"Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti."
John Donne
Por Francisco Oliveira (Chicao)Santo André - SP
terça-feira 28 de abril de 2015 | 00:05
Dessa vez, os sinos dobraram para ti, meu amigo Lorota. Você, que, muitas vezes parecia imortal, foi um dos primeiros que a morte ceifou. E tudo foi muito de repente que as coisas ainda não se assentaram por completo.
Durante tua vida, Lorota, fiscastes ao lado de cada ser humano da Terra, pois suas lutas – em ultíma instância – era para cada um deles, seja o chinês do arrozal, o beduíno do deserto, ou meu vizinho.
A tua luta já era o suficiente para deixa-lo grande, maior do que eras em estatura. Talvez por isso, eu escreva essa carta. Poderia começá-la com uma descrição, com alguma história que vivemos juntos.
Mas – você concordaria comigo – tudo isso seria futilidade. E pelo que conheci de ti – pouco para definições exatas, porém suficientes para um poema – não gostavas de ser fútil.
Eu poderia falar mais de tua luta, contar em detalhes o movimento de 2007, que derrubou o reitor da FSA. Lembra-se da porta que arrombamos juntos? Talvez esse seja o momento mais emocionante de minha vida. Fico feliz em saber que estavas nele.
E agora sei que estarás em outros momentos, em outras lutas. Cada vez que eu for as ruas, me indagarei sobre o que você pensaria se visse determinadas situações. Fecharei os olhos terei a resposta por meio de sua lembrança. De sua lembrança tão sincera, que nem a saudade resume.
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