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BUROCRACIA SINDICAL | CUT organiza "mutirão de visitas aos gabinetes" em Brasília: mobilização ou conciliação?

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

quarta-feira 17 de maio de 2017 | Edição do dia

Insatisfeitos com os desmandos do governo golpista de Temer, que quer seguir retirando direitos dos trabalhadores para garantir os privilégios dos ricos no país, os trabalhadores brasileiros realizaram no último dia 28 uma greve geral histórica. Contrariados pela pressão política exercida em base a tamanha insatisfação da população brasileira as centrais sindicais burocráticas, como CUT e CTB, foram obrigadas a sair da paralisia em que se encontravam a décadas e foram obrigadas a lutar.

A CUT, em seu site, no mesmo chamado em que estão convocando para dia 24 de maio uma grande Marcha para Brasília também chamam uma "manifestação" no dia 17 em Brasília, amanhã, quarta-feira que definem da seguinte forma:

"Informações sobre o clima entre os parlamentares no Congresso dão conta que deputados e senadores estão muito incomodados com a mobilizações da classe trabalhadora junto às bases eleitorais dos parlamentares, o que fortalece a esperança para continuar e obter as mudanças de votos que precisamos para reverter o roubo de direitos. (...) No dia 17 haverá um mutirão de visita aos gabinetes dos senadores e a intensificação do trabalho de pressão que tem sido feito pelos representantes da classe trabalhadora".

Que tipo de manifestação é essa? Vindo da CUT, que sempre conciliou direitos trabalhistas com os patrões e fez de tudo para conter a luta dos trabalhadores por décadas, seja durante seu próprio governo, seja quando era necessário resistir contra o golpe institucional, o que esperar de seu "trabalho de pressão"? Quem são estes "representantes da classe trabalhadora" que sequer são citados? Que "pressão" é essa que falam? Está em jogo alguma negociação de reformas "menos piores" para os trabalhadores? Preferem estes burocratas apostar em negociatas com políticos ao invés de acreditar na força independente dos trabalhadores para preparar uma nova greve geral?

Este tipo de "manifestação", que não se sabe quem fará, como será, o que será discutido, se será negociado alguma demanda dos trabalhadores em portas fechadas entre deputados corruptos e burocracia sindical, e que prevê "pressão" para "obter mudança dos votos" seria essa, acaba por colocar a classe trabalhadora totalmente a margem de seu papel histórico como a mesma protagonizou na última greve geral dia 28.

Não podemos confiar nessa burocracia sindical que claramente se utiliza destas manifestações com o objetivo de garantir a candidatura de Lula para 2018, menos ainda deixar nas suas mãos esta luta que envolve tantos direitos dos trabalhadores do país inteiro, que foram conquistados em base a muita luta. É urgente a organização de comitês de base para que se levante um plano de lutas efetivo para barrar as reformas da previdência, trabalhista, terceirização, e fazer com que não sejam os trabalhadores que arquem com esta crise enquanto é garantido o lucro dos ricos.

É necessário encarar a Marcha à Brasília no próximo dia 24 como parte de um plano de lutas efetivo, assim como uma nova greve geral mais forte ainda do que a do último dia 28, organizada pela base, para derrotar as reformas e Temer, organizando milhares de ônibus para levar 100 mil pessoas em Brasília para dizer um basta à estes ataques contra nossos direitos. Temos que nos debruçar nos exemplos de luta como na USP, que construiu uma forte paralisação no último dia 28 a partir de plenárias dos três setores da Universidade na Faculdade de Educação. Neste processo importante de mobilização e retomada da autopercepção da força que os trabalhadores tem para poder impedir que tratorem direitos elementares como o da aposentadoria, a auto-organização dos trabalhadores é extremamente importante e decisiva para sermos vitoriosos.

Veja nota da CUT neste link.




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