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Abaixo aos ataques | Basta de atos isolados. UNE, CUT e CTB plano de lutas unificado já

A combinação entre o aumento da ofensiva golpista no discurso de Bolsonaro, contando até com desfile militar em Brasília no dia da votação do projeto do “voto impresso”, e os diversos ataques votados no Congresso Nacional, em apenas uma semana de volta do seu recesso, atualizam os novos acontecimento da crise política do país. Enquanto isso, as burocracias que dirigem diversos sindicatos e entidades estudantis pelo país seguem sem construir, coordenar e unificar as nossas lutas. Mantêm sua política de desmobilização, fazendo atos simbólicos, midiáticos e isolados, sem construir pela base a unidade entre estudantes e trabalhadores. É urgente um plano de lutas unificado, para através de nossa luta, derrubarmos os ataques, Bolsonaro, Mourão e os militares.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

quinta-feira 12 de agosto de 2021 | Edição do dia

Enquanto a fome volta à mesa das famílias brasileiras, batemos o recorde de desempregados e a crise pandêmica segue em curso, Bolsonaro e Mourão com a cumplicidade do Congresso Nacional, STF, CPI, militares, governadores e todas as instituições do golpe de 2016 nos assolam ainda mais na miséria com sua agenda neoliberal de ataques.

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Em apenas uma semana somaram-se diversos ataques em nossas contas como a aprovação da PL da grilagem que prevê maior desmatamento e perseguição aos povos originários com a regularização da ocupação de terras públicas; a aprovação da privatização do Correios na Câmara dos Deputados que é um profundo ataque aos trabalhadores, vendendo uma das mais importante empresas estatais do país para empresas imperialistas multimilionárias (Amazon, Uber, etc), significando uma maior precarização da vida e trabalho dos ecetistas, para além colocar milhares de trabalhadores na mira das demissões em massa.

Também, nesta terça-feira(10), foi aprovada a MP1045- uma continuação da MP936 - , que avança na precarização do trabalho, sobretudo da juventude, com retiradas de direitos trabalhistas elementares como o 13º, férias, FGTS e vínculo empregatício, além de prever para jornadas extenuantes de 12 horas diárias de trabalho para setores como os mineiros. Essa medida podre que mostra a política de morte que o capitalismo nos oferece.

É um cenário absurdo, porém que não ocorre sem a expressão de revolta da população frente a essa situação e rechaço ao governo, como se mostrou nas manifestações que aconteceram nos últimos meses em várias cidades pelo país. No entanto, viemos vendo, também, uma perda de tração e mobilização das mesmas. Esse é um elemento importantíssimo para pensarmos com qual estratégia derrubar Bolsonaro, Mourão, os militares e os ataques.

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A desmobilização dos atos não acontece do nada ou apenas por um “cansaço” das pessoas, a desmobilização e descontinuidade dos atos é uma política consciente das direções das organizações sindicais e estudantis e, principalmente, das Centrais Sindicais como a CUT (PT) e a CTB (PCdoB) de frear e dispersar a nossa luta. Essas mesmas direções não por acaso também dirigem, junto do Levante Popular, a maior entidade estudantil do país, a UNE.

A política dessas direções desde o início das mobilizações foi a mesma, construir atos descolados da base, ou seja, decisões sobre a nossa luta que passavam longe de ser debatidas amplamente com o conjunto dos trabalhadores e estudantes. Não são realizadas assembleias com direito à voz e voto para todos - o que é muito diferente de uma live como a feita pela Frente Povo na Rua, encabeçada pelo MES/Juntos/PSOL, PCB, UP. Muito menos foi construído um plano de lutas unificado dos trabalhadores, estudantes, mulheres, negros e lgbtqia+, para que nas ruas com um só punho seja possível varrer Bolsonaro, Mourão, todo o regime golpista e seus resquícios da ditadura militar de conjunto, e essa força que pode derrubar todos os ataques.

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Os atos que aconteceram ontem, 11, no dia do estudante expressam bastante essa política, eles foram bem esvaziados nacionalmente, porém foram sequer construídos desde a base pela UNE - a página oficial da UNE publicou sobre ele, os locais e horários apenas um dia antes. Frente a brutalidade desse governo, precisamos dar uma resposta à altura a tudo isso é um absurdo mobilizações assim um dia depois da votação da MP1045, que sequer foi um eixo central de combate da UNE e organizações do movimento estudantil, e um dia depois do desfile patético militar, porém que revive um passado de perseguição, assassinato e tortura à classe trabalhadora e a juventude. É urgente o combate frontal a essas ofensivas. E o dia 18 de agosto que as Centrais Sindicais estão convocando como um Dia Nacional de Mobilização com paralisação nacional dos serviços públicos, tendo como eixo a luta contra a Reforma Administrativa, precisa ser construído pela base e em aliança com os estudantes e oprimidos. Basta de atos isolados.

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A UNE, CUT e CTB precisam levantar um plano de lutas unificado já, pois, para além dele ser fundamental para organização de uma greve geral, que é um método de luta dos trabalhadores histórico e estratégico para apunhalar os lucros capitalistas, e seus governos, no peito, ele também possibilitaria a coordenação e unificação das lutas operárias que ocorrem hoje a nível nacional. Como é a greve de um mês dos 700 trabalhadores da MRV em Campinas que estão paralisados reivindicando seus direitos frente a situações precárias de trabalho.

É na força e luta desses trabalhadores que devemos nos inspirar. A nossa luta não pode ser desviada para dentro das instituições desse regime que nos atacam, essa política absurda levada a frente pelo PT de adaptação ao regime e conciliação de classes não nos levará a lugar nenhum, se não colecionar mais derrotas. A política das direções burocráticas, e que setores da esquerda acabam se adaptando, não passa de uma estratégia meramente eleitoral e extremamente equivocada, a nossa luta precisa ser no terreno da luta de classes em base a nossa auto organização (capaz de superar as burocracias) e não por dentro do Estado capitalista e opressor.

Para conseguirmos barrar todos os brutais ataques, as reformas (que estão engatilhadas), as privatizações e dar uma resposta profunda para a crise, nossa luta precisa ser massiva e nas ruas com base nessa unidade apontada, e não com a direita, pois ainda que alguns setores dessas instituições e atores políticos se coloquem contra Bolsonaro para lavar suas caras da responsabilidade da crise, seus projetos econômicos se provam os mesmos: atacar a classe trabalhadora e os mais oprimidos para garantir o lucro dos capitalistas.

Leia do Editorial MRT e Esquerda Diário:Militares desfilam por cima da fome e dos ataques: qual resposta nossa classe precisa dar?




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