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CASO HABIBS | Caso Habib’s: Até quando irão silenciar a morte de crianças negras e pobres no Brasil?

O caso trágico do menor João Victor de Souza de Carvalho, de 13 anos, que foi morto dia 26 de fevereiro após ser agredido por funcionários da rede fast food Habib’s, hoje ganhou mais um elemento silenciador diante da sociedade brasileira.

Vanessa OliveiraProfessora do ABC

quarta-feira 8 de março de 2017 | Edição do dia

Foto: Renata Armelin/ Mamana Foto Coletivo/ VICE

O laudo apresentado pelo exame necroscópico aponta que o garoto teve parada cardiorrespiratória após usar drogas. O documento, em tese, apresenta que o menino teve um mal súbito devido ao uso de entorpecentes.

Veja o trecho do documento divulgado pelo site O Globo na tarde de hoje:

Segundo o laudo João Victor tinha consumido drogas que aceleram os batimentos cardíacos, o que ocasionou a arritmia cardíaca que o levou a morte. Mesmo tendo escoriações no corpo, foi descartada a hipótese de agressão.

Segundo testemunhas o garoto foi de fato agredido por funcionários da rede Habib’s, pois afirmam que os agressores estavam uniformizados. Os funcionários negam qualquer tipo de agressão. Diante disso, o Habib’s afastou os funcionários envolvidos no caso até que a investigação termine.

A mãe de João Victor, a faxineira Fernanda Cassia de Sousa, clama por justiça e vai além dizendo que “Eu, como mãe, sinto que tem alguma coisa de errado nesse negócio”.

E de fato a faxineira está coberta de razão, esse não é o primeiro caso onde um adolescente negro da periferia é morto e a justiça não é feita. Percebemos o quanto as pessoas pobres e negras sofrem pelo silenciamento diante dos grandes ataques que ocorrem diariamente numa sociedade desigual, silêncio este que ataca com golpes certeiros qualquer tentativa de grito por justiça.

O laudo, ao mencionar o uso de drogas, busca se apoiar em um discurso moralista, próprio de uma sociedade conservadora, para impedir que o caso continue a ganhar dimensão e esconder a realidade de assassinatos constantes da juventude negra. A afirmação de que a morte é responsabilidade da própria criança apenas serve para fazer com que a sociedade não reflita nem questione a totalidade que abala toda a estrutura desse sistema opressor.

Uma grande empresa como a Rede Habib’s é capaz de tudo para não colocar seu nome na lama, e tem grandes advogados que a defenderão a todo custo.

A João Victor, e a muitos outros garotos negros e pobres que morreram injustamente, resta nosso grito de justiça. Que nossa luta seja por uma sociedade capaz de atender às demandas da juventude, garantindo seus direitos desde cedo.




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