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Tensões no Indo-Pacífico | Biden afirma que defenderá militarmente Taiwan se a China atacar a ilha

Pronunciamento foi dado durante uma conferência de imprensa no Japão e retratado mais tarde por funcionários do governo.

Nicolás DaneriEngenheiro Industrial | Docente UTN.BA | Pesquisador Conicet

terça-feira 24 de maio de 2022 | Edição do dia

Foto: EFE/EPA/NICOLAS DATICHE

O presidente dos EUA, Joe Biden, está em viagem pela Ásia com o objetivo de juntar aliados para enfrentar a China, o principal inimigo estratégico do país. No marco desse giro, durante uma conferência de imprensa uma jornalista perguntou se Biden defenderia militarmente Taiwan diante de um eventual ataque chinês. Biden respondeu que sim.

Você não queria se envolver militarmente no conflito da Ucrânia por razões óbvias. Está disposto a se envolver militarmente na defesa de Taiwan se a situação chegar?

Sim, é o compromisso que assumimos.

Pequim reagiu ao pronunciamento, acusando o presidente estadunidense de brincar com fogo, e pediram para que Biden “deixe de fazer declarações ou ações” que violem os princípios estabelecidos entre ambos países. Com isso, Pequim se refere à política de “uma só China”, posição oficial do executivo e do Partido Comunista Chinês, que é aderida oficialmente pelos EUA.

De acordo com esta posição, existe apenas uma entidade nacional chamada "China", sendo Taiwan, Hong Kong e Macau partes inseparáveis dela. Mas o governo considera Taiwan uma província separatista e está tentando restabelecer o controle sobre ela. Isso foi confirmado pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, que disse que "Taiwan é uma parte inalienável do território da China... não há espaço para compromissos ou concessões".

A hipótese de que Xi Jinping tentaria tomar a ilha pela força e estabelecer um governo aliado é antiga, mas se reatualiza à luz das atuais tensões internacionais decorrentes da guerra na Ucrânia.

Poucos minutos após as declarações de Biden, o Departamento de Estado já estava se retratando. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que a "política de uma só China" de Washington sobre Taiwan "não mudou".

E não é a primeira vez que funcionários dos EUA tiveram que corrigir seu presidente. Em março passado, Biden disse que "Vladmir Putin não pode permanecer no poder" e eles tiveram que sair e dizer que não estavam buscando uma mudança de regime.

A ideia de apoiar Taiwan contra o governo central chinês é apenas uma parte da estratégia dos EUA para tentar enfraquecer o regime do gigante asiático. Os Estados Unidos não mantêm oficialmente laços diplomáticos com Taiwan, mas vendem armas como parte de sua Lei de Relações com Taiwan, que estabelece que Washington forneça à ilha meios de se defender. Mas, ao mesmo tempo, mantém laços formais com a China e também reconhece diplomaticamente a política de Uma Só China.

Em janeiro de 2018, o então presidente Donald Trump abandonou a “guerra ao terrorismo” para passar a uma hipótese de “competição interestatal estratégica”, identificando China e Rússia como seus principais inimigos. Daquele momento em diante, democratas e republicanos não fizeram nada além de brigar para ver quem era “mais duro” contra a China, como se viu na campanha presidencial que Biden acabou vencendo.

Essa parece ser uma das poucas questões que unem o regime bipartidário ianque. A China deve ser contida, mesmo que não tenham acordo sobre como. porém, as ameaças de um imperialismo senil, representado incrivelmente bem em um idoso de quase 80 anos que às vezes também parece o estar, até agora não conseguiram conter o lento e paciente avanço chinês.

A verdade é que o curso da economia mundial está exacerbando as tensões geopolíticas e é muito provável que faíscas continuem a voar entre esses dois países.




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