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A situação econômica do país não é fácil, dizem os jornais e os políticos. Todos os trabalhadores percebem que o salário dura menos, cai na sexta e na segunda já foi. A inflação está em quase 10% e muita gente tá com dívida no banco. Aí chega o mês do dissídio, como vai ser?

sábado 7 de novembro de 2015 | Edição do dia

O dissídio, ou acordo coletivo, está previsto na Constituição Federal, no artigo 7º, e na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), no artigo 611, além da Lei Nº 4.725, de 13 de julho de 1965, que determina que “tomará por base o índice resultante da reconstituição do salário real médio da categoria nos últimos 24 (vinte e quatro) meses anteriores ao término da vigência do último acordo” e também que, entre outras coisas, deve levar em conta a “adequação do reajuste às necessidades mínimas de sobrevivência do assalariado e de sua família”.

A maior parte dos trabalhadores esperam pelo menos aumentos salariais no mínimo equivalentes à inflação, que corrói os salários a cada dia, sendo que no mês seguinte (e em todos os demais) a inflação seguirá aumentando e então o salário fica rapidamente defasado. Esse ano, pelo menos 111 categorias tiveram aumentos salariais fechados abaixo da inflação e várias que tiveram acima, como em setores das indústrias de alimentos (cujo sindicato é dirigido pela Força Sindical), o aumento real equivale a R$ 8,73.

No caso dos metalúrgicos do ABC e de Minas Gerais, dirigidos pela CUT, o dissídio será parcelado em duas ou até três vezes, sendo que em fevereiro ou maio, quando terminam essas parcelas, a inflação já subiu e portanto o aumento já não representa mais a realidade. Em MG o agravante é que a patronal não quer nem repor a inflação, oferecendo no máximo 6% e no ABC existem casos como o da Volkswagen, que para retroceder das 800 demissões em janeiro, fez acordo de congelar os salários esse ano. Para os trabalhadores da JBS, cujo sindicato é dirigido pelo PCO, que defende mais a Dilma do que o próprio PT e é o sindicato mais ausente e parasita de todos os citados aqui, um cenário bem complicado aparece pela frente.

Esse cenário mostra como os empresários e o governo do PT estão aliados contra os trabalhadores, não só se negando a dar aumentos que reponham de fato a inflação, mas demitindo em massa em vários setores e também aprovando medidas como o PPE (Plano de Proteção ao Emprego), que reduz os salários e protege os lucros dos empresários. A greve dos bancários foi forte e importante porque se colocou contra esse plano da Dilma e dos patrões, obrigando-os a rever a proposta inicial de apenas 5,5% e chegando a 10% de aumento depois de 21 dias de luta, apesar de terminar com uma traição dos dirigentes sindicais, que também são ligados ao PT e não viam a hora de acabar com a greve.

Para os trabalhadores se defenderem de tantos ataques contra suas condições de vida é preciso unificar as lutas de diversas categorias e ao mesmo tempo exigir aumentos acima da inflação e combater as demissões e retirada de direitos, as campanhas salariais não podem ser isoladas desse contexto nacional que vivemos. Os partidos e sindicatos da esquerda deveriam se organizar como um pólo de lutas que desse exemplos de como enfrentar essa crise para que não seja toda descarregada nos trabalhadores.




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