O ano de 2020 já começou com ataques e com uma forte greve de petroleiros que merece toda solidariedade dos estudantes. Frente a isso, Centros Acadêmicos da Unicamp chamam o DCE (UJS) a organizar calourada integrada, sem trotes opressores, com festas, saraus, atividades culturais e grandes debates
quarta-feira 5 de fevereiro de 2020 | Edição do dia
2020 já começou com um absurdo descaso de Bolsonaro e Weintraub com os erros nas notas do Enem. O governo brincou com o sonho de mais de 170 mil jovens que queriam apenas uma vaga no Ensino Superior. Junto a isso, Damares Alves, com todo seu reacionarismo, impulsionou uma campanha pela abstinência sexual que é totalmente irresponsável com a juventude, pois negligencia a necessidade de divulgar métodos contraceptivos. Nesse mesmo cenário, junto a governadores da ordem, em alguns estados do Nordeste como no Rio Grande do Norte, governadores do PT estão garantindo a aprovação a nível estadual da reforma da previdência.
Os petroleiros, então, são um ponto de inflexão em meio a esses ataques: estão em greve há 5 dias, a primeira greve nacional da categoria no governo Bolsonaro. Enquanto isso, a empresa está tomando mais medidas para tentar atacar o movimento, entrando com ações no TST, organizando o corte de salário de grevistas, espalhando mentiras sobre a suposta ilegalidade da greve. Cada dia que passa é mais urgente que a greve se torne uma “grande causa nacional”.
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Por isso é mais que necessário que desde a Unicamp seja organizada uma grande calourada unificada, que seja capaz de abarcar esses grandes temas nacionais organizando o movimento estudantil para os combates do ano também na universidade. Esses combates são extremamente necessários, começando pela permanência dos estudantes, visto a urgente exigência que a reitoria arque com os gastos dos estudantes indígenas que vêm para a matrícula de locais muito longes e ficam esperando a vaga na moradia sem ter onde ficar nesse meio tempo, e também pela ampliação e manutenção da moradia, visto que ela está cada vez mais precária, chegando ao ponto do ônibus estar parando do lado de fora devido à ameaça de cair blocos.
A iniciativa dos Centros Acadêmicos, então, que nós do Esquerda Diário e da Juventude Faísca, como parte da gestão do CACH achamos que é extremamente necessária, pode cumprir o papel de ajudar a organizar os estudantes para todos esses combates e, com uma grande e viva calourada integrada, sem trotes opressores, com festas, vivência, saraus e atividades entre os cursos, é possível receber com tudo esses jovens que conseguiram furar o filtro social do vestibular e estão entrando na Unicamp.
Por uma calourada integrada em 2020: que o DCE chame um CRU
O ano de 2020 começou com uma série de desafios para o movimento estudantil. Bolsonaro e seu ministro da educação, Abraham Weintraub, querem destruir o caráter público das universidades públicas brasileiras. No Estado de São Paulo, João Doria articulou na ALESP a aprovação do relatório de CPI das estaduais paulistas que indica para a cobrança de mensalidade. A luta do movimento negro e do movimento estudantil conquistaram nos últimos anos as cotas raciais e socioeconômicas nas universidades de São Paulo, mas perante a crise que vivemos, é preciso seguir exigindo que a universidade tenha um projeto para garantir condições de permanência a todos os estudantes aprovados no vestibular, ou não avançaremos rumo a uma inclusão real daqueles que foram historicamente excluídos. O momento é grave para a educação pública e mais do que nunca precisamos somar força do nosso lado para defendê-la.
Tradicionalmente na Unicamp, a calourada é um espaço de recepção e debate profundo sobre a situação política do país e da universidade. Em todos últimos anos, a calourada foi construída em unidade entre o DCE e os Centros Acadêmicos, a partir de reuniões deliberativas do Conselho de Representantes de Unidade (CRU). No entanto, a atual gestão do DCE “Tsunami da Educação” ainda não chamou um CRU para debater o tema, alegando que o DCE teria uma programação própria da calourada, sem construí-la com os Centros Acadêmicos, contrariando a decisão do VII Congresso dos Estudantes da Unicamp, que deliberou que a calourada 2020 deveria ser construída entre o DCE e os Centros Acadêmicos.
Num momento em que nossas entidades estudantis estão sendo duramente atacadas exigimos que se chame um CRU aberto e deliberativo para se pensar conjuntamente entre Centros Acadêmicos, DCE e estudantes a recepção aos ingressantes do ano de 2020. Só a partir do debate democrático poderemos construir uma calourada representativa forte.
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