×

CANDIDATURAS LARANJAS PSL | Candidata-laranja do PSL disse que ministro de Bolsonaro lhe propôs desviar dinheiro

quinta-feira 7 de março de 2019 | Edição do dia

Integrante do PSL de Minas Gerais denunciou que o atual Ministro do Turismo, Marcelo Álvares Antônio, a convidou pessoalmente para se candidatar e servir de laranja. A denuncia foi divulgada hoje pelo jornal Folha de São Paulo. A denúncia confirma o envolvimento direto do Ministro de Bolsonaro no esquema do partido que utiliza candidatas laranja para desviar verbas públicas em Minas Gerais.

A candidata a deputada estadual, Zuleide Oliveira, fez a denúncia ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais dia 19 de setembro, mas obteve somente uma resposta protocolar da Justiça Eleitoral. Na entrevista, Zuleide afirma ter se encontrado com o Ministro em seu escritório parlamentar em Belo Horizonte dia 11 de setembro.

Ela disse não saber se algum dinheiro foi depositado porque o controle das contas ficou com os dirigentes do PSL.

“Eu não entendia de nada, eles que fizeram tudo [para registrar a candidatura], eu não tirei uma certidão minha, eles tiraram por lá, eu só enviei o meu documento e eles fizeram tudo. Acredito, sim, que fui mais uma candidata-laranja, por que assinei toda a documentação necessária e não tive conhecimento de nada que eu estava fazendo (...) Fui usada, a minha candidatura foi usada para fazer parte de uma lavagem de dinheiro do partido”, afirmou Zuleide.

Em sua reunião com o atual Ministro do Turismo, este mandou que ela assinasse um requerimento de solicitação de verba endereçado ao então presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno.

“Ele [o ministro] disse para mim assim: ‘Então a gente vai fazer o seguinte: você assina a documentação, que essa documentação é pra vir o fundo partidário pra você. (...) Para o repasse ser feito, você tem que assinar essa documentação. Eu repasso a você R$ 60 mil, e você tem que repassar pra gente R$45 mil. Você vai ficar com R$ 15 mil para sua campanha. E o material é tudo por nossa conta, é 80 mil em materiais”, afirmou.

O pedido de candidatura de Zuleide foi indeferido pela Justiça Eleitoral por uma condenação que teve em 2016. De acordo com ela: “eles sabiam que não ia dar em nada [a candidatura]. Hoje eu sei que eles sabiam que não iam aparecer os meus votos, que não ia conseguir concorrer as eleições porque eu estava com os direitos políticos suspensos. Eles sabiam de tudo isso. Ele quis falar para mim que não ia dar em nada [a condenação não seria um problema] pra mim poder preencher a chapa.”

A confirmação dos esquemas de candidaturas laranja do partido de Bolsonaro mostra que, mesmo tendo sido eleito com um discurso ‘antissistema’, o PSL não fugiu de uso das táticas de corrupção que atacou durante a campanha. Neste carnaval, o uso de laranjas já até apareceu em marchinhas contra Bolsonaro.

Os casos revelam que a corrupção permanece um problema sistêmico da política burguesa e do Estado capitalista, mesmo após a ofensiva da Lava Jato de Moro e a vitória de Bolsonaro com seu suposto combate à ‘velha política’. Sob as mãos de Judiciário e Bolsonaro, a corrupção apenas ganha uma nova roupagem mais de direita, com novos esquemas do tradicional "baixo clero", a ala mais fisiológica do Congresso.

O que transparece é a substituição dos esquemas de corrupção com a cara do PT por outros com a cara do populismo de direita, mostrando que Moro e Bolsonaro vieram em primeiro lugar para aplicar os ajustes econômicos e não por seu discurso ‘moralizador’. Atestam o caráter inerentemente corrupto do Estado burguês, sobretudo diante da histórica subordinação aos capitalistas imperialistas, que foi alimentada nos governos do PT para dar um salto de qualidade com a Lava-Jato, que conscientemente escolheu não investigar o departamento mais lucrativo da Petrobrás e com maiores vínculos com grandes bancos e empresas internacionais de petróleo.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias