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VISITA OFICIAL DE BOLSONARO A TRUMP | Bolsonaro é um pilar da ofensiva recolonizadora dos EUA na América Latina

segunda-feira 18 de março de 2019 | Edição do dia

Aproveitando a visita do vassalo Bolsonaro a Trump, a Casa Branca exigirá do Brasil ações contra Cuba, Nicarágua e Venezuela – países que os Estados Unidos julgam fazer parte de uma "troika da tirania". Donald Trump também exige de Jair Bolsonaro ações contra o Irã e China, que é o maior parceiro comercial do Brasil.

"O Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, receberá na manhã desta segunda-feira na Casa Branca o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Na pauta dos homens fortes dos governos americano e brasileiro estarão Venezuela, Nicarágua, Cuba, China e Irã. A reunião, que terá a participação do assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, servirá como um preparatório para o encontro dos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro na terça-feira", informa a jornalista Jussara Soares, d’O Globo. "Na prática, os Estados Unidos querem o comprometimento do Brasil em ações efetivas contra Venezuela, Nicarágua e Cuba. O conselheiro de Segurança da Casa Branca classifica o trio como como a ’troika da tirania’ na América Latina."

Os EUA buscam retomar protagonismo político na América Latina, aproveitando o giro à direita vivido pela região desde 2015, com o fim de ciclo dos governos ditos "progressistas" ou "pós-neoliberais", que mantiveram certas ressalvas à política norte-americana, no marco de manterem a estrutura econômica da região subordinada e dependente do capital estrangeiro, inclusive dos EUA.

Para isso, Trump conta com a flexível coluna vertebral de Bolsonaro, Ernesto Araújo e os militares, representados na comitiva pelo general Augusto Heleno, que a despeito de certas divergências entre si, comungam da política unificada de sujeição aos EUA. Trump exigirá que o Brasil siga atuando em linha com seus objetivos político-ideológicos, e colaborando na ofensiva de recolonização da América Latina.

A principal operação nesse sentido é a ofensiva imperialista dos EUA sobre a Venezuela, em função de um golpe de Estado para a livre utilização do petróleo e dos minerais venezuelanos, ao mesmo tempo em que enfraquece a China, derrubando seu principal aliado latino-americano.

Capachismo de Bolsonaro na Venezuela

O objetivo dos Estados Unidos na Venezuela não tem nada a ver com a "defesa dos direitos humanos" ou da "democracia": apoiam-se num fantoche criado por Washington (Juan Guaidó) para apoderar-se do petróleo e dos recursos naturais venezuelanos, e converter a Venezuela num protetorado semicolonial norte-americano.

Jair Bolsonaro e seu governo fazem na questão venezuelana os gostos de Trump: atua fazendo provocações na fronteira com a Venezuela, causando incidentes para transformar o sofrimento dos venezuelanos em "espetáculo midiático", como pedem o assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, e Elliott Abrams, responsável por coordenar a ofensiva imperialista na Venezuela e responsável por crimes de guerra na Nicarágua e em toda a América Central na década de 1980. Junto com os direitistas Ivan Duque (presidente da Colômbia), Sebastián Piñera (presidente do Chile) e Mauricio Macri (presidente da Argentina), Bolsonaro encabeça o capachismo servil ao imperialismo norte-americano.

Hoje, Bolsonaro é o pilar para a intentona golpista dos EUA que aprofundará as condições de miséria dos trabalhadores, imposta pela política autoritária de Nicolás Maduro.

Esta cruzada do imperialismo, por sua vez, foi facilitada pelo próprio Maduro e o chavismo, cuja política autoritária não fez mais que aumentar a inclemente catástrofe econômica e social que se abate sobre os trabalhadores e o povo pobre da Venezuela, gerando escassez de alimentos e uma hiperinflação de mais de 1.000.000%, enquanto paga a dívida externa fraudulenta aos especuladores capitalistas. A política de Maduro é incapaz de frear a ofensiva da direita golpista alinhada aos EUA.

Logo depois de fracassadas as provocações dos EUA e seus capachos (Brasil e Colômbia) na fronteira venezuelana, em que os próprios caminhões que traziam a suposta "ajuda" foram queimados por seguidores da direita golpista, Juan Guaidó veio ao Brasil encontrar-se com Bolsonaro para exigir que este seguisse pressionando o governo Maduro, para influenciar a política de quebra das Forças Armadas.

Os próprios golpistas demonstram a hipocrisia do interesse pelos "direitos humanos", desnudando toda a fachada de uma das intervenções imperialistas mais descaradas desde a invasão do Panamá em 1990. Trump impôs novas sanções à petroleira estatal PDVSA e congelou os ativos venezuelanos depositados em outros países, o que agravará a situação de miséria da população. Bolton já afirmou que um dos objetivos da intervenção é permitir que as petroleiras estadunidenses possam operar essa matéria-prima diretamente. Guiadó propõe como programa de governo o "Plan País", que congela salários, privatiza os recursos naturais, entrega a PDVSA às multinacionais petrolíferas norte-americanas (Chevron, Exxon-Mobil) e segue o pagamento da fraudulenta dívida externa. Em que mundo medidas como essas podem remover a população venezuelana da situação de catástrofe econômica em que vive?

A situação é gravíssima, e exige uma resposta contundente dos povos trabalhadores da América Latina. Se triunfa um golpe de Estado na Venezuela, conduzido pelos Estados Unidos, todos os trabalhadores e a população pobre da América Latina serão afetados imediatamente. Os governos da direita e da extrema direita, como Bolsonaro no Brasil, sentirão fortaleza para aplicar os mais duros ajustes neoliberais contra os trabalhadores, sob a tutela de Trump. Aqui no Brasil, Sérgio Moro e os tenentes-procuradores da Lava Jato se sentirão encorajados para aplicar mais mão dura e repressão, nos moldes do criminoso pacote de medidas de Moro, que entre outras aberrações evoca a racista legislação penal norte-americana para conceder licença para matar aos policiais e incentivar execuções sumárias. O Grupo de Lima, que reúne as direitas do subcontinente, está discutindo saídas reacionárias na Venezuela que influenciem a implementação de ataques em cada um dos países.

Se, por outro lado, os trabalhadores venezuelanos, junto a seus irmãos de classe em toda a América Latina, repelem a tentativa de golpe de Estado norte-americano na Venezuela, podem-se gerar novas forças para enfrentar os governos direitistas em todo o subcontinente. Trata-se de uma batalha anti-imperialista e internacionalista de primeira ordem para os povos latino-americanos.

Veja aqui: Chamamos o PT e o PSOL a organizar um grande ato contra a intervenção imperialista na Venezuela

Repudiamos a visita de Bolsonaro a Trump e suas atividades servis para auxiliar a ofensiva recolonizadora dos EUA sobre a América Latina, em primeiro lugar com a tentativa de golpe de Estado na Venezuela. A tirania norte-americana e da extrema direita regional não pode ser alternativa para a classe trabalhadora e o povo pobre do subcontinente.




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