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UFMG | Calourada UFMG: os estudantes podem ser linha de frente contra o governo Bolsonaro e o imperialismo

Frente à gravidade da situação política nacional e internacional, nós da Juventude Faísca - Anticapitalista e Revolucionária apresentamos uma proposta de como os estudantes da UFMG, junto aos professores e técnicos, podemos voltar a ser linha de frente contra Bolsonaro e seus ataques à educação, aos trabalhadores, às mulheres, negros, indígenas e LGBTs.

quarta-feira 13 de março de 2019 | Edição do dia

Recentemente chegaram os novos ingressantes da UFMG, universidade em que estudantes, professores e técnicos foram parte da linha de frente das principais lutas do último período: desde as jornadas de junho de 2013; passando pela luta contra o golpe institucional de 2016 e o rechaço ao governo Temer; na eleição manipulada pelo autoritarismo do judiciário que levou Jair Bolsonaro à presidência em 2018 e contra a censura do TSE às nossas faixas de manifestação contra Bolsonaro; recentemente contra o crime da Vale em Brumadinho, somando as redes de solidariedade às vítimas e os protestos e debates; e, neste 8 de março, a UFMG novamente marcou presença na marcha das mulheres de Belo Horizonte.

Os calouros do primeiro semestre de 2019 chegam já com muitos motivos para lutar, e vários já chegam com suas experiências de ocupações de escolas que, junto com as ocupações dos prédios da UFMG, protagonizaram contra a PEC 55 um dos maiores movimentos contra o golpista Temer. E entram em uma universidade que também é alvo de projetos reacionários de censura como o Escola Sem Partido e que, junto às demais federais, estará na mira dos ataques de um governo que quer aprofundar a espoliação do Brasil pelo imperialismo (que avança em toda a América do Sul, como se vê na tentativa de golpe na Venezuela com Juan Guaidó, sob tutela de Trump), seja por meio de privatizações, seja aumentando ainda mais a exploração dos trabalhadores, como é a proposta da Reforma da Previdência, que atinge principalmente as mulheres e negros e conta com cláusulas “especiais” para atacar a juventude trabalhadora, com a justificativa de déficit fiscal, enquanto a dívida pública, que saqueia os cofres públicos em favorecimento do capital financeiro internacional, seguirá sendo paga religiosamente.

É possível ver pelos muros da UFMG homenagens ao Mestre Moa do Katendê e à Marielle Franco, cujo assassinato [de Marielle], de responsabilidade do Estado, está prestes a completar um ano, e pode ter envolvidos na própria família Bolsonaro; o assassinato de Marielle é uma ferida aberta deixada pelo golpe que fortaleceu não só a eleição de um presidente ávido por perseguir os que lutam, mas a extrema direita como um todo, representada em MG por Romeu Zema. Para conquistar justiça, não é possível confiar nas forças do Estado. Precisamos apostar na força da mobilização e exigir que o Estado dê as condições para uma investigação independente, liberando as provas já obtidas e garantindo a segurança das comissões indicadas pelos movimentos sociais, sindicatos e grupos de advogados ativistas para que investiguem o caso.

Minas Gerais enfrenta uma profunda crise, não apenas econômica e fiscal, mas política e social. A Vale foi responsável por mais uma tragédia capitalista, dessa vez em Brumadinho, com centenas de trabalhadores mortos e desaparecidos em nome de garantir os lucros dos diretores e acionistas dessa empresa que foi privatizada por FHC (PSDB) e teve a privatização mantida e aprofundada pelos governos do PT, sob os quais a empresa nunca lucrou tanto. Bolsonaro e Zema são privatistas e comprometidos até o fim com grandes empresários não menos gananciosos que os da Vale e com o imperialismo norte americano, que quer levar nossas riquezas naturais e super explorar a força de trabalho dos brasileiros, em especial das mulheres negras; se conseguem implementar suas propostas, a infeliz perspectiva é de outros Brumadinhos e Marianas.

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Esse caso escancara a necessidade de colocar as universidades a serviço dos trabalhadores, levantando essa bandeira em cada luta que o movimento estudantil terá que travar contra os ataques às universidades: contra a reforma curricular na UFMG, que promete expulsar os setores mais vulneráveis da universidade; contra a escolha de reitores por Bolsonaro e por uma gestão das universidades feita por estudantes em aliança com professores e técnicos; contra a militarização das federais e a perseguição ao movimento estudantil pelos governos e reitorias; contra os cortes de bolsas e contra o pagamento de mensalidades e as privatizações; pela revogação da PEC do teto de gastos aprovada por Temer em 2016.

Mas não somos apenas estudantes, além de que é impossível defender nossos direitos sem lutar pelos direitos do conjunto dos trabalhadores e dos oprimidos, ainda mais quando a classe trabalhadora, que no Brasil sempre foi negra, é cada vez mais feminina e LGBT em todo o mundo, sendo estes os mais explorados. Por isso o movimento estudantil, assim como o movimento de mulheres, negros, indígenas e LGBTs, precisa lutar em aliança estratégica com o movimento operário: contra a Reforma da Previdência de Guedes-Bolsonaro e pela revogação da Reforma Trabalhista e da lei da terceirização irrestrita; pelo não pagamento da dívida pública, revertendo o dinheiro em educação, ciência, saúde e previdência; pela estatização da Vale sob gestão dos trabalhadores e controle popular, tirando a mineração dos interesses do lucro e tornando possível transformar esse modelo predatório que destrói a saúde e a vida dos trabalhadores e de toda população, além do meio ambiente; e em repúdio à ofensiva de Trump e Juan Guaidó contra o povo venezuelano, mas sem nenhum apoio ao governo autoritário de Nicolás Maduro.

É imprescindível que cada novo estudante e cada veterano da UFMG tenha consciência do que se passa na política em todos os âmbitos, pois o momento histórico exige que, como em maio de 1968 na França, a juventude seja linha de frente da resistência e da luta contra os planos dos governos e dos capitalistas, incendiando a classe trabalhadora, pois querem arrancar nosso futuro e apenas a aliança entre estudantes e trabalhadores pode mudar de fato o rumo que tem tomado a vida da maioria da população. É urgente que nos organizemos, usando nossas entidades como instrumentos de luta e, se necessário, tomando-as de volta para nossas mãos e colocando-as sob nossos interesses.

Por tudo isso, nós da Juventude Faísca - Anticapitalista e Revolucionária defendemos que se realize, com urgência, um congresso dos estudantes da UFMG em aliança com professores e técnicos administrativos. E que seja um congresso ampla e democraticamente construído desde a base de cada curso e instituto, com assembleias que garantam uma discussão viva entre os estudantes, onde todos possam expressar suas posições e representar a vontade da maioria.

O DCE UFMG está construindo a Semana Marielle Franco de 11 a 15 de março, com atividades que tocam nas temáticas de gênero e da questão negra. Reivindicamos essa iniciativa e, como estudantes, exigimos que a entidade de maior representação estudantil da nossa universidade convoque desde já reuniões e assembleias para pautar a política nacional, em equipe com D.A.s e C.A.s, usando as atividades da semana para divulgar esses espaços. Um congresso como esse, com representantes e posicionamentos votados pelos estudantes, pode ser um obstáculo para os planos de Bolsonaro e Zema e pode incendiar os trabalhadores para lutarmos por muito mais.

A Gestão do DCE “Sem Medo de Mudar a UFMG”, formada por correntes da esquerda como UP e Afronte, além de estudantes independentes, sinalizaram durante sua campanha eleitoral que realizariam um congresso dos estudantes, mas ainda não há nenhum chamado público, portanto alertamos da urgência de tal providência, considerando que um congresso demanda muita organização.

Mas é preciso que os estudantes de todo o país saiam à linha de frente de um movimento que se conforme como uma ameaça real e potente contra a extrema direita. Para isso a União Nacional dos Estudantes (UNE), que é a maior representação dos estudantes do país e é dirigida principalmente pelas correntes Levante Popular da Juventude, Kizomba (PT) e União da Juventude Socialista (PCdoB), deve abandonar a trégua com o governo Bolsonaro, e convocar um plano de lutas, organizando em todas as universidades assembleias que comecem por preparar paralisações e mobilizações massivas para o próximo dia 22 de março, convocado pelas centrais sindicais – que também precisam urgentemente organizar os trabalhadores em todos os locais de trabalho – como dia de luta contra a Reforma da Previdência.

O DCE deveria, desde já, preparar uma grande paralisação junto aos técnicos e professores da UFMG no dia 22, e as assembleias e reuniões necessárias para tornar real uma ação como essa devem ser parte de construir também o Congresso que indicaram há mais de seis meses e que fazemos o apelo para que aconteça o quanto antes.

Convidamos a todos os estudantes que concordam com essas ideias a se somar a esse chamado, exigindo de nossas entidades que sirvam à luta dos estudantes e trabalhadores, assim como a conhecer a Juventude Faísca. Além das ideias que desenvolvemos ao longo desse texto, lutamos por:

• Ampliação da lei de cotas: rumo ao fim do vestibular! por vagas para cotas raciais na UFMG que sejam proporcionais à população negra e indígena de Minas Gerais, e em defesa do direito de autodeclaração; assistência estudantil para toda demanda.

• FORA FUMP! A assistência estudantil deve ser gerida pelos estudantes, e não por uma fundação privada interessada nos seus próprios lucros.

• Representação com máxima democracia nas decisões da universidade, por um voto por cabeça no Conselho Universitário e Congregações, rumo a um governo de estudantes, professores e trabalhadores efetivos e terceirizados, com maioria estudantil.




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