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HÁ 160 ANOS DO SEU NASCIMENTO | Clara Zetkin: a grande organizadora das mulheres trabalhadoras e socialistas

Em 5 de julho de 1857 nascia a mulher que como membro do Partido Socialdemocrata Alemão se transformaria na maior organizadora das mulheres trabalhadoras e socialistas do seu tempo

Andrea D’Atri@andreadatri

sexta-feira 14 de julho de 2017 | Edição do dia

Organizar as mulheres, mesmo que o governo proíba

Sob o regime imperial na Alemanha, mulheres, estudantes e aprendizes eram proibidos de fazerem parte de organizações políticas e de participar de reuniões onde fosse discutido. Somente em 1902, esta lei foi alterada: desde então, as mulheres tinham o direito de atividade política, porém, sempre exercida separada dos homens. Por esta razão, o Partido Socialdemocrata alemão promoveu a formação de uma seção de mulheres, que com a liderança de Clara Zetkin, organizou a Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, que reuniu centenas de delegadas de toda a Europa. No entanto, a proibição legal não parece ter sido a única razão para a organização das mulheres socialistas: o Ministério do Interior, que espionava os revolucionários, observou em um de seus relatórios secretos que os homens socialistas impunham uma "resistência passiva" à participação das mulheres no partido.

Pelos direitos das mulheres trabalhadoras

Clara Zetkin denunciou a opressão das mulheres trabalhadoras no capitalismo, lutou por todos os direitos das mulheres trabalhadoras começando com o direito a igual salário por igual trabalho. Também lutou contra todas as proibições que impediam as mulheres de fazer política; denunciou a hipocrisia do casamento burguês e defendeu o direito das mulheres "de dispor de si mesma." Era a favor da livre escolha para as mulheres sobre o aborto e métodos contraceptivos, o que alguns líderes do Partido Socialdemocrata alemão eram contrários, e por uma educação laica e mista. Lutou pelo direito ao voto, como as outras mulheres feministas burguesas, com quem defendia que deveria-se “sempre lutar juntas, mas marchar separadas” conseguiu que a socialdemocracia alemã fosse o primeiro partido a defender este direito no seu programa. Foi Clara Zetkin, que propôs que no 8 de março se comemorasse o Dia Internacional da Mulher.

Junto a Rosa Luxemburgo, Lenin e Trotsky contra a traição da socialdemocracia

Quando os deputados socialdemocratas aprovaram no parlamento os créditos de guerra que levaria à carnificina da 1ª Guerra Mundial, Clara Zetkin com sua amiga, a revolucionária Rosa Luxemburgo, e outros líderes da ala esquerda enfrentaram a traição da direção do partido. Tanto Clara Zetkin como Rosa Luxemburgo foram presas e exiladas durante a guerra por defenderem posições antibelicistas. Isto as levou a se juntarem a Lenin, Trotsky e outros líderes socialdemocratas de diferentes países que compartilhavam o rechaço ao curso que havia tomado a maioria da socialdemocracia e defenderam a formação de uma nova organização internacional, a Internacional Comunista.

As Teses para a propaganda entre as mulheres

Prontamente, torna-se amida de Lenin, que lhe encarregou de elaborar uma tese para o trabalho político entre as mulheres para ser aprovado no Terceiro Congresso da Internacional Comunista. Lá, Clara notou que deveriam "reconhecer as mulheres como membros com igualdade de direitos e deveres aos demais membros do partido e em todas as organizações proletárias (sindicatos, cooperativas, conselhos de fábrica, etc.)", bem como “combater os preconceitos contra as mulheres na massa do proletariado masculino, fortalecendo no espírito dos trabalhadores e trabalhadoras a ideia da solidariedade dos interesses dos trabalhadores de ambos os sexos." Estava convencida de que o princípio fundamental do trabalho político entre as mulheres deveria ser a "agitação e propaganda através dos fatos". Com isso se referia à "ação para despertar a iniciativa da mulher trabalhadora, para destruir a sua falta de confiança em sua própria força e mobilizá-la no trabalho prático no campo da organização e da luta, para ensinar a compreensão através a realidade de que cada conquista do Partido Comunista, toda ação contra a exploração capitalista, é um progresso que alivia a situação das mulheres."

Clara Zetkin morreu na Rússia em 1933. Mas foi imortalizada na história da classe operária mundial como a revolucionária que sempre lutou pelos direitos e pela organização das trabalhadoras e das mulheres socialistas.




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