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PARALISAÇÃO NACIONAL | Centenas de milhares tomam às ruas na Colômbia contra os ajustes do governo

Nesta quinta-feira (21/11), ocorreu uma grande paralisação nacional na Colômbia contra o "el paquetazo" de Duque (incluindo reforma da previdência e trabalhista).

sexta-feira 22 de novembro de 2019 | Edição do dia

Nesta quinta-feira (21/11), ocorreu uma grande paralisação nacional na Colômbia contra o "el paquetazo" de Duque (incluindo reforma da previdência e trabalhista) com centenas de milhares nas ruas. O #ParoNacional (Greve Geral) foi organizado por sindicatos, estudantes e indígenas, chegando a formar concentrações em mais de 400 pontos por todo o país. Organizadores calculam a presença de 1 milhão de pessoas.

O Governo de Duque, com o medo de que a luta do povo latino influa na Colômbia, mandou previamente fechar as fronteiras com Ecuador, Peru, Brasil e Venezuela, além de militarizar as principais cidades, deu aval para o toque de recolher outras medidas repressoras como a perseguição de organizadores.

Durante as jornadas, utilizando-se da velha ferramenta “em defesa da ordem” como desculpa para reprimir, autorizou o toque de recolher, que foi implementado em Cali à partir das 19:00 desta quinta-feira. Durante o dia a polícia reprimiu com bombas de gás os manifestantes. Até o momento, 32 pessoas estão presas.

Contudo, isso não conteve a paralisação que segundo organizadores chegou à 1 milhão de pessoas, enquanto que o ministério do interior diz terem sido 200 mil, passando por grandes cidades do país como Bogotá, Medellín, Barranquilla, Neiva, Cartagena y Bucaramanga. As imagens comprovam a presença massiva de estudantes, indígenas e trabalhadores, que se inspiram nas lutas que atravessam a América Latina.

Para saber mais o que se passa na Colômbia:O governo colombiano fecha fronteiras e militariza o país frente à paralisação nacional

Trabalhadores, indígenas e estudantes enfrentam os ataques do governo de Duque

O governo de Iván Duque que há completado um pouco mais de um ano de mandato, já enfrenta a maior jornada de protestos contra seu governo, com 69% de rechaço da população frente ao pacote de ajustes muito similares ao que ocorre aqui no Brasil, como a flexibilização do trabalho e reforma da previdência, no chamado “el paquetazo” (o pacotão)

Encontramos outras razões da revolta dos colombianos que também assola indígenas e estudantes no Brasil : o aumento do assassinato e perseguição de lideranças indígenas camponesas que já somam mais 134 mortes desde a posse de Duque, além da juventude que luta por mais verbas para a educação e contra a brutalidade policial do esquadrão anti-distúrbios (o que seria o Choque no Brasil).

O que foi uma paralisação convocada inicialmente pelas centrais sindicais e movimentos sociais no começo de outubro contra as medidas antipopulares de Duque, foi ganhando cada vez mais força ao ponto de que atemorizou o debilitado Duque, que chegou a tomar medidas extremas e se vê cruzado também por fortes questionamentos políticos. A sombra da rebelião no Chile chega na Colômbia, um país que também escolheu por décadas o neoliberalismo em sua imagem e semelhança ao país andino.

Não é para menos, com uma rançosa classe dominante e políticos que tem feito da Colômbia o que lhes dá vontade, existem níveis alarmantes de desigualdade social, uma altíssima precarização da juventude cujo descontentamento já veio se expressando com as mobilizações estudantis de outubro, uma população camponesa pobre junto a pequenos agricultores envelhecidos, além de uma política de cada vez mais marginalização dos povos indígenas.

Alguns analistas compararam esta jornada do 21N inclusive com a grande paralisação do dia 21 de setembro de 1977, quando a Colômbia viveu uma das paralisações mais fortes de sua história, que naquele momento marcou a decadência da presidência de Alfonso López Michelsen. Uma jornada de manifestações, que assim como esta do 21N foi inicialmente convocada pelos movimentos sociais sindicais, à qual se foram somando diversos setores de diferentes estratos sociais produto do desgaste da população com o governo e o regime de então.

O impacto e a massividade das mobilizações em todo o país poderia ir configurando que seja a Colômbia o próximo país das rebeliões que sacodem o continente. Nada está escrito de antemão, e a situação imperante indica que pode ser que o que seja vivido hoje tenha continuidade nos próximos dias. A jornada pode fazer explodir a indignação latente do povo colombiano.

Da continuidade deste caminho, os trabalhadores, a juventude, os pobres urbanos, camponeses pobres, indígenas junto aos demais setores oprimidos e explorados da sociedade colombiana tem o desafio de se colocar no centro do cenário nacional sem se deixar usar pelas diferentes manobras que podem ser levadas adiantes pelos diferentes partidos da oposição, inclusive a centro-esquerda, que procuram canalizá-lo em uma espécie de “manifestação cidadã” para então buscar reformas cosméticas no regime. Por isso, a inspiração encontrada no povo chileno que está há mais de um mês em contínuas mobilizações, inclusive saindo para enfrentar as armadilhas que buscam colocar por meio de acordos dos de cima.

Ainda que o governo tenha buscado impor o medo, e se temem repressões e infiltrados da Polícia Nacional nas mobilizações, a tendência é que hoje se encham as ruas. Nesta ocasião as mobilizações podem ser massivas pelo que o governo já demonstrou com seu medo e todas as medidas que está tomando. Não é menor neste momento a força que chega ao continente, a força das manifestações de Porto Rico, Equador, Chile, que demonstram o desgaste popular frente às medidas capitalistas.




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