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1º DE MAIO INTERNACIONALISTA DA FRAÇÃO TROTSKISTA | Chile: "A nova normalidade será com rebeliões e tendências a greves de massas"

Confira a fala de Joseffe Cáceres, militante do PTR Chile no Ato Internacionalista de 1º de Maio da Fração Trotskista - Quarta Internacional (FT-QI).

sábado 1º de maio de 2021 | Edição do dia

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Joseffe Cáceres é assistente de limpeza e líder da Asociación de Trabajadores y Trabajadoras del Ex Pedagógico. Militante do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PTR), organização irmã do MRT no Chile, e candidata à convenção constitucional, que foi conquistada com a fúria da classe trabalhadora chilena durante a rebelião de 2019.

Confira a fala dela no ato:

"Os governos e analistas internacionais anunciam que a economia dos EUA, China e outros países centrais e dependentes vão voltar à “normalidade” superando a depressão gerada pela pandemia.

Mas daqui, do Chile, considerado o “oásis” da América Latina, lhes lembramos que foi sob essa “normalidade” que em 2019 tivemos a rebelião mais importante em décadas, que questionou toda a herança da ditadura de Pinochet.

“Não são 30 pesos, são 30 anos” foi a consigna levantada nas ruas e praças. Aos milhões enfrentamos repressões brutais, nos levantamos contra a violência machista, exigimos aposentadorias e salários dignos, saúde e educação, porque não queríamos que nossos aposentados terminassem suas vidas na miséria, que nossos parentes morressem esperando atendimento em um sistema de saúde que cai aos pedaços. Gritamos Fora Piñera e exigimos uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana.

Fomos parte de uma onda internacional de lutas que começou na França com os Coletes Amarelos, na rebelião na Catalunha, na luta democrática em Hong Kong, nas rebeliões das massas no Iraque, Irã, Sudão, e assim em muitos países. Por isso, quando nos falam de nova normalidade, lhes dizemos que será com rebeliões e tendências a greves de massas, e para isso que nos preparamos. Ainda estamos em novas ondas da pandemia em muitos países e já é evidente que as condições de miséria e superexploração se agravaram para a maioria explorada do mundo.

A rebelião chilena, com mobilizações e a greve geral, fez o governo do direitista Piñera e o regime tremerem. Foi o medo de que a rebelião se estendesse que os obrigou a buscar um desvio com uma “convenção constitucional” feita sob as regras do velho regime e com Piñera no poder. Não somente a direita e a velha Concertación firmaram tal acordo, mas também a Frente Ampla, ao passo que as direções da CUT e do Partido Comunista garantiram uma trégua desde então.

Hoje o governo Piñera, que tentou se demonstrar efetivo com a vacinação massiva para a população, não pôde evitar que estejamos no pior momento da pandemia. Seguimos expostos ao irmos trabalhar como gados no transporte público. E enquanto tanto os donos do país, como o próprio Piñera aumentam as suas fortunas, as e os trabalhadores estamos pagando pela crise.

Nos últimos dias, a insatisfação se fez sentir, com panelaços, barricadas nos bairros populares, paralisações de trabalhadores portuários e foi convocada uma greve nacional sanitária. Somos parte dessas lutas e convocamos impulsionar assembleias, comitês de greve e coordenação, para derrotar o governo e por um plano de emergência à serviço das e dos trabalhadores. Por isso temos sido parte da construção da assembleia de coordenação regional na cidade de Antofagasta com sindicatos da indústria, mineração, portuários, educação, saúde, transporte, junto ao Comitê de Greve dos Trabalhadores do Hospital Regional de Antofagasta, familiares de presos políticos e organizações sociais. Da mesma maneira atuamos em Santiago, em comunidades como Puente Alto e El Bosque junto aos trabalhadores da saúde e do Hospital Barros Luco de San Miguel.

Ao mesmo tempo, nos candidatamos à convenção constitucional, para destacar que todas as causas pelas quais lutamos na rebelião seguem mais atuais do que nunca, para denunciar os pactos do regime e para que a classe operária e os bairros populares retomem o caminho da luta e da organização, como foi o exemplo do Comitê de Emergência e Resguardo de Antofagasta.

Em 2019 fomos parte de uma onda que sacudiu o mundo. Em 2020 a pandemia trouxe um salto na crise mundial. Cada país vive seu próprio processo, mas no mundo todo temos que enfrentar a exploração capitalista aprofundada pela crise, onde nós mulheres somos duplamente afetadas, a irracionalidade da produção que gera a proliferação de novas doenças e que degradam o meio ambiente e assim trazem um crescente perigo para toda a humanidade."

Leia aqui o Manifesto internacional O desastre capitalista e a luta por uma Internacional da Revolução Socialista




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