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"#Brequedosapps mostrou que mobilização é a via para lutar contra precarização e Bolsonaro", diz Pablito

Enorme paralisação dos entregadores no dia de ontem mostrou a força da categoria e a contundência da luta de classes, com apoio massivo da população. Uma lição para as centrais sindicais e o restante da esquerda na luta contra a precarização e o governo Bolsonaro.

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

quinta-feira 2 de julho de 2020 | Edição do dia

Por todo o país se espalhou a luta dos entregadores contra a intensa exploração das empresas de aplicativos - Ifood, Uber Eats, Rappi, Loggi -, que fazem dos entregadores verdadeiros escravos modernos sem direitos trabalhistas mínimos. Nos diversos atos, carreatas e cortes de rua que fizeram em várias cidades se expressou essa revolta contra a precarização das condições de trabalho que lhes impõe jornadas de trabalho extenuantes, baixos salários que mal dá para se sustentarem e em tempos de pandemia o risco de contágio ao vírus.

As reivindicações dos entregadores por direitos elementares conquistaram o apoio massivo da população com ampla adesão ao boicote chamado por eles e colocando a #Brequedosapps em primeiro lugar durante a maior parte do dia.

A ampla mobilização desse setor precarizado da classe trabalhadora brasileira sem tradição de organização, numa paralisação não só nacional como internacional, mostra que as tendências de revolta social que vimos desatar na pandemia a partir da luta negra nos EUA e aqui no país através da luta antirracista e antifacista seguem em alta.

Na contra tendência desse movimento, o PT e a CUT se limitaram durante toda a pandemia a fazer coro com as alas “racionais” do regime pelo “fique em casa”, o que sabemos que para uma grande massa é impossível, abrindo mais espaço em setores populares para Bolsonaro entrar nos setores desesperados pela crise com sua odiável demagogia. Mas sequer chamaram qualquer medida de luta para garantir condições de ficar em casa, nem nos locais de trabalho que estão tendo que funcionar sem condições de higiene, e aceitaram todos os acordos nos sindicatos que dirigem de redução de direitos e demissões em massa como na LATAM, sem chamar uma luta séria sequer.

A estratégia dessas direções é apostar nas negociatas com golpistas, reacionários, empresários e nas vias institucionais. Enquanto nosso povo sofre as consequências dos ataques, eles calculam que assim vão poder triunfar nas próximas eleições, se negando inclusive a impulsionar o mínimo que seria um movimento para derrubar Bolsonaro, apesar que de palavra digam que é necessário isso. Absolutamente nunca apostam na mobilização dos trabalhadores e tem medo de que não a possam controlar.

Mas nada vai impedir que no Brasil também se expresse os novos ares mundiais de levante dos setores mais explorados e oprimidos. O povo trabalhador e pobre sabe que o direito a não morrer de covid, de fome ou das balas da polícia só pode ser arrancado pela luta. Sabe que é com a luta nas ruas e com a classe trabalhadora utilizando seus métodos que podemos superar essas burocracias e nos defender contra os ataques dos governantes e empresários.

Os mais organizados e sindicalizados podem cumprir um grande papel nessa aliança, lutando em defesa de plenos direitos para os precarizados, chamando os desempregados a lutar juntos por emprego e condições de existência digna, com um programa anticapitalista de resposta para a crise sanitária e econômica. Essa unidade de classe se desenvolvendo em uma grande Frente Única dos Trabalhadores é a única forma de responder aos ataques em curso.

A ação da classe trabalhadora a partir de sua própria auto-organização e de seus métodos, independentes dos atores do regime, essa é a lição do contundente movimento dos entregadores de ontem. Contra a precarização das condições de trabalho, por uma saída a crise sanitária, econômica e social, e pela derrubada do governo Bolsonaro e seu bloco com os militares somente a partir da ação da classe trabalhadora.




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