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FUTEBOL | Boicote à Globo leva a cancelamento arbitrário do "Atletiba"

As duas equipes fariam uma transmissão independente via internet, mas o monopólio da Rede Globo falou mais alto que o esporte.

segunda-feira 20 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Há muitos anos dentro do futebol se discute a questão do repasse de cotas de televisão e direitos de transmissão. Da mesma forma, há anos temos uma divisão extremamente desigual, em que Flamengo e Corinthians recebem os maiores valores, enquanto os times de menor expressão se deparam com valores irrisórios. Hoje, a grande responsável por esses repasses é a Rede Globo, que monopoliza os direitos de transmissão de praticamente todos os campeonatos que os times brasileiros disputam baseando-se no ibope, e financeiramente sendo um fator que divide as condições de desenvolvimento das equipes.

Neste domingo essa discussão voltou à tona no mundo do futebol com o cancelamento do clássico entre Atlético Paranaense e Coritiba, os dois times mais tradicionais do Paraná. As duas equipes, em boicote à rede Globo e questionando os baixos valores oferecidos pela emissora para os clubes, decidiram durante a última semana não vender os direitos do clássico para os globais. Definiram, em unidade, transmitir o jogo, válido pela quinta rodada do Campeonato Estadual gratuitamente pela internet, com acesso direto pelas páginas das duas equipes no Facebook. No entanto, a Federação Paranaense de Futebol mostrou seu lado arbitrário e orientou o juiz da partida a não iniciar o jogo enquanto ainda acontecesse a transmissão independente dos clubes. As duas agremiações não aceitaram encerrar suas transmissões via internet e, em entrevistas no campo, criticaram duramente a ação da Federação.

“Eu queria explicar pras duas torcidas que Atlético e Coritiba não venderam seus direitos por essa esmola que a RPC e a Rede Globo quis nos pagar. É um direito nosso. E hoje estamos fazendo uma transmissão gratuita pelo Facebook e pelo Youtube. A Federação Paranaense, de forma absurda, não quer que o jogo comece se não pararem o trabalho [de transmissão] do gramado. Nós não vamos parar! O Coritiba e Atlético Paranaense. Estamos juntos.”, explicou o diretor de marketing do Atlético Paranaense, Mauro Holzmann.

E como dito pelo dirigente paranaense, a transmissão não parou, e consequentemente a partida, marcada para começar às 17h, não aconteceu. Os jogadores das duas equipes, depois de retornarem aos vestiários, voltaram ao gramado após a decisão tomada, já quase uma hora depois para se despedir das torcidas, marcando sua unidade frente à postura arbitrária da Federação. As duas torcidas, que perderam a chance de assistir ao espetáculo, somaram seu apoio às duas equipes, esperaram quase uma hora entoando cantos contra a Rede Globo e a Federação, para antes de voltar para suas casas dar seu aplauso aos jogadores.

Esse episódio deixa muito claro quais são os interesses que gerem nosso esporte. Mostra que por trás da Federação não está o interesse da evolução esportiva, e sim de poder ter grandes negociatas por direitos de transmissão, como acontece há anos no futebol. De manter a desigualdade de repasses de televisão e, consequentemente, a gritante desigualdade que existe entre as equipes no futebol nacional, em muito garantida pelo monopólio que a Rede Globo impõe. Mostra que enquanto houver concessões privadas dos direitos de televisão, o que estará garantido será o lucro e os interesses das empresas, e não os interesses do esporte, dos jogadores, treinadores e funcionários, e muito menos dos torcedores.




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