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ELEIÇÕES 2016 RIO | Campanha de Freixo realiza comício no Largo do Bangu, Zona Oeste

No bairro mais quente do Rio, o Comício Zona Oeste com Freixo e Luciana reuniu cerca de 2 mil pessoas no Largo do Bangu. A Zona Oeste é uma área controlada pelas milícias, que interferem não só na vida da comunidade como diretamente no processo político, ao definir quais candidatos podem e quais não podem circular nas regiões sob seu controle.

segunda-feira 17 de outubro de 2016 | Edição do dia

O poder das milícias é tão descarado que Freixo, por ter levado adiante a CPI das milícias, ganhou o desafeto da filha de Jerominho Guimarães, que declarou apoio ao Crivella.

Marcado para as 15h, foi até às 18h. As falas de abertura expressaram diferentes setores da comunidade local, em especial a cena cultural. Muitos eram representantes de Saraus e movimentos culturais, que são organizados de maneira independente, já que a prefeitura do Rio não investe em cultura, mas na realidade barra e criminaliza a cultura popular, como o caso da roda de Rap 50 Cents em Campo Grande, que está impedida de ocorrer. Poemas diversos contrastaram a realidade do Rio, dos assassinatos da polícia ao clientelismo da política e o empobrecimento das Zonas da periferia tratadas como curral eleitoral; questionando através da arte, o mito de “cidade democrática”.

Quase todas as saudações começavam pelo mote "Fora Temer". Dentre as falas se manifestaram figuras política apoiadoras de Freixo, como Glauber Braga (PSOL) e Brizola Neto (PSOL) que denunciaram a PEC 241. Glauber defendeu sua visão da construção de um campo progressista contra o governo golpista de Temer que congela o investimento nos serviços públicos para pagar a dívida, e que a candidatura de Freixo e Luciana seria o melhor exemplo da construção deste campo, enquanto Brizola Neto complementou que se deveria resgatar a tradição de Brizola e Darcy Ribeiro contra o governo que entrega as riquezas nacionais. Ambas as figuras são expoentes de um projeto nacional desenvolvimentista pautado em alianças com um setor supostamente "progressista" da burguesia nacional, e que encontrou sua expressão mais ampla no governo de João Goulart.

O deputado Waldeck (PT) afirmou que esteve junto com Freixo em diversas comissões na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e que acredita que a disputa entre Freixo e Crivella é mais do que uma disputa eleitoral pela cidade do Rio, mas de concepção, segundo a qual Freixo representa o projeto democrático-popular (rótulo que era usado para designar o programa do "PT das origens", e que até hoje é reivindicado por setores "à esquerda" que não tiraram as lições da experiência petista, procurando o projeto utópico de reeditá-la, mas "sem traições"). Heitor do PCB saudou a chegada ao segundo turno como a expressão de que na campanha de Freixo se construía o poder popular, e Indianara afirmou que a vitória de Freixo seria a volta da esquerda no poder.

Estavam presentes também representantes da Frente Brasil Popular (FBP) e a Frente Povo sem Medo (FPSM). A FBP defendeu que a candidatura de Freixo era uma trincheira da resistência aos ataques dos golpistas, enquanto que a FPSM defendeu eleições diretas já.

Luciana Boiteux lembrou Olga Benário, militante judia do PCB que foi deportada por Getúlio Vargas para a Alemanha Nazista, e presa pela Gestapo (polícia secreta do Estado) no dia 18 de outubro, assim que chegou no país, para destacar o papel protagonista das mulheres na campanha de Freixo e em especial na Zona Oeste aonde a maioria dos lares são sustentados por mulheres. Que era graças à militância das mulheres que Luciana será co-prefeita, e que o governo terá a sua Secretaria paritária entre homens e mulheres para afirmar este protagonismo.

Freixo encerrou o ato destacando propostas de campanha e respondendo questões que são polêmicas no segundo turno. Em primeiro lugar, Freixo afirmou que irão governar “com” os moradores e não para. Que são os moradores que apontariam as necessidades de cada local, ao invés dele chegar com o programa pronto, que segundo ele teria um olhar de colonizador. Freixo destacou que a Casa de Silveirinha, tombado como patrimônio e, no entanto, fechado pela prefeitura, se tornaria um centro de memória de Bangu aonde os moradores conheceriam sua história. Silveirinha foi o administrador da Fábrica Bangu e houve todo um movimento pelo tombamento de sua casa que teve o veto do governo do estado como adversário. Conseguido o tombamento, a prefeitura segue sem investir na área e a casa permanece fechada.

Em seguida Freixo tocou no assunto que foi página do O Globo neste dia: o livro escrito por Crivella quando estava na África, em que acusa católicos, homossexuais e religiões de matriz africana de serem “diabólicas”, “conduta maligna” e um “terrível mal”. Disse que as declarações racistas, homofóbicas e contra os católicos são um discurso de ódio que tornam o Bispo responsável quando existe um assassinato homofóbico e a perseguição às religiões de matriz africana. Para Freixo, é incompatível que Crivella queira governar a cidade do Rio, uma cidade que segundo ele seria democrática e tolerante, a cidade da diversidade.

Leia aqui: A “evangelização” de Crivella: mentiras, racismo e intolerancia

“O ódio não pode vencer o amor”, disse Freixo, e respondeu à campanha reacionária contra sua candidatura destacando que é tudo mentira e calúnia, ao contrário das verdades expostas por sua campanha sobre a relação de Crivella e Garotinho que impôs seu vice, segundo ele. Em sua fala, Freixo disse que as mentiras mostram o desespero de Crivella, que só foge dos debates.

Leia aqui a nota de Carolina Cacau que sintetiza a visão do MRT sobre os desafios que estão colocados no Rio de Janeiro nesse momento: Construamos uma força anticapitalista no Rio de Janeiro.




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