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ASSASSINATOS DE AMBIENTALISTAS NO BRASIL | Brasil, bicampeão em assassinatos de ativistas de causas ambientais e ligadas à terra

O Brasil é bicampeão! Sim, pelo segundo ano consecutivo o país teve o maior número de assassinatos de ativistas de causa ambientais e ligadas à terra, segundo o levantamento realizado pela ONG britânica Global Witness – que averigua vínculos entre a exploração de recursos naturais e abusos dos direitos humanos a nível mundial.

sexta-feira 24 de junho de 2016 | Edição do dia

No levantamento, intitulado “En terreno peligroso” e divulgado no último dia 20, 50 dos 185 casos de assassinatos do período ocorreram no Brasil, que vem seguido por Filipinas (com 33 assassinatos) e Colômbia (26). A ONG acredita que este número é ainda maior, pois há dificuldades na obtenção destas informações, mas, com estes dados, constatou um aumento de 59% dos casos em relação aos dados do levantamento da mesma entidade, no ano de 2014. Ainda sobre os dados, a entidade relata a relação das mortes com a luta contra as atividades de mineração (42 mortes), o agronegócio (20), a exploração madeireira (15) e a implantação de projetos de hidrelétricas (15), calculando-se que 16 casos foram cometidos por grupos paramilitares, 13 pelo exército, 11 por policiais e 11 por segurança privada. Complementando os dados, destaca-se a vulnerabilidade dos povos originários, que são cerca de 40% das vítimas do período.

Em seu relatório, a ONG associa o aumento dos assassinatos com a demanda dos recursos naturais, sendo que estes são agora explorados em terrenos não antes usados para tal, além da impunidade dos assassinos em decorrência dos interesses comuns entre governantes e empresas. Assim, a entidade solicita providências dos governantes dos países listados, alegando que sem interferência destes os números de assassinatos serão cada vez maiores.

Essa análise simplista acaba por dar soluções e/ou cobra-las por dentro do sistema capitalista, sendo que este é o verdadeiro motivador dos assassinatos, já que os ativistas das causas ambientalistas ou ligadas à terra são vistos como barreira pelos donos de empresas ou industrias na manutenção da exploração dos recursos naturais de forma predatória. Essa forma de exploração é vantajosa para os grandes empresários e industriais, já que é a menos dispendiosa, ou seja, a depredação ambiental assegura uma menor despesa nesta fase da produção, garantindo lucro para estes burgueses que já usam da exploração da classe trabalhadora para garantir tal. Assim, para que cada burguês, nas diferentes etapas da produção, tenha mais lucro maior é a exploração e quem sofre com isso é, primeiramente, os povos originários e a população tradicional – depende da terra para sua subsistência, pois isso está relacionada com sua autodeterminação – e, em todas as etapas produtivas, a classe trabalhadora. Além disso, dizer que há um aumento da demanda dos recursos é providencial, já que esta ideia faz crer que necessitamos cada vez mais de produtos, sendo que o consumismo – ideia de que precisamos cada vez mais de coisas que nos fazem crer que precisamos – é conveniente para o aumento da produção e, como colocado anteriormente, para cada burguês obter mais lucro tem-se mais exploração, tanto ambiental quanto social.

Com este olhar percebemos que não adianta cobrarmos interferência governamental, pois estes, que deveriam representar o interesse da população, realmente governam em pró do interesse daqueles que possuem capital. Para que estes assassinatos não ocorram precisamos acabar com a sua real causa: o sistema! Somente uma produção planejada, de forma racional, sustentável e com o princípio de ver realmente a necessidade das pessoas (não o lucro de poucos) – em outras palavras: uma planificação da economia –, sendo controlada de forma centralizada por aqueles que realmente compreendem todas as etapas produtivas, pois participam destas – ou seja, a classe trabalhadora – para que não haja desperdício, escassez, abundancia e predação além de garantirmos produtos com maior durabilidade, maior proteção ambiental, poderemos garantir o modo de vida dos povos originários e das populações tradicionais (ou seja, sua autodeterminação).

Assim, precisamos lutar para que a classe trabalhadora tenha o real controle e decisão sobre a produção e tudo mais, pois esta somente esta poderá garantir a preservação ambiental, a produção sustentável, a autodeterminação dos povos. Com uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, como última experiência desta classe com este sistema explorador possamos julgar e punir os verdadeiros culpados pelos assassinatos destes ativistas e de tantos outros que sofrem com as mazelas causadas pelo sistema capitalista.




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