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MEIO AMBIENTE | Cai Salles, mas para parar a boiada é preciso enfrentar o governo e todo regime

Salles “pediu para sair” em meio às investigações de corrupção e devastação ambiental, mas sem motivos para comemoração, é preciso enfrentar o governo Bolsonaro e todo o regime que seguem tentando fazer a boiada passar, e isso só é possível com organização e luta dos trabalhadores e jovens interessados em proteger o meio ambiente contra a sede de lucro dos capitalistas.

quinta-feira 24 de junho de 2021 | Edição do dia

Foto: Jorge William/Agência O Globo/21-10-2020

Envolvimento em esquema de contrabando de madeira no exterior, suspeitas de crime de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando, além da responsabilidade direta pelo avanço acelerado do desmatamento na Amazônia, Pantanal e Cerrado, são apenas os motivos evidentes do afastamento de Ricardo Salles, queridinho de Bolsonaro. Por trás deles, estão os interesses de Biden à frente do maior imperialismo do mundo, em retomar a dianteira na exportação de milho e soja para o gigante chinês, o que passa por enfraquecer os negócios do latifúndio brasileiro, setor fielmente representado por Bolsonaro e Salles.

No entanto, esse movimento que viemos chamando de “destrumpização” do governo Bolsonaro, que passa pela queda de Ernesto Araújo e agora Salles, não significa em imediato uma derrota dos latifundiários nacionais e muito menos um avanço para políticas ambientais responsáveis. Tanto Bolsonaro e os mais reacionários do latifúndio seguem sedentos por destruição ambiental e massacre dos povos indígenas, quanto Biden e seu “capitalismo verde” não passam de encenação para grandes manobras que os favoreçam no comércio mundial, nada mais hipócrita que um presidente dos EUA “intervindo” na política brasileira para “salvar a Amazônia".

Entenda mais: Ele sai, mas a devastação continua: os motivos por trás da saída de Salles

Todas essas manobras que estão por trás da queda de Salles só reforçam a necessidade urgente de enfrentar o governo agora, com todas as nossas forças disponíveis e sem confiar nos oportunistas que apenas comemoram alegremente. Mesmo que Bolsonaro não esteja tão feliz hoje com a saída de seu fiel escudeiro, outros interesses representados por governadores, pelos congressistas da bancada ruralista que seguem em peso, e até mesmo por ministros do STF que disciplinam Bolsonaro em nome de interesses internacionais, não servem aos trabalhadores rurais, às populações indígenas ou a preservação de nossas riquezas naturais.

Nem rearranjo de ministros, nem CPI para fazer uma oposição de desgaste lenta com objetivos puramente eleitorais, são saídas políticas reais para parar a boiada, seja a que Salles representou no plano ambiental, ou a dos ataques econômicos contra os direitos trabalhistas, sociais e as privatizações.

Toda a sensibilidade e revolta contra a destruição do meio ambiente e as condições de vida das populações mais dependentes da floresta, precisa se converter em organização e luta, passando pela exigência incansável às direções dos movimentos sociais e sindicais para romper com essa política que tem servido apenas para interesses eleitorais de Lula em 2022.

Leia nosso editorial: A esquerda institucional e a busca de um caminho de subordinação ao PT

De ato em ato nos finais de semana a cada um mês não se radicaliza o movimento, é uma cilada. Precisamos exigir nos locais de trabalho e estudo, assembleias de base para que sejam os trabalhadores e jovens os sujeitos de decidir os rumos da luta que já mostraram estar dispostos a fazer, obrigando as direções à romper com a subordinação à política do PT e construindo um caminho independente rumo à uma grande paralisação nacional que se enfrente com Bolsonaro e Mourão, mas todo o regime do golpe que segue disposto a nos empurrar a boiada goela abaixo.




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