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LESTE EUROPEU | Bielorrússia: Artista contra o regime de Lukachenko é espancado até a morte em delegacia

Na noite de quarta-feira, após ser preso em uma praça, Roman Bodarenko, de 31 anos, foi transferido da delegacia de Minsk para o hospital em uma emergência, sofrendo vários ferimentos e um traumatismo craniano, ao qual sucumbiu no outro dia. O jovem era um artista envolvido nos protestos nacionais contra o presidente eleito fraudulentamente.

segunda-feira 16 de novembro de 2020 | Edição do dia

Foi na “Praça das Mudanças”, em um pátio de construção no distrito norte de Minsk, que Roman Bodarenko foi preso na noite de quarta-feira. Um lugar que se tornou ponto emblemático da vida da revolta popular iniciada em 9 de agosto, adornado com quadros, símbolos e bandeiras contra o presidente reeleito por meio de fraude, Lukachenko, mas que é regularmente atacado por grupos fascistas ou policiais em traje civil. Segundo testemunhas naquela noite, o ativista interveio diante dos agressores, por quem foi violentamente espancado antes de ser preso por policiais à paisana, embarcado em uma van sem identificação e levado para a delegacia.

Na mesma noite, apenas 2 horas após sua prisão, ele foi transferido para um hospital de emergência em Minsk por "envenenamento por álcool", segundo as autoridades. Mas os médicos entrevistados pela mídia independente Tut.by negam essas afirmações e afirmam tê-lo recebido inconsciente, coberto de hematomas e sofrendo de danos cerebrais, antes de colocá-lo em coma artificial. A morte de Roman Bodarenko foi anunciada à família na quinta-feira à noite, às 20h. Em um vídeo, a irmã de Roman confirma que ele estava consciente antes do sequestro e acusa a polícia de tê-lo espancado na van.

A morte de Roman despertou comoção generalizada entre a população. Na mesma noite, dois dias antes da manifestação agora semanal contra o regime, ocorreram manifestações durante todo o o país para prestar homenagem a ele e denunciar a repressão assassina que enfrenta o movimento.

Enquanto o governo clamava pelo uso de armas letais para reprimir o movimento no mês passado, quando já era denunciado pela Federação Internacional de Direitos Humanos por usar "tortura generalizada e prisões arbitrárias de manifestantes pacíficos na Bielorrússia”, entre as milhares de detenções em cada manifestação, durante as quais centenas de pessoas foram vítimas de tortura, Roman seria hoje a sexta vítima a ter perdido a vida nas mãos da polícia bielorrussa desde agosto.

A reação espontânea e massiva da população na noite de quinta-feira à notícia da morte de Roman mostra que o movimento não está esgotado. Mais uma vez, neste fim de semana, dezenas de milhares de manifestantes marcharam nas ruas de todo o país para derrubar o governo, incluindo a mobilização de profissionais da saúde em frente aos hospitais em Minsk. Eles sofreram novamente uma nova onda de 800 prisões. Diante dessa repressão, é necessário que o movimento organize sua defesa nos locais de luta, ou seja, nos bairros onde ocorreram as prisões, mas também nas fábricas e nos comércios, para permitir reverter a correlação de forças, generalizar greves e assumir o controle do aparelho democrático do país, único meio de derrubar o regime de Lukachenko que não hesita em nada para conservar o poder.




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