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PRIVATIZAÇÃO | BNDES quer vender belezas naturais para a iniciativa privada

Com um discurso demagógico de “incentivar a preservação”, BNDES pretende entregar quase 100 parques naturais para a exploração turística até o fim de 2021, essas concessões podem significar inclusive a cobrança de tarifas em locais que são verdadeiras riquezas nacionais.

sábado 17 de outubro de 2020 | Edição do dia

Imagem: Gilberto Soares/MMA

O BNDES já vinha estudando modelos de concessão e chegou recentemente a cerca de 100 parques naturais entre gestões estaduais e federais para serem entregues de bandeja à iniciativa privada. O presidente do banco, Gustavo Montezano, defende de forma demagógica que a privatização dessas unidades é para incentivar a preservação ambiental para além de fomentar o turismo, e chegou a afirmar que se trata de uma baita oportunidade para o Brasil.

Em declaração, Montezano disse que: “É muito comum vermos a discussão (ambiental) sob a ótica do copo meio vazio, da pressão (internacional) e do estresse, mas o outro lado é muito mais valioso. Até que enfim o mundo está precificando, valorando e querendo remunerar ativos verdes”. Essa decisão conflui com a postura do governo Bolsonaro frente a pauta ambiental, que incentiva a exploração do agronegócio e faz vista grossa frente ao aumento escandaloso das queimadas na Amazônia e no Pantanal.

Os primeiros locais a serem entregues para a privatização são os os parques nacionais do Iguaçu (PR), de Jericoacora (CE) e os Lençóis Maranhenses (MA), que já estão inclusos no Plano Nacional de Desestatização, um grande ataque orquestrado pelo governo nacional para avançar na perspectiva privatista de Paulo Guedes e Bolsonaro.

Segundo o superintendente de Governo e Relacionamento Institucional do BNDES, Pedro Bruno Barros de Souza, o turismo seria aindo pouco explorado no país, o superintendente ainda afirmou que a iniciativa pode ser uma boa forma para atrair empresas que estejam querendo recuperar suas reputações, ele falou de forma elogiosa dos novos critérios ASG (ambientais, sociais e de governança), como uma boa forma de conseguir investimentos de cunho social e ambiental no país. Montezano chegou a falar que é preciso avançar com o debate de “finanças verdes” no país

A postura de ambos os representantes é de defesa do “capitalismo verde”, uma vez que as empresas “poderão” atuar de forma auxiliar na fiscalização dos crimes ambientais e que um dos recursos seria a utilização de vendas de créditos de carbono, entretanto a privatização, segundo eles mesmos, abrirá possibilidade de exploração “sustentável” de recursos como madeira, frutas e castanhas, além disso a privatização desses parques nacionais pode abrir margem para a cobrança de tarifas para potencializar o lucro com a exploração turística nesses locais.

Enquanto o governo nacional avança na rifa de parques nacionais para a exploração da iniciativa privada sob uma demagogia de preocupação ambiental, o mesmo governo defende absurdos sobre as queimadas, desde negar sua existência como responsabilizar os povos originários por elas, quando na verdade são outra via pela qual as empresas privadas avançam nos recursos naturais do país, abrindo campos desmatados para a prática da agropecuária pelos grandes latifundiários, historicamente responsáveis pela destruição de reservas indígenas e quilombolas e pela perseguição e assassinato desses povos, além da constante prática de exploração de mão de obra sob regimes análogos a escravidão.

As empresas que “mancham” suas imagens com a prática de uma exploração predatória, são as mesas que mais tarde buscam “melhorar a reputação” em iniciativas “verdes”, que nada mais são do que uma forma de exploração mascarada de sustentável, mas que buscam também a exploração dos mesmos recursos naturais com o objetivo do lucro.O argumento da preservação não justifica a venda dessas unidades pois se fosse esse o interesse do governo, ele mesmo estaria com seus próprios recursos, combatendo os crimes ambientais e os desflorestamentos.

Não existe sustentabilidade no capitalismo, um sistema responsáveis por enormes catástrofes ambientais em nome do lucro. Só nos últimos anos foram inúmeras as tragédias capitalistas que causaram danos irreparáveis como a morte do Rio Doce por responsabilidade da Valle, que também vitimou centenas de trabalhadores e famílias locais, a destruição recorde no último mês de boa parte do Pantanal, assim como inúmeros outros exemplos de que um dos sentidos de existência desse sistema é a exploração predatória dos recursos naturais. O capitalismo destrói o meio ambiente, destruamos o capitalismo!




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