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O reacionário Bolsonaro (PP-RJ), conhecido por suas frases de ódio e preconceito contra mulheres, negros e LGBT, foi surpreendido durante entrevista na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Quando se dirigia ao encontro da bancada de seu partido, manifestantes e ativistas LGBT assopraram purpurina colorida sobre o parlamentar. Com gritos de "homofóbico", "fascista" e "racista", o deputado foi constrangido por suas posições contra direitos elementares para a população LGBT, e, vale lembrar, o Brasil é onde mais são assassinadas pessoas não-heterossexuais, transexuais e travestis.

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

quarta-feira 27 de janeiro de 2016 | 00:00

Purpurina é pouco

Se o orgulho das identidades trans e das sexualidades não heteronormativas se mantém vivo, é com muita resistência. Em menos de um mês de 2016, os assassinatos de pessoas trans são cotidianamente anunciados e já dobraram o número de dias, chegando ao trágico número de mais 50 mortes. Entre muitas delas, nem sequer o nome verdadeiro da vítima temos, apenas o nome guardado pelo Estado transfóbico que com sua imensa burocracia impede o reconhecimento das identidades trans. Sem direito à vida e também ao luto, segue a repressão policial nas esquinas e pontos de prostituição onde se encontram 90% da população de transexuais e travestis, uma vez que nem sequer o direito ao trabalho ainda foi conquistado. Purpurina é ainda pouco.

Bolsonaro é uma das figuras mais reacionárias e nojentas que o Brasil tem o desprazer de conhecer. É representante da burguesia que não tem medo de mostrar seu caráter opressor, anti-operário e anti-oprimidos. Já disse publicamente que só não estupraria uma deputada porque ela não merecia, se orgulha de o Brasil proibir a doação de sangue por pessoas LGBT e defende a "Cura Gay" junto ao Feliciano e os fundamentalistas. Faz coro com os racistas e diz que seus filhos "foram educados" e por isso não namorariam "pessoas de cor". É uma pessoa facilmente odiável, assim como Cunha e toda uma casta de políticos que só entram na política para enriquecer e fortalecer os empresários na exploração e na divisão da classe trabalhadora. Por isso, purpurina é ainda pouco.

Quando Levy Fidelix disse nos debates eleitorais de 2014 que as pessoas deviam se levantar contra os LGBT, incentivando abertamente as agressões, mutilações e assassinatos de LGBT, Bolsonaro também fez coro. Membro orgulhoso da ditadura militar, não abandonou os vocabulários de "invertidos", "imorais", "degenerados" para dizer daqueles que subvertem a sexualidade burguesa e lutam por sua emancipação. Bolsonaro, Feliciano, Levy e Cunha são todos inimigos da classe trabalhadora e dos oprimidos. Infelizmente, num país governado pelo PT há 13 anos tampouco se conquistou direitos elementares como a lei da Identidade de Gênero ou o aborto legal, seguro e gratuito, por isso purpurina ainda é pouco. Imagina se não fosse tão covarde e tivesse sido realmente progressista como se dizia e muitos acreditaram, mas o "mal menor" nem se pronunciou sobre o assassinato do Kaique, nem sobre a Verônica, muito menos defendeu que o Estado reconhecesse a homofobia e a transfobia como crimes. Purpurina é pouco para a resposta que precisamos dar. Se viemos de Stonewall, então que para defender nossas vidas, nossos direitos e nossa emancipação: é preciso muito mais que purpurina. Justamente por isso, o Levante Popular da Juventude que organizou este escracho e está do lado deste governo não pode ser consequente com o combate as opressões.

De todas as cores de que é pintada a bandeira LGBT, de todos os símbolos da luta pela liberdade sexual e pela livre construção da identidade de gênero, é preciso apontar uma perspectiva anticapitalista e revolucionária que contra cada homofóbico, machista e racista, que contra os políticos diretamente responsáveis pelos cortes e ataques aos oprimidos, contra a burguesia que através de seu Estado controla nossos corpos e mentes, é preciso nos organizarmos com independência e nos enfrentarmos. Não temos vergonha, nem medo: pelos nossos direitos, vamos por mais.




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