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PLANO DE LUTAS | Centrais sindicais: onde está o plano de lutas para seguir a mobilização?

Depois de três dias de lutas nacionais que vieram demonstrando a imensa insatisfação da juventude e trabalhadores com o governo, muitos se perguntam e agora, como seguimos? Qual o caminho necessário para que essa força expressa nas ruas derrube Bolsonaro e Mourão, se enfrentando com todo o regime golpista que já mostrou não estar disposto a abrir mão de Bolsonaro mais de uma vez? É urgente exigir das centrais um plano de lutas efetivo.

quinta-feira 8 de julho de 2021 | Edição do dia

Imagem: Stefano Figalo/ Brasil de Fato

Que pese o alto nível de rejeição que o governo vem atingindo nas pesquisas, ato após ato, pedido de impeachment atrás de pedido de impeachment, os dias passam e Bolsonaro segue presidente. Feito de espantalho por alguns, sofrendo o que viemos chamando de “máxima pressão de desgaste” exercida pelo imperialismo e seus representantes “naturais” da “terceira via” à direita no país, mas da cadeira presidencial.

É inquietante. O que falta para essa figura asquerosa cair e levar junto o Mourão adorador da ditadura? Tantos se perguntam. A gente enfrenta a pandemia, diante de quase 530 mil mortes, a gente vai pra rua, tem disposição, mas o que falta?

Entender o caminho que as direções dos movimentos sindicais e sociais vieram tomando até aqui é parte crucial para corrigir os erros dessa política. Depois dos dias 29M e 19J essas direções marcaram manifestações apenas para 24 de julho, mas foram obrigadas a antecipar os atos para o dia 3, diante do escândalo da Covaxin. A questão é que, mesmo esse adiantamento esteve subordinado à uma política equivocada de impeachment, que o próprio regime já demonstrou mais de uma vez não estar disposto a aceitar, além de ser uma política que significa na prática colocar Mourão no poder, um general saudoso da ditadura que conflui integralmente com a agenda econômica de Bolsonaro.

Esse problema dos chamados espaçados no tempo e o conteúdo da política que levantam as direções, sejam dos Movimentos Sociais, sejam das grandes Centrais Sindicais e Estudantis ligadas à política petista (CUT, CTB, UNE), se liga diretamente à forma burocrática como vem conduzindo o movimento. Quem decide as datas? O que os trabalhadores e jovens nos locais de trabalho estudo dizem sobre atos apenas aos fins de semana? Todos acham que o impeachment é a única saída política? É quase impossível saber, porque essas direções não convocam espaços democráticos de debate e decisão nas bases, e sem isso, sem o movimento estar nas mãos de quem o faz efetivamente, não é possível avançar com balanços das experiências e supera-las.

As centrais sindicais e estudantis (CUT, CTB e UNE) que deveriam cumprir o papel de organizar os trabalhadores e juventude contra os ataques, se mantiveram paralisadas, apostando em uma estratégia oposta à de construir a luta. Agora, diante da elegibilidade de Lula, os principais sindicatos e a UNE- que por sua vez são dirigidas pelo PT e o PCdoB - com o objetivo de “descomprimir” a insatisfação que se expressou no dia 29M e 19J chamam atos esparsos com um único objetivo: o fortalecimento de Lula nas urnas, desviando a nossa força para as eleições, enquanto não constroem na base a auto organização de trabalhadores e estudantes para barrar todos os cortes e reformas.

Mas contra essa perspectiva, política e de método, precisamos lutar pela democracia no movimento, em primeiro lugar exigindo das burocracias, convencendo os trabalhadores e jovens da importância dessa exigência nos seus locais de estudo e trabalho. Essa exigência seria muito mais efetiva inclusive, se os setores que se colocam à esquerda das burocracias que dirigem majoritariamente o movimento de massas colocassem de pé um Comitê Nacional pela Greve Geral exigindo que estas direções burocráticas construam essa greve com um plano de luta. Um Comitê como este, que chamamos companheiros da CSP Conlutas e das Intersindicais a construir conosco, poderia reunir milhares de militantes e ativistas em cada canto do país. Poderiam organizar uma campanha nas bases das grandes centrais pela Greve Geral combinado a uma forte exigência às suas direções, que feita de maneira unificada, poderia ter força para impor um verdadeiro plano de luta e uma Greve Geral.

Esse é o único caminho que coloca a democracia no centro dos rumos do movimento, que possibilita colocar a luta de classes nas mãos de quem a movimenta e por isso, pode avançar num sentido não só mais combativo nos métodos, mas de conteúdo no combate necessário à Bolsonaro e Mourão, mas também à todo regime golpista e de maneira independente da política de conciliação petista que insiste em se repetir, quando já mostrou até onde pode nos levar.




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