-feira 12 de abril de 2022 | Edição do dia

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Nesta segunda-feira, 11/04, foi publicado um relatório da Hutukara Associação Yanomami (Hay) que aponta toda a vulnerabilidade sob a qual ficam expostos os povos yanomami frente aos avanços do garimpo em suas terras. A reserva ocupa uma área de 10 milhões de hectares, e abriga mais de 28 mil indígenas.

O relatório aponta para um aumento da atividade do garimpo em 46% entre 2020 e 2021, o que se relaciona diretamente com o apoio do governo Bolsonaro ao avanço sobre terras indígenas e ao aumento do desmatamento como forma de apoio ao agronegócio.

Junto a isso há todo o ódio da extrema direita pelos povos indígenas que ocupam essas terras, que se expressa em muitas formas, como o assassinato de líderes indígenas, intimidação aos povos originários e violência sexual com as mulheres e até mesmo com crianças, causando traumas nas populações e proliferando DSTs. O relato a seguir é retirado diretamente do relatório e se refere a como os garimpeiros abusaram de crianças yanomami de 13 anos e como eles são vistos pela comunidade:

Os garimpeiros estupraram muito essas moças, embriagadas de cachaça. Elas eram novas, tendo apenas tido a primeira menstruação. Após os garimpeiros terem provocado a morte dessas moças, os Yanomami protestaram contra os garimpeiros, que se afastaram um pouco. As lideranças disseram para eles que estando tão próximos, se comportam muito mal. Por isso, outros Yanomami os apelidam de “letalidade da malária”. Eles são mesmo ruins, são portadores de epidemias por causa das quais morremos. Eles insistem em comer nossas vaginas, disso temos medo.
Ainda de acordo com os moradores, a oferta frequente de bebidas alcoólicas e drogas trazidas pelos garimpeiros deixam as comunidades vulneráveis a toda sorte de abusos. São vários os casos de estupros e assédio de crianças e mulheres. Em um deles, conta-se de um “casamento” arranjado de uma adolescente Yanomami com um garimpeiro mediante a promessa de pagamento de mercadoria, que nunca foi cumprida. Os moradores dão conta ainda que os garimpeiros andam armados, e por isso os indígenas já não oferecem resistência aos assédios porque têm medo de serem atacados.

O governo Bolsonaro é aliado do garimpo e ataca os povos indígenas desde o início do mandato presidencial. Em 2020, quando se encontrava em alta o tema das queimadas na Amazônia, o presidente cinicamente culpou os indígenas e ONGs de estarem causando a destruição da vegetação. Também durante o governo Bolsonaro, o STF iniciou o processo do Marco Temporal, que visa diminuir a área indígena no território brasileiro, reduzindo-o apenas ao ocupado pela população indígena em 1988, quando foi promulgada a nova constituição. Mais recentemente o governo também criou um programa que incentiva a atividade do garimpo, que avança constantemente sobre reservas ambientais e leva doenças e violência por onde passa.

Para derrotar essa extrema direita que promove o ódio contra indígenas e mulheres é necessário que se unifiquem as lutas da classe trabalhadora e da juventude com as demandas dos povos Yanomami e todos os outros que sofrem nas mãos daqueles que se apoiam em Bolsonaro. Para isso é necessário que se levantem planos de luta encabeçados pela esquerda e por organizações sociais, além dos sindicatos dirigidos pela CUT e CTB por exemplo, sem se apoiar em setores de direita.




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