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VISITA DE MACRI AO BRASIL | Cinco pontos chave sobre o encontro entre Macri e Bolsonaro

Os pontos principais deixados pela reunião do novo eixo da direita sul-americana.

quinta-feira 17 de janeiro de 2019 | Edição do dia

Imagem: Reprodução/Globo

Finalmente chegou o dia. Brasília foi o cenário no qual se encontraram o ultradireitista Jair Bolsonaro, que acabou de assumir a presidência do gigante sul-americano, e o presidente argentino Mauricio Macri.

Na continuação, as cinco principais chaves para entender o que foi debatido ali:

1) Com o novo presidente brasileiro assumindo, se confirma um novo eixo da direita sul-americana. “Temos muitas coisas em comum com Bolsonaro”, disse Macri ao fim da reunião. Ambos presidentes procuram redobrar seus ataques sobre o povo trabalhador da região. Reformas na Previdência, entrega ao capital financeiro, ajustes fiscais, discriminação, privatizações, no caso do Brasil, e repressão, estão entre os principais alinhamentos de ambos governos. Para enfrentar estes ataques, os trabalhadores, as mulheres e os jovens da América do Sul têm que se preparar. Em um caso, contra um governo que acabou de começar. No outro, contra um que já leva nas costas uma forte crise, mas continua aplicando os planos do FMI.

2) A pedido do imperialismo estadunidense, um dos primeiros focos de ataque do eixo Bolsonaro-Macri é a Venezuela. Ao final do encontro entre os dois presidentes, Macri afirmou que “concordamos quanto à crise na Venezuela. Não existem dúvidas de que Maduro é um ditador”. Deste modo, o golpista Bolsonaro, que reivindica a Ditadura Militar brasileira, e o presidente Macri, cuja família fez fortunas durante o genocídio argentino, se brindaram com o poder de questionar o regime político venezuelano. Seguem os passos dos Estados Unidos, que no fim de semana passado emitiu um comunicado convocando a conformação de um novo governo naquele país. Ao contrário deles, a esquerda revolucionária, que é firme opositora de Nicolás Maduro e seus ataques no marco da crise, defende uma política para que a situação política não seja aproveitada pela direita.

3) Planos de maior abertura ao capital financeiro. Apesar da economia argentina estar mergulhada em uma profunda crise, com recessão, recordes de inflação, aumento da pobreza e uma crise da dívida no horizonte, Bolsonaro assegurou que o Brasil vê “com interesse e admiração os esforços de Macri para levantar a economia argentina e integrá-la ao mundo”. Foi uma confirmação para o povo brasileiro do que terá que enfrentar com o ultradireitista no governo. Neste caminho, também falaram de acordos comerciais e maiores concessões ao capital financeiro internacional. Sobre isso, Macri detalhou que “vamos impulsionar nossas economias, melhorar o Mercosul e nos abrir ao mundo”. Neste marco estão as negociações com a União Europeia. Este aspecto do encontro, para o governo argentino, se tratou de um alívio, pelas dúvidas quanto à importância que Bolsonaro dará ao Mercosul. Para o povo trabalhador da região foi outro mal sinal a respeito do que vem por aí.

4) Demagogia e uso político das “lutas” contra a corrupção e a “insegurança”. “Combater o narcotráfico, o crime organizado e a lavagem de dinheiro”, foi outra concordância da reunião. Das delegações de ambos países participaram funcionários como Patricia Bullrich e Sergio Moro. Enquanto a ministra argentina está desenvolvendo uma política de mão dura não apenas para criminalizar as manifestações e a pobreza, mas também como demagógica e direitista campanha eleitoral (na falta de boas notícias econômicas), no caso brasileiro se trata do juiz chave da Lava Jato, que demonstrou ser uma operação política para abrir caminho para a eleição mais antidemocrática da história do Brasil (com a proscrição de Lula) e para o triunfo da direita. Bolsonaro tem falado da possibilidade de instalar uma base militar no Brasil e da permissão do porte de armas como parte de sua política de mão dura.

5) Por último, é necessário sinalizar que em ambos casos, os direitistas conseguiram avançar até aqui pelo papel passivo dos seus opositores. No Brasil, o PT e a central sindical que dirige, a CUT, deixaram passar sem luta, isolando as lutas que existiram, o golpe contra Dilma Rousseff, os ataques de Temer e as eleições fraudulentas nas quais Lula foi impedido de ser candidato. Na Argentina, o peronismo e o kirchnerismo, que têm maioria no Congresso Nacional e dirigem as centrais sindicais, deixaram avançar a estratégia do FMI, os aumentos exponenciais das tarifas e a pobreza. Somente esperam as eleições, a mesma estratégia que o PT usou no Brasil e já fracassou. De frente para os novos ataques que vêm, para os trabalhadores, as mulheres e a juventude se trata de encarar novos caminhos para a resistência, e dar passos urgentes na construção de um partido unificado para a esquerda operária e socialista, com um programa para que a crise seja paga pelos capitalistas, única forma realista de se enfrentar com a direita.




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