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"Brasil já está na 2ª onda de Covid-19”, diz pesquisador da Medicina-USP

Diversos profissionais e pesquisadores da área da saúde têm declarado como o aumento de casos de Covid-19 são alarmantes e exponenciais em todo o país. Enquanto isso, cada vez menos pessoas são testadas, crescendo a subnotificação, e a reabertura massiva de instituições segue sem planejamento seguro.

quinta-feira 19 de novembro de 2020 | Edição do dia

Foto: EPA/ANTONIO LACERDA

Nessa semana diversas entidades e analistas da área da saúde indicaram como o novo coronavírus voltou a se propagar intensamente na maioria dos estados brasileiros, aumentando a média nacional de casos e número diário de contaminados.

Na Europa e nos Estados Unidos já se tem anunciado e analisado a segunda onda da pandemia da Covid-19. Aqui no Brasil instituições da área da saúde começam a averiguar o aumento exponencial de casos que leva o país a começar a enfrentar também uma segunda onda, trazendo riscos para a população, superlotação de leitos de hospitais, problemas com a subnotificação, retorno às aulas presenciais em muitas escolas da rede privada, dentre outros temas.

O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Eduardo Lula, afirmou que o país está mais próximo de voltar a fechar atividades do comércio do que de ampliar o processo de reabertura como vinha fazendo especialmente neste segundo semestre de 2020. Segundo ele relatou em entrevista à rádio CBN, diversos estados apresentam taxas de ocupação dos leitos de enfermaria e de UTI “bem elevadas”, sendo preocupação nacional e não de determinadas regiões do Brasil.

O pesquisador Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, afirma que “o Brasil já está na segunda onda de Covid-19”. Sua afirmação se baseia na análise da evolução da taxa de reprodução (Rt) do coronavírus no país, indicando que a pandemia voltou a crescer.

O aumento se expressa na análise de um intervalo de 10 dias agora no mês de novembro. No dia 6 de novembro o número de novos casos totalizava 13.644, sendo que 10 dias depois, em 16 de novembro, nesta semana, a média móvel ficou em 28.425 novos casos, um aumento de 208%.

Diversos analistas e pesquisadores da área da saúde afirmam que o problema é que no Brasil não houve um real controle da pandemia, gerando quase que uma sobreposição entre as ondas de contágio. O problema da subnotificação está dentro deste problema. Segundo Domingos Alves, “desde meados de setembo, o problema da subnotificação vem se agravando, porque estão sendo feitos menos testes”.
Esse aumento tem se expressado bastante nas crianças, já que muitas delas voltaram a ter aulas presenciais nas redes privadas de ensino. Segundo o infectologista do Hospital privado Sabará, em São Paulo, Francisco Ivanildo Oliveira, os casos em crianças aumentaram 115% em apenas um mês.

Veja mais: Casos de COVID em crianças aumenta 115% em um hospital na cidade governada por Covas

Este dado confirma o que muitos profissionais da saúde têm apontado sobre como esse aumento de casos e nova onda de contágio da covid-19 é causado e está totalmente relacionados com os problemas da subnotificação, da falta de testagem em massa na população, da reabertura de comércio, escolas e demais instituições sem planos seguros e eficazes.

Se um hospital privado e infantil, como o Sabará na capital paulista, aponta como o número de internações aumentou exponencialmente, é possível prever e se preocupar com o que irá acontecer com o SUS diante dessa segunda onda de aumento de casos do coronavírus.

Os hospitais da rede pública de diversos estados e cidades do país já alertam sobre o aumento de casos confirmados e pessoas internadas em UTIs, já chamando atenção a diminuição de leitos disponíveis. Neste momento de eleições municipais, vemos diversos prefeitos, incluindo Bruno Covas da capital paulista, falando sobre a gestão e política que tiveram diante da pandemia no primeiro semestre. Essa situação de aumento de casos escancara o discurso demagógico e como são eles os responsáveis, juntamente com o governo negacionista de Bolsonaro, a colocarem a população em risco de contágio e vida.




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