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A HORA É AGORA | CUT e CTB são responsáveis pelos esvaziados atos contra Temer neste domingo

O que explica o contraste gritante entre o aprofundamento da crise política do governo Temer pós gravação da JBS, com os pequenos atos realizados nesse domingo? Temer se segurando “pelas tabelas” tenta reorganizar sua base para seguir os ataques, já golpeados duramente pela greve geral do 28A. Para os trabalhadores essa é a hora para derrotar as reformas. Contudo, as direções petistas, apesar da fragilidade do governo e da força da luta expressa no dia 28A, foram responsáveis pelos atos esvaziados se abstendo de organizar essa força para derrotar as reformas sem dar tempo ao governo.

Isabel Inês São Paulo

segunda-feira 22 de maio de 2017 | Edição do dia

Os atos nesse domingo, chamados pelas centrais sindicais e pela frente Brasil Popular, e Frente Povo sem Medo, apesar de terem sido realizados em 19 capitais foram na maioria pequenos organizando de centenas a poucos milhares. Muito longe de conseguir expressar a vontade de luta e o rechaço generalizado que existe às reformas que o governo Temer tenta aplicar.

A chave para isso está nas direções sindicais petistas (CUT e CTB) que tem toda a responsabilidade de não ter convocado marchas contundentes após se abrir mais crise no governo com a delação do também corrupto capitalista Joesley Batista, que aprofundou os rachas na base do governo, no Judiciário e na mídia. E já não ter marcado uma nova greve geral com o objetivo de derrotar as reformas num momento de enfraquecimento de Temer, mostrando para os trabalhadores uma orientação decidida e dando confiança na possibilidade de seguir a luta.

As declarações de figuras do governo, como do relator da reforma da previdência lamentando que “a crise irá atrasar a votação”, não significam que estas reformas não vão seguir. Elas estas cambaleantes, mas a burguesia quer aplicá-las a ferro e fogo contra os trabalhadores. As centrais sindicais, ao contrário de organizar todo o ódio contra esses políticos que vivem de luxos e as nefastas reformas da previdência e trabalhista (querem que trabalhemos até morrer!), sustentam a ilusão de que “as reformas estão paralisadas”, que “as reformas não serão aprovadas agora”, e estão tentando girar toda a luta para a pauta de “Diretas já” enquanto tentando fortalecer a candidatura do Lula.

Essa é a razão que explica por que não convocaram ainda uma data concreta para a nova greve geral, e por que razão divorciam a ida a Brasília (que não convocaram desde as bases e não colocaram seus recursos para que todos que queiram ir, pudessem ir) de um plano de luta real que leve a uma greve geral que derrube Temer. Um dos casos mais esdrúxulos é o da APEOESP (sindicato dos professores estaduais de SP, dirigido pela CUT!) que manteve as eleições sindicais para o mesmo dia da ocupação de Brasília proposta pela central! Assim elas não só perdem um momento decisivo como tiram do centro a luta contra as odiosas reformas, que é o principal combate que está colocado para os trabalhadores e a juventude.

Quem colocou Temer em risco não foi a delação em si, mas sim a força expressa no dia 28A, que colocou o governo e os empresários de cabelos em pé pela força dos trabalhadores de paralisar a economia. A grande pressão da burguesia internacional e nacional é para que se aplique as reformas, com Temer ou sem Temer.

A falta de síntese em um projeto comum por parte do judiciário, da mídia e dos principais partidos do regime, como PT, PMDB e PSDB, gera rachas que abrem espaço para o movimento operário surgir com força política e derrotar as reformas, mas também avançar em questionar todo o regime. A CUT e a CTB não querem derrotar as reformas e fazer surgir um movimento operário que hegemonize as pautas da população. Buscam sim fortalecer a candidatura de Lula para 2018, enquanto usam de uma estratégia de barganha e exigência aos parlamentares para que melhorem um ou outro ponto das reformas, mas não para derrotar os ataques.

Não precisamos nem mencionar a Força Sindical, que é cínica ao ponto de comemorar o fato de que os atos de hoje fossem esvaziados, dizendo que são apenas “um esquenta” para a ida a Brasília (como se isso demonstrasse força).

O discurso da CUT e da CTB é um discurso de traição. As reformas não vão “cair sozinhas” pelo peso da crise do governo; só vão parar com a força da classe trabalhadora em mobilização, independente de qualquer variante patronal e do freio das burocracias sindicais.

A marcha convocada a Brasília nesse dia 24 deve servir para convocar uma nova greve geral para derrotar os ajustes. É necessário construir comitês de base, para colocar a luta nas nossas mãos sem ficarmos a mercê dos interesses políticos da burocracia sindical, não podemos dar tempo para Temer, é preciso derrotar as reformas agora, sem que a força de luta dos trabalhadores se transforme num pilar para o projeto do PT, ou para novas eleições convocadas e organizadas por esse mesmo congresso podre, e que só estabilizaria esse regime carcomido.

É necessário organizar a greve geral que imponha uma constituinte Livre e Soberana que revogue os ataques de Temer, que estatize todas as empresas corruptas, ou seja, uma constituinte que faça com que os capitalistas paguem pela crise.




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