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Christian Castillo: “O capital político conquistado deve estar à serviço de enfrentar o ajuste”

La Izquierda Diario falou com Christian Castillo, dirigente nacional do PTS e referência nacional da Frente de Esquerda. O diálogo acontece logo após a importante eleição que esta força realizou a nível nacional.

quarta-feira 25 de outubro de 2017 | Edição do dia

Na tarde de segunda-feira, quando ainda seguem os ecos da eleição que aconteceu no domingo, La Izquierda Diario se comunica com Christian Castillo, dirigente nacional do PTS e referência nacional da Frente de Izquierda. A intenção é ter um olhar sobre os resultados nacionais, o balanço do ocorrido na província de Buenos Aires e uma análise da importante eleição da esquerda em todo o país.

Aqui estão algumas das principais definições do dirigente da coalizão política de esquerda que acaba de alcançar quase 1.200.000 votos.

Como você vê o balanço da eleição nacional?

Acredito que Macri vai buscar usar os largos 40% que conseguiu a nível nacional para avançar com parte de seu plano. Mas, levando em consideração estes resultados, não tem maioria nas Câmaras e, para várias das medidas que quer implementar, precisa não apenas do acordo do Congresso, mas também dos próprios governadores. Ali estão decisões como pode ser uma reforma dos mecanismos da Coparticipação Federal.

Já se anuncia que o governo convocaria uma reunião, onde convidaria a cúpula da CGT, os chefes de bloco, os governadores, entre outros, para tentar aproveitar este impulso para impor sua posição.

O governo quer continuar acumulando força para avançar com uma política de reforma trabalhista. Hoje (e durante ontem) Macri o deixou explícito na coletiva de imprensa onde colocou como exemplo todos os convênios que foram sendo feitos na descida, com a perda de direitos para os trabalhadores, como os que foram assinado em Baca Muerta, a carne ou a construção. Nada bom pode ser esperado para os trabalhadores do que pode fazer o governo.

Como analisa o resultado na província de Buenos Aires, que foi definida como “a mãe de todas as batalhas”?

Ainda que Cambiemos tenha avançado em relação à votação que obteve nas PASO, acredito que a conquista não pode ser vista tanto na diferença que conseguiram em relação à Cristina Fernández, mas sim com o fato de que Vidal vai ter maioria própria na legislatura da província.

Mas a província acumula toda uma série de contradições no elementos essenciais da província, como saúde, educação e administração pública, onde os salários são verdadeiramente muito baixos.

Nada de bom podem esperar os trabalhadores do que possa fazer o governo

Acredito que não vai ser tão fácil quanto queiram que os trabalhadores continuem perdendo. Essa parece ser a decisão. O que têm à seu favor é a atitude de cumplicidade da UPCN e da maioria das direções sindicais.

Logo após o resultado da eleição na província de Buenos Aires. Como fica o kirchnerismo e Cristina Fernández?

O dado mais importante não é tanto a derrota de Cristina, que já era esperada, mas sim a derrota que sofrem os peronistas macristas, como o caso de Urtubey. Schiaretti já tinha sido derrotado nas PASO e agora Urtubey tem uma derrota que complica todo o seu projeto.

O peronismo se encontra em uma crise porque não tem uma liderança que possa superar Cristina. E ela não pode avançar porque não lidera o conjunto do peronismo, apesar de todas suas declarações durante a campanha eleitoral. Ela dizia que não era kirchnerista mas sim peronista.

Qual vai ser sua estratégia? Temos que esperar. Ter declarado tanto isso quanto a linha do conjunto do peronismo parecer ser uma conciliação com Macri pode levar a uma divisão ou a uma política mais conciliadora da ex presidenta.

No ato de Sarandí, Cristina afirmou que “Unidad Ciudadana chegou para ficar”. Como se pode ler essa afirmação?

Mas agora vai cuidar de tentar manter seu espaço. Mas há de se ver se isso se dá. Uma parte dos intendentes já expressou sua intenção de disputar uma interna do peronismo. Isso é algo que está aberto. Não s se pode esquecer que é a primeira eleição que Cristina perde, ainda que seja com um grande fluxo de votos.

O que acontece é que vai ter um poder de ação limitado. Se faz um bloco separado de Pichetto será um bloco que pequeno que, somando todos, pode chegar a dez senadores. E em deputados há de se ver como se reagrupa o outro setor. Quanto vai ser o poder de ação de Cristina é algo que se está por ver. E qual vai ser sua orientação também. Acredito que se deve ter em conta quanto insistiu em ser peronista. O que quis dizer?

Sabemos, porque foi publicada a reunião dos intendentes da primeira sessão com Pichetto. E vários transcendidos dizem que anteciparam para onde iam. Há de se esperar e ver como vão se alunhar as forças dentro do peronismo.

Falemos da eleição da Frente de Esquerda. Como você vê os resultados e a campanha de conjunto? Conseguiram atrair uma importante simpatia com algumas consigas como a de trabalhar 6 horas, 5 dias por semana.

Acredito que o resultado tem muito mérito não apenas pela quantidade de votos que conquistamos, que foram ao redor de 1.200.000, mas também pelo contexto no qual se deram. Conseguimos dois deputados na província de Buenos Aires e resultados muito importante como em Jujuy, brigando pelo segundo lugar com 18% ou Mendoza com 12%. E na cidade de Buenos Aires, elegendo dois legisladores.

Não se deve esquecer que é a primeira eleição que Cristina perde, ainda que seja com um grande fluxo de voto

Tudo isso nos marcos de uma votação conservadora e com uma tentativa de instalar uma polarização política para que todos os votos anti-ajuste fossem canalizados, na província de Buenos Aires, pelo kirchnerismo. Mas isso dá valor duplo para a eleição da FIT. Os votos são duplamente valiosos porque não se dão em um momento auge da luta de classes.

Isso se deve à campanha que fizemos tanto durante as PASO como nesta eleição, o que incluiu propagandear uma série de ideias que não são conjunturais, mas sim apontar para respostas a um dos problemas centrais que é a combinação desemprego e precarização. Hoje colocada como política ofensiva do capital sob a classe trabalhadora.

Foi uma campanha que permitiu questionar a lógica do sistema capitalista e a ideia de que move ao redor da ganância do capital, contradizendo as necessidades do povo trabalhador.

A isso, na segunda parte, tmabém somamos uma denúncia contra a cumplicidade política do peronismo. Cumplicidade que se viu, sobretudo com suas distintas variedades, na Câmara dos Deputados ou no Senado, davam governabilidade à Macri, aprovando leis de endividamento e ajuste.

Isso, ligado à presença da esquerda na luta de classes, como em PepsiCo, ou em toda a última parte da campanha, impulsionando a mobilização pela aparição com vida de Santiago Maldonado primeiro e agora defendendo a luta para que sua morte não fique impune, conseguiram uma valorização na população muito importante.

Isso se vê tanto em relação aos nossos referentes, como Nico del Caño ou como Myriam Bregman-, como com a esquerda de conjunto. Éramos uma oposição consequente ao kirchnerismo e agora o somos em relação ao macrismo.

Agora nosso papel é fazer com que o capital político conquistado tenha que estar à serviço de enfrentar o ataque que vem por parte de MAcri. Temos que nos testar nesta luta.

Nosso objetivo é colocarmos a superação da experiência histórica do peronismo. E bem, o capital político que temos aponta para nos testarmos agora enfrentando um governo direto do grande capital, que tem contado como nunca com o apoio de todos os setores do poder.

Há de se dizer que Macri obteve um resultado que está em sintonia com o que ocorre com os governos em eleições de meio termo. Com De la Rúa como exceção, todos os governos de 83 até o dia de hoje obtiveram resultados similares. O obteve Alfonsín, o teve Menem, o teve Néstor Kirchner.

E o obtém contando com um apoio praticamente completo de todos os poderes. O poder econômico, o midiático, grande parte do aparato judicial e com a conciliação dos setores de oposição.Y lo obtiene contando con un apoyo prácticamente completo de todos los poderes.

Existe, também, uma parte de demagoca. Porque Macri não disse que ia aumentar a gasolina no dia seguinte à eleição e tudo que está por vir. Hay, también, una parte de demagogia.

Nosso papel é que o capital político conquistado esteja à serviço de enfrentar o ataque que vem por parte de Macri.

Apesar de tudo isso, uma parte importante votou contra o governo e uma parte que o votou não quer medidas que estejam contra seus interesses.

Qual é o desafio que se coloca pra esquerda logo após esta importante eleição?

O primeiro é que tivemos uma quantidade de companheiros que colaboraram ativamente com a campanha eleitoral. Com estes queremos que se incorporem de maneira permanente à militância no nosso partido e na FIT.

Também tem gente que não votoou em nós, nos respeita e estavam muito felizes com os resultados. Temos que aproveitar este entusiasmo para aumentar nossa capacidade militante e nossa influência nas organizações dos trabalhadores, nos sindicatos, no movimento estudantil e em todos os movimentos de luta.

Trata-se de ir construindo esta resistência ao ataque do grande capital, e ao calor da mesma, avançar em uma organização que permita superar a experiência história do peronismo no movimento de massas e possa dar aos trabalhadores e ao conjunto dos explorados uma direção com uma perspectiva claramente anticapitalista.




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